Por Zezinho de Caetés
Eu estou acompanhando a política brasileira. Isto além de ser minha obrigação como cidadão, torna-se também um prazer por poder participar escrevendo sobre ela. Digo prazer, mas, deveria dizer emoção, que são às vezes boas, porém, podem ser muito ruins.
Uma das emoções ruins que tive nos últimos dias foi com o senador Demóstenes Torres. Eu confesso que o admirava pela sua ideologia política, que ele praticava com inteligência, fazendo do liberalismo uma bandeira limpa da que tanto precisa nosso país. Eis que um belo dia ele começou a querer se comunicar demais com um meliante do nível de um Cachoeira, que já era mais sujo do que pau de galinheiro. E deu no que deu.
Eu vi e ouvi sua defesa no senado, por ter recebido um presentinho do bandido, dizendo que, além de bandido ele era seu amigo e que, bandido é bandido mais geladeiras e fogões devem ser à parte. Ali, juntando com os 300 telefonemas trocados, eu já comecei a ficar inquieto. É certo que ninguém tem uma estrela na testa dizendo: eu sou bandido (embora dizem que a estrela do PT já denuncia isto), e minha geladeira é “quente”. No entanto, para uma pessoa que já exerceu as funções que o senador exerceu, foi muita inexperiência, pedir dinheiro emprestado a uma tal figura.
E agora, os liberais perderam uma voz no congresso e que precisa ser recuperada, mas, tendo um substituto, que além da ética, zele melhor pelas suas amizades.
Todavia, não foi para falar desta emoção ruim que senti que fez escrever. Esta eu senti, vinda do outro lado, do desbragado intervencionismo estatal na economia, que está nos fazendo perder todos os fundamentos econômicos que construímos por décadas, e do qual este governo da presidenta anda cada dia mais impregnado.
No governo Lula ainda tínhamos a alegria de ver estes fundamentos intactos no seu primeiro mandato, mas, começaram a ruir no segundo e está nos estertores no governo da presidenta. Todos podem pensar que foi por ela mudar a forma de agir, levando o país a ficar paralisado e a mercê do estado patrão. Mas, não foi assim. Simplesmente ela não fez nada até agora, a não ser tapar os furos deixados por Lula, num ministério caótico.
E o pior de tudo é que as mudanças ministeriais, passam longe de serem mudanças. Houve apenas troca de seis por meia dúzia. Agora a crise chega à sua própria base aliada, o congresso parou e ela viaja junto com o vice-presidente. Pelo menos vemos um aspecto bom nesta viagem, que é o Brasil não correr mais riscos de golpes tão comuns no passado idiota de nossa América-Latina.
Mas, eu os deixo com um texto do J. R. Guzzo, saído na revista Veja desta semana e com o sugestivo título ‘Em busca do nada’ onde procura alguma realização no governo da presidenta. Vejam se ele achou, e eu nem volto mais, pois vou procurar o que o PT fez pelo Recife nos últimos 12 anos, e isto é fácil de encontrar, basta sair a rua desatento e sumir num buraco da rua.
“A palavra provavelmente mais correta para descrever a maior parte das atividades do governo brasileiro hoje em dia, em português comum, seria “farsa”. Mas é melhor, por prudência e pela cortesia com que se devem tratar nossas altas autoridades em geral, utilizar alguma coisa mais leve ─ “ficção”, talvez, é o termo que se aconselha, já que não pode ser entendido como ofensa (Deus nos livre de uma coisa dessas), e ao mesmo tempo serve para resumir com bastante clareza a atual conduta do superior comando da nação.
Entre as paredes do caixote de concreto e vidro em que funciona o Palácio do Planalto, é fabricada todos os dias a impressão de que ali se vive numa colmeia de trabalho sem descanso e de operosidade sem precedentes; segundo essa visão, apresentada como fato praticamente indiscutível na propaganda oficial, ainda não foi criado no Brasil o problema que as prodigiosas qualidades de gerência atribuídas à presidente Dilma Rousseff tenham deixado sem solução. Mas um metro para fora do Palácio, na vida real que começa na rua, o mundo dos fatos, indiferente ao que se diz do lado de dentro, mostra o contrário: nada do que o governo manda resolver, ou quase nada, consegue ser resolvido.
Falta de tempo para mostrar serviço de verdade, do tipo que pode ser visto e comprovado, com certeza não é. Já faz mais de nove anos que a presidente Dilma está dentro do governo, no qual dá expediente desde o primeiro dia de mandato de seu antecessor ─ com a função, justamente, de ser a tocadora de obras número 1 da República. Alguma coisa de porte, a esta altura, já tinha de ter aparecido. Mas não aparece.
Tão inúteis quanto a passagem do tempo ou os oceanos de dinheiro que o poder público tem para gastar vêm sendo as demissões em série na equipe ministerial. Em pouco mais de um ano de governo Dilma, já foram para a rua doze ministros, mais os lideres no Senado e na Câmara ─ todos nomeados por ela mesma, é verdade, incluindo-se aí alguns dos mais notórios candidatos a morte súbita que já passaram por um ministério na história deste país. Os resultados disso, pelo que se viu até agora, foram nulos. As demissões, sem dúvida, mostram que a presidente está disposta a valer-se de sua posição no topo da cadeia alimentar de Brasília ─ pode mandar qualquer um embora, e não pode ser mandada embora por ninguém.
O problema, tristemente, é que o exercício repetido de toda essa autoridade não tem sido capaz de gerar nenhum efeito útil para a vida prática do país e do cidadão. Seja porque Dilma está substituindo tão mal quanto nomeou, seja porque os novos ministros vivem paralisados pelo medo de perder o seu emprego, o fato é que nenhuma de todas as trocas feitas até agora resultou num único metro a mais de estrada asfaltada, ou num poste de luz, ou em qualquer coisa que preste.
O que certamente não falta, nesse deserto de resultados, é a construção de miragens. Empreiteiras de obras públicas, por exemplo, fazem aparecer na imprensa fotos da presidente em cima de um carrinho de trem, cercada por um alarmante cordão de puxadores de palmas, numa visita de inspeção à Ferrovia Norte-Sul. Uns tantos minutos depois, todos voltam a seu carro oficial ou helicóptero e deixam para trás a realidade.
A Ferrovia Transnordestina, por exemplo, com 1700 quilômetros de extensão, foi iniciada em 2006 e deveria ter sido entregue em 2010; já estamos em 2012, o custo de 4,5 bilhões de reais pulou para quase 7 bilhões e tudo o que se conseguiu construir, até agora, foram 10% do percurso. O petroleiro João Cândido, que começou a ser construído quatro anos atrás para a Petrobras em Pernambuco, e foi lançado ao mar em 2010 pelo ex-presidente Lula como um prodígio da nova indústria naval brasileira, voltou a terra firme logo após a cerimônia; continua lá até hoje. Entre as mais espetaculares obras do PAC, com todos os seus bilhões em investimentos, inclui-se o “trem-bala” ─ mas a única coisa que se pode dizer com certeza sobre o “trem-bala”, até agora, é que ele não existe.
A presidente Dilma, que sabe muito bem o que é inépcia, tenta há nove anos achar o caminho de saída desse vale de lágrimas; pode continuar tentando pelos próximos cinquenta e não vai encontrar nada. Não vai encontrar porque procura no lugar errado; imagina que a solução está em criar mais repartições públicas, mais regras, mais controles, mais programas e mais tudo o que faça um “estado forte”. É o tipo de ideia que encanta a presidente. Nunca deu certo até hoje. Mas ela continua convencida de que um dia ainda vai dar.”
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