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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

"Aquela doença" do Lula da Silva




Por Zé Carlos

Eu, como sempre o faço, tanto pelo dever, quase só meu, de construir a nossa página “Deu nos Blogs”, quanto mesmo por gosto, leio sempre o Blog da Lucinha Peixoto. Ela publicou uma postagem sobre a doença que acometeu o nosso ex-presidente Lula da Silva da qual eu gostei muito. Mesmo não sendo tão engajado politicamente quanto o é a Lucinha, eu acompanho os seus textos, mantendo minha posição de “político aristotélico”.

Sobre estas adjetivas palavras eu até recebi um e-mail de um amigo que não havia atinado porque eu me considerava assim. Eu aproveito o ensejo para explicar, pois talvez existam leitores meus que também tenham a mesma dúvida. Não há nenhuma teoria política, nem científica, nem filosófica por trás disto. É que talvez uma das minhas primeiras aquisições de conhecimento político, quando estudava Doutrina Social da Igreja com o Frei Romeu Peréia no Ginásio Pernambucano, foi saber de um dito atribuído ao filósofo grego Aristóteles em que ele dizia que “o homem é um animal político”. Interpretando eu, desde então, que isto quer dizer que mesmo que não queiramos, o nosso dia a dia está eivado de política por todos os lados.

Na família, com os amigos, com os colegas de trabalho, com o povo da rua e até com os políticos profissionais, mesmo quem não imagina que está fazendo política, o está. O poder faz parte de nossa atividade todo o tempo, e em nossas relações sociais mais simples estamos sempre lidando com ele. É isto que significa eu dizer que sou um “político aristotélico”. Embora o apelido não me priva de ser até mais do que isto certas horas, mas me dá o direito de escrever e me expressar sem muito estresse com os políticos que fizeram da atividade uma profissão, muitas vezes tão nobre e muitas vezes tão rendosa.

Lucinha Peixoto, pelo que leio dela, vai além desta simples noção de política, e nisso ela me deixa muito prá trás no mister. Mas, o que me chamou a atenção para seu artigo foi um simples parágrafo que aqui transcrevo e que pode ser visto no original clicando aqui.

Como cristã que sou, jamais eu desejaria que a garganta do Lula, mesmo tendo dito tantas besteiras, tivesse sofrido tanto ao ponto de criar um câncer. Eu hoje falo com muita facilidade esta palavra, mas, quando me lembro da minha infância em Bom Conselho, se os de minha geração lembrarem bem, ninguém nunca morreu lá de câncer. Isto porque, esta doença era tão mal vista, que ao acreditar que ela era apanágio daqueles que mereciam castigo, ninguém falava nem que morreu dela.

Eu talvez não seja tão cristão ou religioso igual a ela, e o que me tocou foi a correção e precisão dela quando fala do preconceito que se tinha com esta doença lá em Bom Conselho. E não era só o câncer e sim também a tuberculose. Eu lembro que minha mãe até evitava pronunciar a palavra “câncer”, dizendo que fulano o sicrano morrera com “aquela doença”. Velhos tempos e não tão belos dias aqueles.

Isto acontecia por um motivo muito simples. Todos, sábios e não sábios, sabiam que para o câncer não havia cura. Se alguém era pego por ele, isto era uma sentença de morte, dada por ninguém mais do que Deus,  e como Lucinha diz, ela era interpretada como o pagamento por coisas ruins cometidas. Tudo era envolto num véu de preconceito e ignorância típica de nossa época no século passado. Até mesmo a tuberculose era assim também vista, como o fora o cólera, a bexiga, a peste e outros males de outrora.

Estes eram os fatos externos. Vou além deles, ou mesmo aquém, falando dos fatos internos á mim mesmo. Sou filho desta época e filho de meus pais. Já convivera com meu pai que era cego por falta dos avanços da medicina, e com quem aprendi a conviver como se nenhum defeito tivesse. Cegueira não matava,  como o fazia o câncer, a tuberculose, e até, segundo dizem, a burrice, que graças a Deus em minha família ninguém nunca contraiu, com minha possível exceção, e sei que não é não é genético.

Eis que um dia, muito feio para minha família, depois de muita peleja para que minha mãe fosse ao médico, ela teve diagnosticado um câncer. Mesmo sem ela saber de nada, para todos nós foi um imenso horror, do qual eu participei sozinho, pois nesta época já estava longe, tentando ganhar a vida. O que sei é mais a descrição dos meus familiares e mesmo de minha imaginação ao pensar na reação de alguém que tinha medo até de falar o nome de uma doença, e agora se vê com ela. Só aí eu posso imaginar que o sofrimento pode ser maior ou menor de acordo com o que conhecemos, de acordo com aquilo de que somos informados.

Pelo nível de informação eu sofri muito menos do que alguns familiares e do que minha mãe, com absoluta certeza. Eu já sabia que “aquela doença”, como minha mãe falava, já não era o bicho papão de antigamente. Já havia cura para ela e era só uma questão de tempo para que minha mãe dela se livrasse, e assim o foi. A grande questão era convencer minha mãe a fazer o que tinha que ser feito. E graças a Deus pudemos fazê-lo, como o Lula da Silva hoje pode. Mas, foi levantado um ponto pela Lucinha que também ainda me assusta. Quantos podem? Quantas pessoas hoje ainda tem o câncer como “aquela doença” porque sabem que se forem dela uma vítima, estarão condenadas?

Eu acrescentaria, além do aspecto de saúde, o fator ligado à educação e à informação que levaram minha mãe e tantos outros a um sofrimento maior do que o necessário. Eu,  sem querer me gabar, pois alguns podem até pensar que agora eu esteja me comparando ao nosso ex-presidente, já tive dois cânceres (que palavra estranha!), ao ponto de não chamá-los mais de “aquela doença”, e já os curei devidamente. Alguém já disse que eu já estou “bom prá outro”, brincando comigo e aproveitando minha  situação de bem informado e sabendo que eu sofri muito menos do que minha mãe, que só teve um.

Desejo que o Lula da Silva, que já sofreu muito menos hoje com a notícia, pelo seu grau de informação, sendo um político influente, saia bem dessa ao ponto de pensar que tanto Educação quanto Saúde devem ser uma preocupação mais permanente do setor público do que o que se come durante o dia. Sem querer exagerar e ir além de minhas pernas políticas, eu diria que uma boa escola e um bom posto de saúde são melhores do que uma bolsa qualquer, se as três não puderem ser dadas todas, pela nossa escassez de meios.

2 comentários:

  1. QUANDO SADIO, O LULA BATEU O PÉ, TEIMOU E TEIMOU EM AFIRMAR QUE “NÃO SABIA DE NADA”. HOJE ENFERMO, AGORA SABENDO, E COMO UM TEIMOSO INVETERADO E RENITENTE, VAI BRADAR PELOS QUATRO CANTOS E BATER O PÉ AFIRMANDO MUITAS E MUITAS VEZES QUE VAI SE CURAR E NÃO ABRE MÃO DESSA SUA CERTEZA ABSOLUTA E INABALÁVEL. O LULA TEM MUITOS MOTIVOS E FÉ PARA FAZER TAL AFIRMAÇÃO. AFINAL DE CONTA, VIVEU O DIA- A-DIA COM A FIGURA DE JOSÉ DE ALECAR QUE FALAVA COSTUMEIRAMENTE: “O homem deve viver preparado para morrer a qualquer instante, e deve proceder como se não fosse morrer nunca”. EU MESMO, PARTICULARMENTE, TORÇO ABERTAMENTE PARA O LULA CURAR-SE DESSA DOENÇA O MAIS BREVE POSSÍVEL. JÁ PENSOU, EU NÃO MAIS PODER CHAMÁ-LO DE SEBOSO DE CAETÉS!!!

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  2. Ok, Zé!

    Muito obrigado pelo toque acerca da margem de erro da pesquisa publicada lá no Agenda Garanhuns.

    Por descuido, havia esquecido de colocar. Mas já pus.

    Obrigado,
    abraço.

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