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terça-feira, 11 de outubro de 2011

Testemunhos do Vovô Zé - O leitor

Davi, lendo seu jornal favorito



Por Zé Carlos

Semana passada meus netos, Miguel e Davi e seus pais vieram me visitar. Mesmo antes da visita, só pelo anúncio da mãe de que, provavelmente, eles “estariam na área”, minha farra e da avó já começa. Arruma coisa aqui, compra coisa acolá, faz comida tal e prepara brinquedo qual. É quase uma semana de festa. Vindo eles agora mais amiúde, vivo em festa permanente.

Mesmo quando quero falar mal de minha atividade blogueira, ainda recente e vendo se se cria, não posso fazê-lo. Ela me permite, ao lado de coisas e situações chatas que enfrento nesta área, escrever, de vez em quando, sobre minhas atividades “avosísticas”. E há ainda que encarar os idiotas da objetividade que dizem: “Mas, ninguém lê!”. Oh, homens de pouca fé e muito menos sensibilidade, quem disse que avô escreve sobre os netos para ser lido?

Avô escreve para lembrar dos netos, para não perdê-los da memória, para aguçar os neurônios, para se sentir bem, com tanta alegria que parecem aquelas atividades que antes fazíamos e hoje não podemos fazer, como por exemplo, entre outras, sair de casa correndo pela Rua da Cadeia, adentrar o quadro e ir comprar uma figurinha na barraca do seu Belon. Prazer indescritível. O fato de ser lido, ou não, se torna pouco importante.

Atualmente, a primeira atividade do mais velho é pedir para ir ao Parque da Jaqueira. Virou atividade obrigatória e salutar. Para mim então, que hoje só me locomovo dentro dos quatro muros do meu prédio, com medo de assalto, nestas horas corro qualquer risco. E lá vai eu atrás do meu neto em sua bicicleta. Quando ele encontra outra criança fazendo a mesma coisa, seu instinto competidor se aguça, suas pernas se movimentam na velocidade da luz e o Vovô Zé quase sempre fica para trás, na corrida.

O outro mais novo ainda só corre atrás do peito da mãe. E se há algo que eu possa dizer que houve realmente uma grande avanço em nossa sociedade, é a valorização que hoje se dar à amamentação. Para quem, como eu, viveu numa época onde se formavam multidões defronte as lojas que vendiam televisores, para ver um comercial dos sutiãs De Millus lá pela Rua Nova, ou mesmo pior, em Bom Conselho, onde, além de não haver o hábito da amamentação, a mulher mostrar um peito era sinônimo de lascívia, hoje avançamos muito. As mães, estejam onde estiverem, faça chuva ou faça sol, se os meninos choram os meninos mamam, e o Miguel mama muiiiiito. E pensar que, lá em casa, quando éramos bebês, fomos alimentados com Arrozina ou Farroz. Era chique.

Depois de mil brinquedos, mil mamadas e meu aspecto já bastante ofegante, voltamos para casa. Eu já sem energia nenhuma e o Davi com a corda ainda no início. Foi para piscina e haja tibungos. Ele não para de jeito nenhum. Minto, para ver o Shrek de Natal na televisão, ele para. Como e dorme. Quando chega à noite está aceso até quase ás 9 horas e vai dormir no quarto do Vovô Zé.

Mas, nem tudo são flores na atividade “avosística”. Também pudera, não estamos no paraíso. Devido talvez a água fria da piscina, o Davi à noite pôs-se a tossir e vomitou. Eu e a avó voltamos à época de pais, mas um pouco fora de forma e ficamos quase sem rumos. Talvez ele vendo que estávamos apalermados e esquecidos de como lidar com aquela situação, bradou: “Eu quero mainha!” Eu me senti humilhado mas, conformado. Aquela já não era mais a área do Vovô Zé. Não sei se a mãe não tivesse no quarto ao lado se eu teria força para voltar a ser pai e enfrentar uma situação adversa em termos de saúde em relação a um neto. Mesmo assim, quando a mãe chegou, eu tentei mostrar que eu ainda podia ser aquele que enfrentava seus catarros, tosses, febres e choros, como um pai deve fazê-lo. Como sei que nem ela lê estas coisas que escrevo, eu posso dizer que fiquei inseguro, mas, a avó não. Ainda bem.

Porém, eu comecei a escrever  quando coloquei o olho na foto que ilustra este escrito. Se eu tiver algum leitor, levante a vista e veja a pose do Davi lendo seu jornal preferido, e diga se eu não estou certo que todo avô deveria ter um blog para escrever sobre situações como estas! Alguns, os mesmo idiotas da objetividade, vão dizer que ele não está lendo só está olhando. Pois fiquem sabendo que ele está lendo sim, e depois disto foi fazer sua tarefa escolar, a que chamávamos “dever de casa”, cujo tema era: “Cole figuras que comecem com a letrinha “o””. Depois de muitas revistas e jornais recortados, ele veio me mostrar a tarefa prontinha, onde havia óculos, ovos, oito, orelha, olho e outros, tudo certinho, e ainda dizem que ele não lê.

Mesmo que não haja um leitor para meus testemunhos agora, eu tenho certeza que em breve meus netos já estarão me lendo e fazendo a tarefinha com duas vogais, pregando em seus cadernos figuras e retratos de pessoas que começam com as letrinhas “i” e “o”, ou “idiotas da objetividade”.

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