“A máscara de Lula cai de novo
Por José Nêumanne
Lula foi poupado pelo simpatizante Joaquim Barbosa, relator
do chamado mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), pela presunção de que
não poderia responder por crimes de subordinados, por não ser diretamente
responsável por suas nomeações. A Ação Penal 470 condenou apenas bagrinhos sem
mandato e poupou chefões políticos das próprias penas após indulto da
companheira “presidenta” Dilma Rousseff e do perdão subsequente da maioria dos
ministros da dita Suprema Corte.
Citado em delações premiadas de corruptores e corruptos de
vários escalões, o ex-presidente foi condenado em três instâncias por nove a
zero e confinado numa sala de hospedagem de agentes da Polícia Federal em
Curitiba, até ser liberado dessa privação por seis dos 11 ministros do STF.
Desde sempre insistiu, e o faz até hoje – mais preso no próprio apartamento
luxuoso de São Bernardo do Campo do que na sala de estado-maior, o chefão dos três
mandatos e meio dele próprio e do poste Dilma, que elegeu e reelegeu –, em se
dizer inocente. Para tanto recorre ao artifício da presunção de inocência, que
perdeu na condenação em segunda instância, depois resgatada pelos amigões das
altas instâncias judiciais, e da perseguição política dos inimigos do povo,
atribuindo-se a condição de “mais honesto do Brasil”. As investigações da
Operação Lava Jato, chefiadas pelo procurador Deltan Dallagnol, e as
condenações do ex-juiz Sergio Moro e de sua substituta eventual, Gabriela
Hardt, foram jogadas no lixo da mixórdia dos entulhos ideológicos do socialismo
de rapina.
A abundância de provas conseguidas por pistas obtidas por
ex-executivos das empreiteiras, da petroleira estatal e do Legislativo, que
delataram comparsas e chefes em troca de alívio de pena, não abalou a férrea
convicção de seus devotos domésticos e de além fronteiras. Mas a história
implacável não se cansa de produzir mais evidências, apesar de sua liberdade,
de que não se aproveita pela reação popular a seu evidente cinismo e pelo
ressurgimento de fatos que o fanatismo não logra enterrar.
Para desmascarar Lula, seus acólitos e seus falsos
opositores remunerados pelo propinoduto comum se deparam agora com uma
reportagem investigativa que desenterra os primórdios do maior escândalo de
corrupção de todos os tempos no Brasil. A mesma revista Piauí, insuspeita de
culto ao fascismo, a cujos arreganhos o PT atribui a perseguição ao sacerdote
supremo de sua seita, que perdoa o furto da poupança popular pelas pretensas
vantagens usufruídas pelo povo em suas gestões, volta à tona para esclarecer de
vez a composição química do veneno das ratazanas da República.
Antes da atuação da Operação Lava Jato, a repórter Consuelo
Dieguez havia partido do desabafo do chefão do PCdoB da Bahia Haroldo Lima
narrando as votações do Conselho da Petrobrás que deram início ao assalto aos
cofres da petroleira estatal (Petróleo depois da festa, de 2012). Mesmo um
leitor leigo como o autor destas linhas detectou naquele texto profético o
ácido que levou a enormes prejuízos produzidos pela compra mais que onerosa da
refinaria “ruivinha” da Astra Oil e pelo acordo com acionistas americanos para
remunerar seus prejuízos bilionários provocados pela corrupção.
A edição nas bancas da mesma Piauí presenteia os leitores
com texto de Malu Gaspar narrando em detalhes a anabolização da
sobrevalorização dos contratos da Petrobrás e de outras fontes de despesas
públicas ao longo dos dois desgovernos de Lula e do um e meio de sua poste.
Conforme o relato, o ex-governador paulista Mário Covas, que conhecera Lula
quando ambos atuavam em favor da candidatura ao Senado de Fernando Henrique
pelo MDB, apresentou-o ao patriarca da Odebrecht, Emílio. Essa seria a
oportunidade que o magnata baiano teria para fugir de uma situação próxima da
bancarrota da empresa que herdara do pai, Norberto. Manifestada à época em que
PT e PSDB fingiam ser adversários (e até inimigos), essa cordialidade figura na
pré-história da aliança secreta que tornaria os tucanos beneficiários de
propinas distribuídas fartamente entre aliados, como PMDB, PP, PCdoB, PSB e
muitos outros.
A narrativa prossegue com a remoção de adversários do
empenho do PT em quebrar a Petrobrás para salvar o patrimônio da família do
“amigo do meu pai”, como tentou um antigo executivo da petroleira, Rodrigo
Manso, substituído por Paulo Roberto Costa, espécie de delator premiado símbolo
da devassa da Lava Jato.
Conforme o relato da Piauí, este foi introduzido no roteiro
pelo deputado paranaense José Janene, do PP de Paulo Maluf, que morreu no
transcurso da devassa, mas deixou indelével sua marca registrada. Quem o
introduziu nas tratativas foi José Dirceu, que não foi perdoado pelo STF, assim
como Pedro Corrêa, por terem delinquido, cumprindo pena na Papuda. Dirceu hoje
goza os benefícios patrocinados pelo presidente do STF, Dias Toffoli, empregado
da vida toda do PT e, segundo Marcelo, filho de Emílio, cognominado “amigo do
amigo de meu pai” no propinoduto.
A mesma reportagem registra o emprego do ex-sindicalista
Frei Chico, irmão do papa do PT, de assessor para desmobilizar greves, do que
Lula foi acusado por Emílio em delação premiada. E também a adoção desavergonhada
da propina, por decisão de um lobista da Odebrecht, Márcio Faria, ao autorizar
pagamento de R$ 8 milhões “não contabilizados” a Pedro Barusco, gerente da área
de Renato Duque, tido como homem de Dirceu na diretoria da Petrobrás e falso
“durão”, como mais tarde o comprovaria a Lava Jato.
A história é absurda e porca. É a milésima vez que falsos
heróis do povo, como Lula e Dirceu, são desmascarados em relatos históricos
isentos, que põem por terra versões fantasiosas cretinas, como as postas em circulação
pela Vaza Jato do ianque Glenn Greenwald, a serviço do PT. Mas dificilmente
produzirá os punitivos efeitos necessários. Infelizmente.”
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