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sexta-feira, 15 de abril de 2016

Tchau, querida!




Por Zezinho de Caetés

Confesso que não aguentei ficar até o fim do julgamento, pelo STF, do mandato de segurança impetrado pelo JECa, como é conhecido o nosso ex-ministro da justiça, José Eduardo Cardoso, pedindo para cancelar a votação do impeachment da presidenta no próximo domingo. Vali-me então da nossa imprensa, hoje pela amanhã para ficar mais otimista ainda com os destinos do país.

Porque, agora, tenho certeza que o próximo domingo será um dia de festa, e a festa continuará até que o Senado, nos próximos dias, decida mandar para alguns meses de descanso a Dilma, o que ela deve até agradecer pois não aguenta mais de tanto estresse. Não fico tão alegre com a ascensão do Temer, por motivos quase óbvios, mas, pensando bem, é o que temos, no momento.

É nisto que toca o texto do Reinaldo de Azevedo hoje, na Folha de S. Paulo (“Entre o caos e esperança, ao menos”), que transcrevo abaixo. A renúncia da Dilma ou o Temer na presidência eram as opções únicas constitucionais, e, portanto, sem elas, além de irmos descendo ladeira abaixo na economia, iríamos voltar à rabeira da fila das nações em termos de civilização política e de Estado de Direito Democrático. E como a Dilma disse que não resignaria....

Aliás, ficamos alegres pela ladainha do PT, que para não sair do poder criou a figura do “golpe democrático”, e que está indo de água abaixo porque “não haverá golpe”, mas impeachment. As frases que mais li nestes últimos dias foram: “Impeachment sem crime, é golpe!”, que é tão verdadeira quanto a outra que ouvi ontem: “Crime sem impeachment, é golpe!”.

Atualmente já se sabe que houve crime, haverá impeachment e o golpe foi na cabeça oca do meu conterrâneo o Lula, que não mais desfrutará das delícias de um hotel de luxo em Brasília, e, talvez, vá para outro que o Sérgio Moro escolherá.

Fiquem com o Reinaldo, e quanto a Dilma, só resta dizer: “Tchau, querida!”

“Por definição, o governo Michel Temer é uma opção melhor do que a eventual continuidade dessa coisa sob o comando formal de Dilma Rousseff. É uma verdade aritmética e política. O vice não será titular com menos de 342 votos na Câmara e 54 no Senado. A petista poderia permanecer no Palácio ainda que com voto nenhum. Basta, para tanto, que o outro lado não atinja o mínimo necessário em cada Casa.

Ou por outra: Temer só será presidente com uma esmagadora maioria episódica, a partir da qual se estabeleceriam caminhos para uma maioria duradoura. Dilma, no entanto, pode continuar agarrada ao osso tendo como esbirro a Armata Brancaleone dos 171 ou se faltar um único voto a seus adversários.

Há um velho adágio latino segundo o qual os deuses, quando querem destruir alguém, começam por lhe tirar o juízo. E é a isso que estamos assistindo. Duvido que mesmo os esquerdistas, por mais lassa que seja a sua moralidade, sintam conforto ao ver Lula negociar a República num quarto de hotel.

A história brasileira não exibe nada semelhante. E se ignora que algo parecido tenha se dado alhures. Especialmente quando o negociador é um homem investigado pela polícia e não exerce cargo nenhum na República.

Por mais que a sem-vergonhice política tenha atingido limites insuspeitados; por mais que nossos critérios para avaliar a ação dos homens públicos tenham cedido ao relativismo; por mais que tenhamos aderido ao pragmatismo como o último deus, um país não pode mimetizar a rotina de um prostíbulo.

E tudo isso pra quê? Como diria o poeta, “pra nada!” As negociações desavergonhadas de Lula, se bem-sucedidas, manterão o país na desordem e ainda implicarão, necessariamente, o rebaixamento do atual padrão de gestão.

Se os moralistas de última hora reclamam da qualidade dos que mudam de lado e aderem ao impeachment, como vejo fazer alguns dos colegas colunistas, peço especial atenção, então, aos relevos de caráter dos que permanecem do lado de lá, aceitando a rotina das trocas.

Não bastasse, vem um recado do quarto de hotel: se o impeachment não for aprovado, Lula, então, assumirá o governo, e haverá uma nova gestão. Ora vejam: é uma gente capaz de chamar de “golpe” a ascensão do vice, que foi eleito, segundo a norma constitucional, e de entregar a Presidência da República a quem não obteve voto nenhum. Lula, aliás, acelerou a morte do governo Dilma. E vai ser impichado junto com ela.

A única possibilidade de haver um golpe branco na República é o impeachment não sair vitorioso - já que não tem como ser derrotado. Nesse caso, Lula continuaria à frente da Presidência, como está hoje, tendo Dilma como um fantoche. Para isso chegamos à democracia? Não creio.

As esquerdas inventam gestas que só existem na sua imaginação perturbada, talhada para justificar crimes. A deposição de Dilma seria só um rearranjo dos potentados econômicos, dispostos, mais uma vez, a espoliar o povo. Nem parece que o PT foi flagrado ora em decúbito dorsal, ora em ventral, com empreiteiros e outros membros das “zelites” menos impopulares no jornalismo.

Senhoras deputadas e senhores deputados, vocês escolherão neste domingo entre as possibilidades da esperança e o risco do caos.

E, no entanto, idiota da objetividade que sou - deixo os voos subjetivos para os colunistas do outro -, eu estaria aqui a defender o voto contra o impeachment se Dilma não tivesse cometido crime de responsabilidade. Mas ela cometeu.


Chegou a hora.”

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