Por Zé Carlos
Esta seria uma semana onde qualquer coluna com as metas
desta que escrevo, teria que dobrar as metas para fazer alguém que ouviu e viu
as notícias conseguissem pelo menos dar um ar de riso. Afinal de contas,
qualquer notícia no mundo político, hoje, vira uma piada. Mas, como bom
brasileiro, eu não desisto nunca, e, ainda
mais, faço uma promessa aos nossos leitores, de rirem muito, se chegarem até o
final deste texto.
Tudo começou com a ansiedade sobre o resultado da reunião da
Comissão de Impeachment para aceitar ou não o parecer do relator, que viria no
meio da semana. No entanto, bastou se aproximar o dia, para que, quem assistiu
a algumas das sessões, verificar que não há nada mais parecido com uma aula do
primeiro grau do que uma reunião de umas dezenas de deputados. Foi uma
verdadeira diversão aos olhos de todos os brasileiros e brasileiras, como diz
nossa musa a Dilma, que gostam de humor.
E foi neste clima que terminou o prazo da defesa para que a
Dilma apresentasse a sua tentando mostrar que não havia “pedalado” e não fora este o motivo do seu emagrecimento. E entrou
na rinha do humor o José Eduardo Cardoso, mais conhecido, nas rodas
humorísticas, como JECa, com o seu show impagável, embora não original em
termos de hialariância. Ele tentou provar juridicamente que se a Dilma for impichada, tudo não passará de um golpe.
Todos que acompanham a política e o humor sabem muito bem que esta fala é a
piada mais importante nos shows da Dilma. No entanto, dito com a ênfase e
trejeitos que são peculiares ao JECa, parecia até uma nova peça. E houve risos
e muitos risos.
E não era para menos, pois vejam alguns exemplos do que ele
falou:
“O impeachment no
presidencialismo é uma situação de absoluta excepcionalidade institucional,
justamente por forças de garantia que marcam esse sistema de governo. Portanto,
no presidencialismo jamais se poderá falar que qualquer governo possa ser
afastado por decisão meramente política, por uma situação episódica de
impopularidade, por algum tipo de decisão natural do mundo da politica que não
seja absolutamente extraordinária e de gravidade afrontosa aos princípios
basilares do sistema. Portanto, um crime de responsabilidade exige que o ato
praticado pelo presidente da República seja por ele diretamente praticado. Que
seja um ato doloso, que seja um atentado à Constituição, uma violência,
excepcional, capaz de abalar os alicerces do Estado. Exige a tipificação legal.
Portanto, todo um conjunto de ingredientes necessários para configuração de um
processo de impeachment. Fora destes pressupostos, qualquer processo de
impeachment é inconstitucional, é ilegal.”
Quando os deputados lembraram que no Brasil, já houve 132
pedidos de impeachment, sendo 29 para Collor, 4 para Itamar, 34 pedidos para
Lula, 17 para FHC e 48 para Dilma, todos começam a sorrir pensando que estamos
em estado permanente de excepcionalidade. Se constatarmos que desta centena,
apenas 2 foram aceitos pelos presidentes da Câmara, um de Collor e outro de
Dilma, talvez nos tire a sensação de exceção. O que incomoda aos defensores da
Dilma é apenas sua similaridade com o Collor, pois este foi o único
defenestrado por este ato, depois da redemocratização do país. E o que mais
deixa os shows do PT empolgantes é que parece, nos dois casos, os tesoureiros
das campanhas estão envolvidos. Ou seja, neste caso, o culpado não é o mordomo,
pelo menos até esta semana.
Digo até esta semana, porque foi nela que o Marco Aurélio,
Ministro do STF, contumaz leitor das histórias policiais, e, portanto, sabendo
que o mordomo é sempre o culpado, aprovou uma liminar que força o presidente da
Câmara a aceitar o pedido de impeachment para Temer, o vice-presidente. Por
mais que se tenha reclamado de que o Temer só tem aquela aparência de mordomo
de casa mortuária, por ter ficado muito perto do Cunha, certas horas, o
ministro não se deu por satisfeito, e tudo agora está nas mãos do Cunha. Então
vejam que engraçado: Hoje o Brasil não está bem servido, pelo menos, com os
mordomos que tem.
Mesmo sentindo um sorriso no rosto de cada deputado
presente, e uma gargalhada enorme de quem o assistia pelos meios de
comunicação, o Advogado Geral da União, ou o Advogado Geral da Dilma, porque a
União, em termos de seus serviços, está às moscas, continuou:
“É fato que o impeachment está na Constituição
e, se todos esses pressupostos forem atendidos e a lei for atendida, pois bem,
o impeachment não será golpe. Será uma situação extraordinária e
excepcionalíssima. Mas se esses pressupostos não forem atendidos, se não houver
um atentado contra a Constituição Federal, se não houver ato imputável à
presidente, se não for uma ação dolosa, se ela não for tipificada, a tentativa
de impeachment é golpe de Estado, sim. Golpe é a ruptura da
constitucionalidade, golpe é o rompimento de uma Constituição, golpe é a
negação de um Estado de direito, não importa se ele é feito por armas, não
importa se ele é feito com canhões, ou com baionetas caladas, se ele é feito
com um simples rasgar da Constituição. Sem base fática, ele é golpe.”
Ou seja, tudo se passa como se o tão falado golpe, constante
de todos os discursos dos governistas atualmente, é uma realidade, porque não
há “base fática”. Isto é motivo de
riso porque lembra aquele personagem da Escolinha do Professor Raimundo, que,
ao ouvir o mestre dizer que Jesus Cristo fora crucificado, perguntava: “Onde está a cruz em que isto aconteceu?
Mostre, um dos pregos em que ele foi pregado da cruz,” etc, etc, levantando
dúvidas inúmeras sobre a “base fática”.
Quando, o professor respondia que não tinha, ele dizia: “Então não me venham com churumelas!”. No caso da Dilma, o JECa
encarnou o personagem acima, que se chamava de Pedro Pedreira, que sempre
responde as acusações a Dilma, dizendo que “há
controvérsias” quando se diz que a Dilma “pedalou” feio. E repete, como na escolinha: “Aro da bicicleta onde a presidenta deu a pedalada, tem? Cor do capacete
com ela pedalou, sabe?” e por aí vai, enquanto a plateia se diverte. É isto
aí mesmo: “JECa noventa, só enfrenta quem
aguenta!”
E já houve tanta explicação do que significa “pedalada”, que me sinto no dever de
explicar aos meus parcos e pacientes leitores. O Ministro já deu o exemplo da
empregada que vai ao supermercado, outros já deram o exemplo da casa própria e
as prestações vencidas e tantas outras mais, mas, nunca vão ponto.
Ora, existem pedaladas e pedaladas. No caso do impeachment
elas se referem às pedaladas de Dilma, e de ninguém mais. Então não tem como
não mostrá-la como uma pessoa com todas as boas intenções, e que pretende
colocá-las em prática, mas, ao tentar fazer isto, verifica que não tem recursos
para fazê-los, a não ser pegando dinheiro emprestado. Nada demais em fazê-lo,
se isto não fosse considerado um crime. E há uma Lei, sempre ela, que diz ser.
Mas, como a Dilma nossa musa, acha que “não
há pecado no lado abaixo do equador”, resolveu tomar emprestado assim
mesmo. Quando a pegaram com a mão na botija, ela se defendeu dizendo que já
pagara aquilo que tomara emprestado. Porém, seus algozes, adeptos em manter a
Constituição e as Leis da República, não ficaram nada satisfeitos com o pecado
dela. Resolveram tirá-la do emprego. Então ela, no meio do show de humor que
comanda agora todos os dias da semana, lá onde era o Palácio do Planalto, agora
transformado em supermercado pelo Lula, diz, coisas como: “Eu tomei dinheiro emprestado, ou pedalei, para pagar o Bolsa Família!” Seus algozes
cruéis, dizem que mesmo se este fosse o caso, ainda seria crime. E descobriram
que o empréstimo também serviu para outras coisas envolvendo “famílias mais abastadas”. Diz também,
pedalei sim, mas, todos na história deste país pedalaram, então se eu for
julgada culpada pelo crime os outros também devem ser. Os algozes, chamados de
“elite” pelo Lula, que não sabe que a
ela pertence, voltam e dizem que mesmo que outros tenham feito, as pedaladas da
Dilma foram tão fortes que nem se comparam com as dos outros. E por aí vai,
dizendo uma coisa é a “elite” insensível,
outra, mostrando que, se pedalada é crime, e ela confessa que pedalou, ela tem
que ser julgada pelo crime. Simples assim.
E toda esta semana nervosa girou em tornou deste julgamento,
que deve começar na próxima semana, com ares shakespearianos de “pedalou ou não pedalou, eis a questão!”,
isto se o relatório, que diz ser a Dilma culpada, for aprovado. O que esta
coluna espera é a condenação da Dilma, e todos logo pensarão que quero isso por
pertencer à elite insensível. Nada mais longe da verdade. O que quero apenas é
que ela deixe a presidência e venha trabalhar em tempo integral aqui na coluna,
nos fazendo rir. Eu sei que, mesmo que ela vá criar galinhas depois da
presidência, cada um dos seus gestos, cada um dos seus atos, será algo em
benefício do riso.
E, perguntarão os céticos leitores: “Quer
dizer que, agora, depois que não sabe mais quando vai ser ministro, o Lula
parou de fazer graça?” Que nada! Agora, quase todos os dias ele reúne um
grupo de companheiros e companheiros e desanda a falar. Sua mais recente piada
é que ele quer que o Temer pare de lutar pelo cargo da Dilma, que ele ganhará
se o impeachment vier, porque ele não teve votos. A pergunta é: “E isto é humor?”. Eu respondo, claro que
não é! É somente idiotice mesmo. Mas, quem disse que não se pode de rir de
idiotices? E vindas da boca do Lula, depois que ele foi chamado do Ministro
Porcina, aquele que foi sem nunca ter sido, é um deleite.
Aliás, tudo hoje é uma gargalhada só. Vejam, em homenagem a
esta onda humor que assola o país o vídeo abaixo editado pelo Felipe Moura
Brasil. É longo, mas, eu prometo que o riso abundará na sua vida.
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