Por Zezinho de Caetés
Hoje, o que me chamou mais atenção não foi o texto que
abaixo transcrevo do Ricardo Noblat (“Quem
pariu Temer que o embale”), em seu blog. Foi a foto que o acompanha. Ela
mostra a Mia Farrow, numa cena clássica do filme “O Bebê de Rosemary”, no qual a protagonista ficava horrorizada
quando descobriu que tinha dado a luz a um demônio.
Depois de ter visto ontem a sessão de instalação da Comissão
de Impeachment no Senado, eu fiquei entendendo o que o jornalista quis dizer
com a foto, de que nasceu um diabinho na política brasileira, embora não se
saiba ao certo quem o pariu. Nestas alturas, o pai ou mãe do capiroto virou
matéria da política nacional.
Se interpretarmos como sendo o diabo, a situação econômica pela
qual o Brasil está passando, cada um tem uma opinião, mas, como era de se
esperar a oposição acha que bicho é a Dilma, e a situação acha que o bicho é o
Aécio. Como assim?
Os tucanos querem um senador mineiro para relator da
comissão enquanto os petistas querem alguém, segundo eles, mais neutros e não
tão junto de Aécio. O que era para ser decidido em 5 minutos, a escolha de
comissão, deve ter passado umas 5 horas, e nem esperei o final da querela. A pergunta
que ficou no ar era se eles queriam que o relator fosse o Lindberg Farias, que
certamente, já tem um relatório pronto e conciso: “Impeachment é golpe”, ou mesmo a Gleise Hoffman que talvez
escrevesse mais um pouco dizendo: “Impeachment
de mulher é golpe”. Ou, quem sabe a Vanessa Graidiotin?!
Ora, meu Deus, o que importa mesmo é quem vai cuidar do
bebê, que certamente foi gerado no ventre da Rosemary, pois tem relação com o
Lula. E no caso, pelo que vi ontem no Senado, não tem jeito, o Temer, dentro de
poucos dias, é quem vai embalar o bebê de Rosemary.
E só para comentar um pouco sobre o texto do Noblat abaixo,
eu digo que, se o PSDB não ajudar o Temer a cuidar da criaturazinha, quando ele
criar chifres, o primeiro a ser chifrado é o Aécio, como já chifrou a Dilma.
“Em algum momento no ano passado, o PSDB ficou contra o impeachment da
presidente Dilma. Preferia que ela sangrasse até o fim do seu atual mandato.
Assim seria mais fácil derrotar o PT na eleição presidencial de 2018.
A posição do partido depois mudou e ele aderiu à tese do impeachment.
Para refugá-la poucos meses mais tarde. E para outra vez recepcioná-la com medo
de que Lula voltasse a comandar o governo e acabasse sendo bem sucedido.
Uma vez que o pedido de impeachment foi aprovado pela Câmara dos
Deputados, e está a um passo de ter sua admissibilidade referendada por larga
maioria no Senado, o PSDB – sempre ele! – enfrenta novo dilema: participar ou
não do futuro governo Temer?
José Serra e Fernando Henrique Cardoso são a favor da participação.
Serra está cotado para ser ministro de Temer. Aécio Neves e Geraldo Alckmin são
contra. Os dois são aspirantes a candidato a presidente em 2018.
Foi marcada uma reunião para o próximo dia 3 que deverá decidir o que o
PSDB acha a respeito. Por PSDB, entenda-se: o chamado colégio de cardeais do
partido formado por duas dezenas de nomes, se tantos.
Nos quinze dias que antecederam à aprovação do impeachment na Câmara, o
vice-presidente Michel Temer aproveitou o final de suas conversas com aliados
ou possíveis aliados para adverti-los:
- Não basta que aprovem o impeachment. Isso de pouco adiantará se não
me derem condições para governar.
Dito de outra maneira: quem votar contra o impeachment teria de dar em
seguida seus votos para que o novo governo governe.
O impeachment foi aprovado com 367 votos favoráveis e 137 contrários.
Para fazer qualquer reforma via proposta de emenda à Constituição, o governo
precisará de um mínimo de 308 votos. Se não tiver, adeus governo.
O governo de Dilma caiu de podre, é bem verdade. Mas os que se
recusaram a ajudá-lo a manter-se mesmo cheirando mal, não poderão agora fingir
que nada tiveram a ver com a sua queda. Tiveram, sim. E por isso são
responsáveis pelo governo que está por vir.
Do fim da ditadura militar até o fim do primeiro governo de Dilma, o
Congresso jamais negou o que um presidente da República recém-empossado lhe
pediu. Aprovou até o congelamento da poupança dos brasileiros promovido pelo
então presidente Fernando Collor.
O que Temer pedirá ao Congresso será praticamente a mesma coisa que
Dilma hesitava em pedir – seja por pressão do PT, seja por lhe faltar coragem,
seja por seu estado de confusão mental. Não haverá novidades.
O futuro ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, só não foi ministro
da Fazenda de Dilma porque ela nunca gostou dele. Lula gostava e o indicou para
o cargo muitas vezes. Meirelles foi o presidente do Banco Central do governo
Lula.
Se era para negar a Temer condições de governar, o PSDB e demais
partidos deveriam ter arcado com a responsabilidade de sustentar Dilma.
Agora é tarde.”
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