Por Zezinho de Caetés
Nestes tempos bicudos, a diversão de aposentado que gosta de
política e se interessa pelo futuro do Brasil é ver a TV Senado. Digo diversão
para ser genérico. No fundo no fundo, muitas vezes, a diversão é o tédio, e às
vezes, o despertar dos seus instintos mais primitivos.
Há quem ainda aguente, por exemplo, o Lindberg Farias,
mostrar aqueles dois dedos, que antes eram usados para comemorar o impeachment
do Collor, em forma de V de vitória, para dizer que o Senado só deve julgar
dois itens se quiser impichar a Dilma? O “cara
pintada” virou o “cara chato”, e
tenho certeza, com aquele discurso já arranjou alguns votos contra a Dilma,
entre os seus colegas.
Outro exemplo é a Gleise Hoffman, atrapalhando os outros,
baseando-se talvez em seu gênero e no seu nariz arrebitado, para não ouvir uns
bons desaforos, pelo menos dos colegas do gênero masculino, pois, ontem a Marta
Suplicy, que tenta mostrar que passou de perua para gaivota, mudando de
partido, numa “questão de ordem”, que
causou desordem na cabeça de sua colega, hoje perua e não mais gaivota.
E assim vão os nossos dias de cidadãos interessados, pelo
menos quando falam que a situação é tão ruim que vai faltar o dinheirinho até
para os aposentados, como no Rio de Janeiro. A que ponto nos levou o PT e o
PMDB, que não pode tirar o corpo fora, só porque mudou de lado.
No meio disso tudo há os depoimentos sensatos e sérios como
o que ouvi ontem do Fernando Bezerra Coelho, mostrando por A mais B e até mais
C, porque o impeachment é um julgamento político e não jurídico, e nem mesmo
jurídico/político. E outros, como o Cristovão Buarque, que não desce totalmente
do muro, mas, quando bota pelo menos um pé no chão, é bastante coerente. Aliás,
neste processo, Pernambuco só não está melhor representado porque temos que
ouvir a voz do Humberto Costa gritando: “Não
vai ter golpe!”. Como diria a imprensa internacional: Disgusting!
Porém, o que mais impressiona é o “conjunto da obra” do PT para tapar o sol com uma peneira, o que é
tratado pelo Murillo Aragão, no texto intitulado “A corda e o relógio”, publicado hoje no Blog do Noblat, com a sapiência
jurídica que eu não tenho, abaixo transcrito.
Ele mostra com a sapiência jurídica, da qual eu sou
desprovido, as estratégias do partido para continuar no poder, o que, pelo seu
viés ditatorial e seguindo o mestre Fidel: “Uma
vez no poder, poder ou morte!”. Embora eu saiba que está longe de passar
pela cabeça do meu conterrâneo Lula ou Dilma tomar uma atitude getuliana, se
pensarmos em morte política, tenho certeza, com o impeachment da Dilma, o meu
conterrâneo não se elege mais nem vereador em Garanhuns, mesmo que tenha o voto
do Roberto Almeida.
E para deixá-los com o Murillo e ir me postar na frente da
TV e acompanhar em detalhes os lances do impeachment, eu apenas digo que, se o
PT continuar no poder, depois de tudo que fez, é porque o Brasil merece. No
entanto, meu otimismo me leva a uma meia volta eu digo: “Ninguém merece!”.
“A estratégia de José Eduardo Cardozo, ministro-chefe da
Advocacia-Geral da União (AGU), que defende a presidente Dilma Rousseff contra
o impeachment, é esticar a corda o máximo possível e criar uma guerrilha contra
o processo. O primeiro passo foi questionar a votação da admissibilidade na
Câmara dos Deputados, alegando que as declarações de voto dos parlamentares não
condiziam com a natureza do pedido em discussão.
Provavelmente, o pedido vai ser negado pelo presidente da Casa, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ). Aliados podem tentar recurso na Comissão de Justiça, mas o
objetivo é outro: recorrer da decisão de Cunha e levar a discussão, de novo,
para o Supremo Tribunal Federal (STF). Dessa feita, questionando a validade da
votação. Coisa do velho e bom PT, conhecido de todos por causa de sua vocação
para defender disparates.
Mesmo que não obtenha sucesso, Cardozo deseja que a discussão atrapalhe
ou, quem sabe, paralise o andamento do processo no Senado. Ele conta com a
possibilidade de seus recursos caírem em “mãos amigas” e conseguir alguma
liminar que provoque debates que, eventualmente, travem o processo.
Outra iniciativa é tentar obter do presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), mais tempo na tramitação do processo na Casa. Para tal,
Cardozo conta com a discreta simpatia do ministro Ricardo Lewandowski, que
presidirá o julgamento, e um irregular apoio do Renan.
Por que ganhar tempo? A presidente Dilma e o ex-presidente Lula esperam
criar um clamor internacional (improvável) contra o que chamam de “golpe”
contra a democracia. Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da
República para Assuntos Internacionais, atua intensamente junto aos países
bolivarianos do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para
forçar uma condenação expressa ao processo no Brasil.
Até agora, obteve duas declarações de relativo peso: do
secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper, e do deputado kirchnerista Jorge
Taiano (Parlasul). No entanto, nenhuma das instituições aprovou ou irá aprovar
moções condenando o Brasil. Até mesmo pelo fato de não existir maioria para
tal. As escaramuças são dos “executivos” que as gerenciam.
A grita internacional, se ocorresse de forma intensa, poderia alimentar
o debate (improvável) sobre a realização de novas eleições gerais no país. Fato
que representaria uma grave ruptura e só poderia se concretizar se o Tribunal
Superior Eleitoral anulasse a chapa Dilma-Temer (PT).
O governo espera (deseja) também que a Operação Lava-Jato venha a
atingir o PMDB e, até mesmo, o vice-presidente, Michel Temer. Para o Planalto,
essa hipótese poderia “zerar o jogo” no Senado e reabrir as chances de
permanência de Dilma no poder. Espera (deseja) ainda que algum fato novo possa
reverter a tendência de aprovação em definitivo do impeachment, daqui a dois ou
três meses.
Mesmo que não seja uma grande estratégia – já que depende de um STF
majoritariamente a favor do andamento do impeachment, das surpresas da
Lava-Jato e do acaso –, esta é a que resta a Dilma. Porém – e sempre existe um
porém —, essa estratégia pode ficar ainda mais fragilizada se Lula e Dilma
continuarem atacando a Câmara dos Deputados e demonstrando desprezo pela
instituição.
Afinal, caso Dilma se salve, dependerá, para governar, daqueles a quem
Lula hoje chama de “quadrilha”. A corda do governo está se rompendo. O tempo
está acabando.”
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