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quinta-feira, 14 de abril de 2016

Quem vai pagar o PACTO?




Por Zezinho de Caetés

“Excelentíssimo Senhor Deputado,

Às vésperas da histórica decisão a ser tomada pela Câmara dos Deputados nesta semana, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e as Federações das Indústrias dos estados vêm manifestar sua convicção de que os nossos representantes saberão encontrar a melhor solução para a grave crise política e econômica que o país atravessa.

Como Vossa Excelência tem conhecimento, a economia brasileira enfrenta um momento de extrema dificuldade, falta de confiança e incerteza. A estagnação de 2014 se transformou numa dolorosa recessão, que fez o Produto Interno Bruto (PIB) encolher 3,8% em 2015.

Para este ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a atividade econômica terá retração de igual magnitude, em um desempenho bem inferior à média dos países emergentes. As perspectivas para 2017, se não houver uma urgente mudança de rumo, são de outro ano sem crescimento. Mais do que amargar quatro anos perdidos, isso significaria a maior recessão da história do país, com seus dramáticos efeitos.

Os brasileiros têm reais motivos para a desesperança. Estamos em meio a uma profunda crise social. Os indicadores mostram que os avanços obtidos na qualidade de vida da população, em um passado recente, ficaram para trás. A taxa de desemprego se aproxima de 10%, mesmo índice da queda da renda per capita prevista até o fim do ano. A inflação acumulada em 12 meses chegou a 9,4%, corroendo os salários dos que ainda se mantêm empregados.

Essa conjuntura adversa, em grande parte causada por uma sucessão de erros na política econômica, vem afetando a indústria mais seriamente do que outros setores. Em 2015, o PIB industrial caiu 6,2% e a produção despencou 8,3%, o pior resultado em 12 anos. Os prejuízos são intensos e generalizados, atingindo todos os segmentos da indústria brasileira. Estamos perdendo a capacidade de produzir, investir, inovar e criar empregos. Essa é uma situação sem precedentes no país.

No quadro atual, a indústria não vislumbra a possibilidade de recuperação do mercado interno. Da mesma forma, não vê meios de compensar essa derrocada com o aumento das exportações. Apesar de iniciativas positivas do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o governo não demonstra capacidade para melhorar o ambiente de negócios, elaborar uma política econômica apropriada, e propor ações para fazer o Brasil retomar a trajetória do crescimento e do progresso.

Em sentido oposto, parcelas do governo acenam com uma nova guinada na economia, justamente na direção da política que nos legou o descalabro das contas públicas e criou o cenário catastrófico em que hoje nos encontramos.

Ao mesmo tempo, o governo tem sido complacente com grupos sociais que pregam a radicalização e o confronto como forma de impor suas ideias. Essa atitude pode levar a um acirramento ainda maior das tensões, insuflando a violência, com sérias consequências.
Esse quadro negativo é ampliado pela falta de articulação do governo no Congresso, o que cria obstáculos para a aprovação das reformas de que o país necessita.

Estamos convencidos de que as discussões sobre o impeachment e sua votação no Congresso resultarão em uma nova fase da política nacional. O governo que emergir desse processo terá de arregimentar apoio, tanto no Parlamento como na sociedade, para liderar novo pacto federativo, restaurar a governabilidade e unir o país. Terá, também, que atuar com espírito público, bem como firmar compromissos com a ética e com a eficiência administrativa.

Nessa nova etapa da vida nacional, o governo e o Congresso precisarão de coragem e determinação para adotar medidas duras, mas essenciais para a retomada do desenvolvimento. Entre elas, estão as reformas previdenciária, tributária e administrativa, a recomposição das contas públicas, a modernização das leis trabalhistas e a revisão dos marcos regulatórios. Só com iniciativas firmes e ousadas poderemos voltar a trilhar o caminho do desenvolvimento, do qual nos distanciamos nos últimos anos.

Neste momento turbulento, em que se discute o impeachment de um presidente da República pela segunda vez em pouco mais de duas décadas, temos a certeza de que o Congresso agirá com serenidade, grandeza e patriotismo para tomar a decisão que o país exige. Desse modo, poderemos suplantar a crise, tornar a crescer e gerar empregos.

É hora de mudar.”

Tudo está tão monótono neste país, com a certeza de que em breve a presidenta birrenta e agora doenta (dizem, não sei se é verdade, que ela anda tomando algo mais forte do que Licor de Cacau) se ausentará do poder, que inverti hoje a ordem dos fatores. Comecei transcrevendo um texto de Confederação Nacional da Indústria, que apesar de ter um ex-presidente no ministério, o Armando Monteiro, resolveu sair do muro, quem sabe, talvez com seu apoio velado. Esperto que a inversão da ordem dos fatores, não altere o produto.

Este apoio do Armando talvez seja o motivo de um dos parágrafos da carta mostrando algumas coisas positivas feitas pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do qual o pernambucano é titular. Mas, a origem do ministro não importa muito. O que se fez à indústria brasileira no último decênio, beira à tentativa de homicídio do setor.

Voltamos à década de 50, como também, voltamos, como diz a carta, em termos de políticas sociais, pela absoluta falta de estrutura econômica para mantê-las. Talvez, a única que possa se manter atualmente é o Bolsa Família, mesmo assim sendo corroída pela inflação. A Bolsa Empresário, da qual a indústria ou alguns industriais se beneficiaram, entregues em embalagens de luxo pelo BNDES, nem pensar.

Os cubanos, na ausência da Bolsa Terceiro Mundo, se aliou aos Estados Unidos de Obama, e hoje, se fosse perguntado se é a favor ou contra o impeachment da presidenta, provavelmente o Raul Castro sairia pela tangente, puxando o Obama pela mão. Então, como o Brasil continuará sem a Dilma, sem o Lula e sem as bolsas?

É difícil dizer, ou, pelo menos, muito mais difícil de dizer o que acontecerá se a Dilma ficar. Ela ontem falou que se ficar, proporá um “pacto”, mas, quem irá pagar este pacto? Lembram de quantos pactos a presidenta pactuante já prometeu e não cumpriu? Desde 2013, quando a população foi às ruas, que ele propõe pactos. Ontem foi apenas mais um, quando vê a água do impeachment chegar ao nariz.

É tanto pacto, que me dá vontade de propor um pacto com os meus leitores e ele será cumprido “nem que a vaca tussa”. Se a Dilma, no próximo domingo não for impichada, eu voltarei para minha terra, Caetés, recolhendo-me a um retiro espiritual. Mas, se a Dilma for impichada, lutarei em campo aberto para que o Lula volte para nossa terra e leve a Dilma com ele.


Tenho medo apenas que, se a segunda hipótese ocorrer, o que acho mais provável, o meu conterrâneo e blogueiro Rafael Brasil, não os receba com alegria. Certamente, o Roberto Almeida estará no comitê de recepção.

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