Por Zezinho de Caetés
“Excelentíssimo Senhor Deputado,
Às vésperas da histórica decisão a ser tomada pela Câmara dos Deputados
nesta semana, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e as Federações das
Indústrias dos estados vêm manifestar sua convicção de que os nossos
representantes saberão encontrar a melhor solução para a grave crise política e
econômica que o país atravessa.
Como Vossa Excelência tem conhecimento, a economia brasileira enfrenta
um momento de extrema dificuldade, falta de confiança e incerteza. A estagnação
de 2014 se transformou numa dolorosa recessão, que fez o Produto Interno Bruto
(PIB) encolher 3,8% em 2015.
Para este ano, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a
atividade econômica terá retração de igual magnitude, em um desempenho bem
inferior à média dos países emergentes. As perspectivas para 2017, se não
houver uma urgente mudança de rumo, são de outro ano sem crescimento. Mais do
que amargar quatro anos perdidos, isso significaria a maior recessão da
história do país, com seus dramáticos efeitos.
Os brasileiros têm reais motivos para a desesperança. Estamos em meio a
uma profunda crise social. Os indicadores mostram que os avanços obtidos na
qualidade de vida da população, em um passado recente, ficaram para trás. A
taxa de desemprego se aproxima de 10%, mesmo índice da queda da renda per
capita prevista até o fim do ano. A inflação acumulada em 12 meses chegou a
9,4%, corroendo os salários dos que ainda se mantêm empregados.
Essa conjuntura adversa, em grande parte causada por uma sucessão de
erros na política econômica, vem afetando a indústria mais seriamente do que
outros setores. Em 2015, o PIB industrial caiu 6,2% e a produção despencou
8,3%, o pior resultado em 12 anos. Os prejuízos são intensos e generalizados,
atingindo todos os segmentos da indústria brasileira. Estamos perdendo a
capacidade de produzir, investir, inovar e criar empregos. Essa é uma situação
sem precedentes no país.
No quadro atual, a indústria não vislumbra a possibilidade de
recuperação do mercado interno. Da mesma forma, não vê meios de compensar essa
derrocada com o aumento das exportações. Apesar de iniciativas positivas do
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o governo não
demonstra capacidade para melhorar o ambiente de negócios, elaborar uma
política econômica apropriada, e propor ações para fazer o Brasil retomar a
trajetória do crescimento e do progresso.
Em sentido oposto, parcelas do governo acenam com uma nova guinada na
economia, justamente na direção da política que nos legou o descalabro das
contas públicas e criou o cenário catastrófico em que hoje nos encontramos.
Ao mesmo tempo, o governo tem sido complacente com grupos sociais que
pregam a radicalização e o confronto como forma de impor suas ideias. Essa
atitude pode levar a um acirramento ainda maior das tensões, insuflando a
violência, com sérias consequências.
Esse quadro negativo é ampliado pela falta de articulação do governo no
Congresso, o que cria obstáculos para a aprovação das reformas de que o país
necessita.
Estamos convencidos de que as discussões sobre o impeachment e sua
votação no Congresso resultarão em uma nova fase da política nacional. O
governo que emergir desse processo terá de arregimentar apoio, tanto no
Parlamento como na sociedade, para liderar novo pacto federativo, restaurar a
governabilidade e unir o país. Terá, também, que atuar com espírito público,
bem como firmar compromissos com a ética e com a eficiência administrativa.
Nessa nova etapa da vida nacional, o governo e o Congresso precisarão
de coragem e determinação para adotar medidas duras, mas essenciais para a retomada
do desenvolvimento. Entre elas, estão as reformas previdenciária, tributária e
administrativa, a recomposição das contas públicas, a modernização das leis
trabalhistas e a revisão dos marcos regulatórios. Só com iniciativas firmes e
ousadas poderemos voltar a trilhar o caminho do desenvolvimento, do qual nos
distanciamos nos últimos anos.
Neste momento turbulento, em que se discute o impeachment de um
presidente da República pela segunda vez em pouco mais de duas décadas, temos a
certeza de que o Congresso agirá com serenidade, grandeza e patriotismo para
tomar a decisão que o país exige. Desse modo, poderemos suplantar a crise,
tornar a crescer e gerar empregos.
É hora de mudar.”
Tudo está tão monótono neste país, com a certeza de que em
breve a presidenta birrenta e agora doenta (dizem, não sei se é verdade, que
ela anda tomando algo mais forte do que Licor de Cacau) se ausentará do poder,
que inverti hoje a ordem dos fatores. Comecei transcrevendo um texto de
Confederação Nacional da Indústria, que apesar de ter um ex-presidente no
ministério, o Armando Monteiro, resolveu sair do muro, quem sabe, talvez com
seu apoio velado. Esperto que a inversão da ordem dos fatores, não altere o
produto.
Este apoio do Armando talvez seja o motivo de um dos
parágrafos da carta mostrando algumas coisas positivas feitas pelo Ministério
do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do qual o pernambucano é
titular. Mas, a origem do ministro não importa muito. O que se fez à indústria
brasileira no último decênio, beira à tentativa de homicídio do setor.
Voltamos à década de 50, como também, voltamos, como diz a
carta, em termos de políticas sociais, pela absoluta falta de estrutura
econômica para mantê-las. Talvez, a única que possa se manter atualmente é o
Bolsa Família, mesmo assim sendo corroída pela inflação. A Bolsa Empresário, da
qual a indústria ou alguns industriais se beneficiaram, entregues em embalagens
de luxo pelo BNDES, nem pensar.
Os cubanos, na ausência da Bolsa Terceiro Mundo, se aliou
aos Estados Unidos de Obama, e hoje, se fosse perguntado se é a favor ou contra
o impeachment da presidenta, provavelmente o Raul Castro sairia pela tangente,
puxando o Obama pela mão. Então, como o Brasil continuará sem a Dilma, sem o
Lula e sem as bolsas?
É difícil dizer, ou, pelo menos, muito mais difícil de dizer
o que acontecerá se a Dilma ficar. Ela ontem falou que se ficar, proporá um “pacto”, mas, quem irá pagar este pacto?
Lembram de quantos pactos a presidenta pactuante já prometeu e não cumpriu?
Desde 2013, quando a população foi às ruas, que ele propõe pactos. Ontem foi
apenas mais um, quando vê a água do impeachment chegar ao nariz.
É tanto pacto, que me dá vontade de propor um pacto com os
meus leitores e ele será cumprido “nem
que a vaca tussa”. Se a Dilma, no próximo domingo não for impichada, eu
voltarei para minha terra, Caetés, recolhendo-me a um retiro espiritual. Mas,
se a Dilma for impichada, lutarei em campo aberto para que o Lula volte para
nossa terra e leve a Dilma com ele.
Tenho medo apenas que, se a segunda hipótese ocorrer, o que
acho mais provável, o meu conterrâneo e blogueiro Rafael Brasil, não os receba
com alegria. Certamente, o Roberto Almeida estará no comitê de recepção.
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