Por Zezinho de Caetés
Como se dizia lá na nossa terra, minha e do Lula, a situação
política está tão complicada que “vaca
não está conhecendo bezerro”. Longe de mim está fazendo citações ou
comparações sobre nossa presidenta incompetenta, mas, a forma como ela está
agindo nos faz esquecer a liturgia do cargo, tão bem respeitada pelo Sarney,
certa época.
E vejam, para completar a obra, quem entra de vez na
política é o Marco Aurélio Mello, o Ministro do STF, que quer impichar o Temer,
para empatar com a Dilma. E vem o Movimento Vem para Rua e agora quer impichar
o Marco Aurélio, também acho eu, para empatar. Se eu fosse advogado eu tentaria
impichar o Cunha (embora centenas de processo já cuidam disto) para haver um
empate entre poderes, em termos de impichamento. Tem gente até querendo
impichar todo mundo, que não é uma má ideia, por completo, a não ser que
atrapalharia o impeachment que mais nos importa, o da Dilma.
Com isto acontecendo, para quem viveu a história do Brasil,
sabe que nossas Forças Armadas não estão agindo dentro do seu perfil histórico,
que era o de já estar à frente de uma intervenção, com a boa intenção (das
quais o inferno está cheio) de salvar o Brasil. Isto, para quem viveu os anos
de chumbo, é uma noticia alvissareira. Como também se dizia em nossa terra: “Quem pariu mateus que balance!”. E fomos
nós, civis, que deixamos a situação chegar a este ponto, onde o Palácio do
Planalto se transformou numa mercearia de secos e molhados.
O texto do Hubert Alquéres, que transcrevo abaixo, trata do
silêncio ensurdecedor dos militares, apesar de ter visto ontem, presente aos
ataques de nervos da Dilma, o Ministro da Defesa, o comunista Aldo Rebelo. Ele
estava calmo enquanto Dilma pregava mais uma de suas mentiras, quando dizia que
o comércio no Planalto ficaria suspenso até a votação do impeachment, que só
não será golpe se ela não for impichada.
Todos sabem que o mercado pode até ter fechado as portas da
frente, mas, pelas portas dos fundos, deve ter muitos deputados trocando votos
por mercadorias, mesmo que só possa pegá-las depois.
Isto é muito mal para o Brasil, para sua imagem e para nossa
imagem. Precisamos urgentemente evitar que este país se transforme numa
Venezuela, e nossa oportunidade é tirar a Dilma, através do impeachment, por
ter cometido crime de responsabilidade, o que faz todas às vezes que chefia um
comício na sede do governo, e deixa seus pupilos ameaçar com violência quem tem
ideias diferentes da dela. Os juristas chamam isto de “continuidade delitiva”,
o que é muito intuitivo até para um leigo como eu.
Eu sinto saudade do tempo que dizem que ela só coordenava o
roubo de cofres do Ademar, porque “ladrão
que rouba ladrão tem 100 anos de perdão”, mas, o povo brasileiro, em sua
maioria ainda é composto de pessoas honestas, e quem o rouba merece “100 anos de cadeia”.
Deixo vocês com o texto do Hubert (“Vivandeiras e provocadores” publicado no Blog do Noblat), com a
esperança de que os militares continuem cumprindo suas funções constitucionais
combatendo o Aedes Aegypti, que é o segundo lugar, na hierarquia de fazer mal
ao Brasil. Ou seria o terceiro?
“Em momento tão conturbado da vida política nacional é importante
registrar um fato: a crise, ao menos por enquanto, passa ao largo dos quartéis.
É irrelevante aqui discutir se isto acontece porque os militares já não têm a
mesma força política de 1964, ou porque a comunidade internacional e os
brasileiros não aceitam mais soluções fora do escopo do Estado de Direito
Democrático.
Importa mesmo é a valorização do fato objetivo: ao contrário do que
aconteceu até meados da penúltima década do século passado, quando as
intervenções militares ocorreram aos borbotões, as Forças Armadas se dedicam
hoje às suas funções profissionais e constitucionais.
Com toda a crise ética, econômica e política, não tivemos, até o
momento, episódio de monta de quebra da hierarquia e da disciplina - pedra
angular de qualquer instituição castrense do mundo. Isso é positivo. É um
indicativo de que a corporação militar vem respeitando o pacto estabelecido em
1985, na transição democrática. Preservar essas conquistas, evitar que a crise
contamine os quarteis, são desafios colocados à nossa frente pelo momento
político atual.
Nas crises, os extremos afloram. É o que assistimos agora. De um lado,
segmentos da sociedade cada vez mais desencantados com a política formal,
assumem o discurso do ódio, do neomarcatismo e sonham com a volta dos militares
ao poder.
O lulopetismo, ao promover o assalto aos cofres públicos e fazer tábula
rasa dos valores éticos, conseguiu a proeza de fazer ressurgir uma base social,
ainda que pequena, de extrema direita. Aplainou o terreno para o retorno das
vivandeiras; figuras que antigamente viviam a rondar os quarteis.
De outro lado, a autointitulada “base popular” do governo rasga a
fantasia. Radicaliza seu discurso, ameaçando tocar fogo no país, caso o
impeachment da presidente Dilma Rousseff prospere. Adota também o discurso do
ódio. Aposta suas fichas num clima de confronto, na crença de que a presidente,
se não for impedida, instituirá, finalmente, um “governo popular”.
Mais grave: a própria presidente aposta na conflagração política e
social como tábua de salvação. Para safar-se, transformou o Palácio do Planalto
em palanque político.
Como se não bastasse o aparelhamento, essa confusão entre público e
privado, entre partido e Estado, a presidente dá provas de desrespeito à
liturgia do cargo ao consentir que, em um ato oficial, haja a incitação à violência
e a ruptura com direitos assegurados pela Constituição, como o da propriedade,
e do livre exercício do mandato dos parlamentares. Sob seus olhos, radicalóides
de plantão agridem e afrontam a soberania do Poder Legislativo.
A presidente não desrespeita apenas a liturgia, mas também o próprio
conceito de hierarquia. Como maior autoridade do país, jamais poderia ter
permitido que o representante da Contag, a Confederação Nacional dos
Trabalhadores da Agricultura, pronunciasse, em sua presença e no interior do
Palácio do Planalto: "Vamos ocupar as propriedades deles, as casas deles
no campo. Vamos ocupar os gabinetes, mas também as fazendas deles”.
É uma bravata, sabemos. Até porque as Forças Armadas estão aí para
cumprir sua função de garantir a ordem, conforme determina a Constituição. Mas
provocações dessa natureza são absolutamente dispensáveis e só revelam o
descompromisso democrático dos extremistas de plantão.
Não há o menor sentido em se testar a capacidade dos militares de
engolir sapos. Ou de tentar atraí-los para a crise, que já é suficientemente
grave.
Que as vivandeiras e os provocadores deixem as Forças Armadas em paz. A
democracia agradece.”
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