Por Zezinho de Caetés
Ainda está na minha cabeça a noite do último domingo. Teria
carradas de coisas para dizer sobre aquela sessão da Câmara, que me deu
alegria, mas, também algumas tristezas, por exemplo, verificar o nível cultural
de alguns dos nossos deputados. Parecia até um circo dos horrores, e que no seu
final, pelo resultado, saiu da jaula, uma gazela.
Agora, hoje, já véspera do feriado de Tiradentes, saímos de
um circo e já estamos em outro, onde quem faz a graça é o Renan. Ontem, assisti
à sessão onde foi lido o resultado da Câmara dos deputados, que permitirá, com
a vontade de Deus e contra a vontade do Renan e do Lewandowsky, que a presidenta
birrenta e sonolenta, a Dilma, saia do Planalto.
Digo sonolenta, porque em mais um comício realizado no
Palácio do Planalto, ela apareceu em “estado
zen”, ou seja, se fizessem silêncio, ela dormiria. Dali não restou nenhuma
dúvida de que ela está governando dopada pelos remédios. Se parar de pedalar,
ela sabe que cai, e a crise de abstinência das pedaladas a está levando a um
estado de platitude.
Voltando ao Senado, todos sabem de que lado está o Renan.
Claro que é do lado dele, para que a Lava Jato não o pegue. E pode tentar
atrasar o processo do impeachment de uma forma ou de outra. Ele ontem até
ameçou que, se quiserem apressar as coisas, ele chama o Lewandowsky. E este,
como todos sabem, e é mostrado no texto do Ricardo Noblat, abaixo transcrito
(que tem com título explícito: “Renan
atrasa o impeachment no Senado”), deve a Lula (uns dizem que deve a Marisa)
sua indicação para o STF.
O que eu não entendo é por que o Lula quer atrasar o
impeachment, como dizem. Eu acho, e põe acho nisto, que ele quer é ver e Dilma
pelas costas, porque sabe que se ela for ficando o Brasil irá à breca, e
ninguém mais, na história deste país quererá ouvir falar na dupla dinâmica Lula
x Dilma.
Basta dizer que, se o tudo continuar parado na administração
pública como está, vai faltar até dinheiro para pagar o cafezinho. E como vocês
sabem, sem cafezinho, não dá....
No entanto, estaremos acompanhando de perto, e o deixamos
agora com o Noblat para alguns detalhes.
“Há votos de sobra para que o Senado aceite o processo de impeachment
da presidente Dilma. Na madrugada de hoje, o placar do jornal O Estado de S.
Paulo registrava 47 votos a favor e 20 contra.
Os senadores são 81. A admissibilidade do processo depende apenas da
maioria simples dos votos – metade mais um dos presentes à sessão. Uma vez que
isso ocorra, haverá um prazo de até 180 dias para que Dilma seja julgada.
Mas se depender de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, e
mais adiante do ministro Ricardo Lewandowski, encarregado de comandar o
processo em sua reta final, tudo se arrastará com a maior lentidão.
E até que a sorte de Dilma, para o bem ou para o mal, seja selada, o
país será obrigado a conviver com um governo paralisado, com um possível futuro
governo à espera de se estabelecer ou não, e com um Congresso em modo devagar,
quase parando.
Eduardo Cunha (PMDB-RJ) já avisou: nada se votará na Câmara dos
Deputados antes do desfecho do processo de impeachment no Senado. Nada. Por sua
vez, a maioria dos senadores não concorda em votar nada antes de votar o
impeachment em definitivo.
Segundo o calendário ditado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a
Comissão Especial do impeachment no Senado poderia ser montada 48 horas depois
do recebimento do processo enviado pela Câmara. As 48 horas se esgotariam nesta
sexta-feira.
Renan, contudo, depois de se reunir com Dilma e Lewandowski, estendeu o
prazo para o início da próxima semana. O calendário permitiria a votação da
admissibilidade do processo no dia 11 de maio. Renan pensa em marcar a votação
para o dia 17.
Enquanto isso, Dilma e o PT ganharão tempo para continuar a denunciar o
que chamam de “golpe”. E se o STF, hoje, decidir que Lula poderá ser empossado
como ministro, ele terá cerca de 20 dias para tentar reverter no Senado a
situação favorável ao impeachment.
O vice-presidente Michel Temer está incomodado com o empenho de Renan
em ajudar Dilma a prorrogar sua estadia no Palácio do Planalto. Primeiro porque
Lula e o PT já jogaram a toalha: consideram que a fatura no Senado está
liquidada e que Dilma cairá.
Segundo porque até que caia, ela seguirá batendo nele e chamando-o de
traidor. Isso servirá para desgastar a imagem de Temer. E também para
enfraquecer o início do seu possível governo, já complicado pela herança
maldita que ele terá de enfrentar.
Renan se comporta assim porque nunca se deu bem com Temer, nem Temer
com ele. E porque deseja, de uma posição de força, arrancar de Temer vantagens
tão logo ele suceda Dilma. Quanto a Lewandovski, ele é grato a Lula por sua
nomeação para ministro.
Curioso é que no Senado a postura dos senadores em relação a Renan é
muito diferente da postura adotado pelos deputados em relação a Cunha. Renan
responde a sete processos no STF. Cunha a quatro.
Deputados contestaram a autoridade de Cunha na condução do processo de
impeachment na Câmara. Os senadores não contestam a de Renan. É verdade que
Cunha responde na Câmara a processo por quebra de decoro. É acusado de ter
mentido aos seus pares.
No Senado, nem mesmo avança o processo de cassação do mandato de
Delcídio Amaral (ex-PT), o líder do governo que foi preso, solto, delatou e
acusou Lula e Dilma de corrupção.”
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