Bom Conselho - PE |
Por Zé Carlos
Na Semana da
Criança, eu fui fazer minha viagem anual a Bom Conselho, minha terra natal.
Como sempre é um mergulho no passado, do ponto de vista subjetivo, mas, também
é uma ida ao futuro, do ponto de vista objetivo. Se alguém ler estas linhas até
o fim, talvez, descubra o porquê.
A data
próxima a 12 de outubro para a viagem, não foi planejada, no entanto, tudo
parecia ser, quando lá cheguei. Um dos grandes motivos da nossa ida (minha e de
Marli) foi visitar minha sogra, a quem a encontrei já entrando na fase
infantil, com sua saúde de criança e seus quase 94 anos de idade, convidando a
todos para a festa dos 100. Fiquei, então com a alegre certeza de que, se a
genética funcionar, não ficarei viúvo, e já desconfio quando a mulher compra
qualquer vestido preto.
Bem, mas,
comecemos do início para não perdermos os detalhes, mesmo os mais sórdidos, que
foram poucos.
Ao nos
aproximarmos do Portal da Cidade, já deu para descobrir que, Bom Conselho está
loteada. É loteamento à esquerda, loteamento à direita e loteamento à frente.
Parece até que a cidade está sendo expulsa dela mesma. Mas, disto trataremos
depois.
Passado o susto
de pensar que estava na cidade errada, atravessamos o Portal, que já não é tão
bonito quanto o de Terezinha, e começamos a descobrir a velha Bom Conselho,
assim que chegamos à rua onde eu joguei muito futebol, naquele velho campo, e
observava, de longe, a boate Tio Patinhas. E não me peçam para contar aqui os
detalhes sórdidos.
E nos
dirigimos ao centro, e já descobrimos o futuro. Nunca vimos tantos quebra-molas
em tão pouco espaço como vimos lá agora. Penso que, algum dia, com a
implantação das lombadas, vai-se também proibir a entrada de automóveis,
enquanto os pedestres pulam de lombada em lombada, como fazíamos nas
brincadeiras de “cademia”.
Depois de
passar pelos obstáculos da Ponte do Colégio, depois de frente pelo Parque José
Feliciano, já nos sentíamos em casa, e prosseguimos, de lombada em lombada até
nossa destino final. Era dia de sábado, e como todos os bom-conselhenses sabem,
dia de sábado é dia de feira, desde que o mundo é mundo.
E lá fomos
nós rumo à feira, que tanto conheci e andei quando criança. Como era a semana
da criança, voltei a este estado e comecei a contar quantas motos estavam
estacionadas na Praça Pedro II. Como toda criança, não sei mais contar depois
80, e parei. Comentei comigo mesmo, enquanto a mulher continuava a contagem: “Bom Conselho, além de loteada, só anda de
moto”. E, depois de várias idas e voltas da calçada até a praça, porque os
carros não param nem para jumento passando, chegamos a ela. A velha praça está
até bem cuidada, e voltei a pensar: “Ora,
se ninguém consegue chegar nela, por causa do muro de motos, só pode estar
cuidada.”
Subimos então
as escadarias da Igreja Matriz, onde nos batizaram, crismaram e fizemos a
primeira comunhão. E ali voltamos ao passado. Mas, não vi o Zé Basílio. E aqui
lembrei de um fato e de um ditado que usamos, lá em Bom Conselho, quando temos
alguma decepção: “É a mesma coisa que ter
ido a Roma e não ver o Papa”, e isto aconteceu comigo. Fui a Roma e não vi
o Papa, e foi decepcionante. Agora eu posso dizer que é uma grande decepção ir
à Igreja Matriz e não ver o Zé Basílio.
E como já
estou com este ditado na cabeça, posso dizer que, durante esta rápida viagem,
sofri outra grande decepção e já modifico o ditado para dizer: Que fui a Bom
Conselho e não vi o Luís Clério. Foi uma decepção maior do que a que senti em
Roma. E não por culpa dele. Fui à sede A
Gazeta, nosso jornal maior, e ele não estava durante minha frustrada visita,
ou houve um desencontro.
E seguindo o
tema, eu gostaria de parabenizar à A
Gazeta pelas suas Bodas de Pratas de bons serviços de comunicação prestados
à nossa cidade, e queria fazê-lo pessoalmente, para me desculpar de não ter
enviado nenhuma mensagem, como ele me pediu, para o importante evento. Depois
de ver, na última edição tão belas mensagens de outros bom-conselhenses fiquei
com mais vergonha ainda. E tento sanar esta falha grave dizendo:
“Qualquer
órgão de comunicação é importante, em qualquer cidade. No caso de Bom Conselho,
sempre tivemos algum, nem que fosse para falar mal do Coronel Zé Abílio. Aí
veio A Gazeta, capitaneada pelo Luis
Clério, e vimos que existem coisas na terra, além do Coronel. Tanto na política
como nas artes e na cultura em geral, o nobre jornal vem cumprindo o seu papel
de forma brilhante, registrando a história da cidade de uma forma tão
independente quando se pode ser neste nosso mundo de polarizações de todos os
matizes.
Tempos atrás,
eu criei um humilde blog tentando auscultar Bom Conselho, e até me atrevi a
propor uma parceria com A Gazeta. Este
objetivo me levou a intitulá-lo de A
Gazeta Digital. Não houve sucesso na parceria formal, embora, tenhamos sido
parceiros em várias matérias publicadas por ambos. Hoje, eu já diria que A Gazeta não precisa mais de um blog.
As coisas evoluíram e hoje é mais fácil fazer melhor do que isto. Penso que o
envio dos exemplares eletronicamente, já é um início, mas, faltamente, A Gazeta vai ter o braço digital.
Meus parabéns
sinceros àqueles que fazem à A Gazeta, ainda, não completamente digital.”
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