Pau de galinheiro |
Por Zezinho de Caetés
Ontem, foi, sem dúvida, um dia histórico para nosso amado
país. As instituições mostraram que ainda funcionam. O Congresso peitou a
gerenta incompetenta ex-presidenta, o TSE a jogou no fogo, para assar junto com
o Temer e o TCU a pegou batendo a carteira da nação, para se reeleger.
Todavia, se tudo isto não bastasse para a historicidade do
dia, eu vi o julgamento do TCU aqui na AGD, nos mínimos detalhes. O dia 07 de
outubro vai ser lembrado pelos nossos estudantes, e quem sabe, ganhe até
desfiles cívicos pelos feitos da data, nos nossos livros escolares, que este
país terá, sem ideologias espúrias do lulodilmopetismo.
Depois de ontem não poderá se falar só em lulopetismo, o
palavrão tem que ser maior: Lulodilmopetismo.
Foi neste dia que a Dilma mostrou que está definitivamente na história do
Brasil, como mostra o texto do Josias de Souza, em seu blog, detalhando a
participação e influência de Dilma em nossa história.
Nem a chamada dos líderes dos partidos mercenários pelo
Ricardo Berzoini, para acertar as contas das promessas feitas pela presidenta,
e não cumpridas, tirou o brilho do dia. O Delfin Neto, o czar das finanças dos
governos militares, disse recentemente que a Dilma é uma trapalhona, talvez
querendo xingar o Renato Aragão. E ele talvez tenha acertado, pois a trapalhada
está, a cada dia, virando a marca registrada da presidência.
Eu poderia me alongar aqui, contando os detalhes da reunião
do TCU, e também, contando como os deputados da base aliada se escondiam
debaixo das mesas para não registrarem presença na sessão que julgaria os vetos
de Dilma. Mas, não o farei in totum.
Apenas lembro da cena patética do advogado da AGU, o Luis
Inácio Adams, no final do julgamento das contas, quase dizendo: “Agora o impeachment é certo!”. E é
mesmo. A gerenta chegou ao fundo do poço, e, se de lá conseguir sair, vai está
mais suja do que pau de galinheiro. Eu ia dizer, mais suja do que o Eduardo
Cunha, mas, me contive, pois o que é dele está guardado, para ser dito depois
que ele conseguir colocar o processo de impeachment para andar.
Agora fiquem com o Josias de Souza, que eu vou pagar uma
promessa antecipada (pois no Brasil de hoje nem os santos confiam mais em
promessa para pagar depois), que fiz para que o outro Luis Inácio, não volte
nunca mais. Chega de lulodilmopetismo.
“Dilma Rousseff envelheceu os métodos clássicos de fazer política.
Criou um modelo próprio, baseado num tipo revolucionário de irresponsabilidade.
Sua prioridade é a autodesconstrução. A estratégia é revelar as armadilhas que
montou no primeiro mandato caindo em todas elas nesta segunda gestão.
Dilma deixa os governistas indignados e os oposicionistas perplexos.
Por um lado, tornou-se uma caricatura que fugiu do controle do Lula. Por outro,
faz questão de produzir as crises que podem asfixiá-la, dispensando seus
antagonistas do trabalho. A história fará justiça a Dilma. Ela se tornou um
fator de progresso. Revitaliza as instituições nacionais.
Na noite desta quarta-feira, Dilma refundou o Tribunal de Contas da
União. FHC dera suas pedaladas. Lula também acionara os pedais. Mas foi Dilma
quem desvendou o crime cometendo-o em proporções amazônicas. Preparou o terreno
para que os auditores a flagrassem. Graças ao desejo inconsciente de Dilma de
ser desmascarada, o TCU, antes um tribunal de faz de conta, teve sua noite de
glória.
Em sessão apinhada, transmitida ao vivo, os ministros do TCU reprovaram
por unanimidade as contas do governo Dilma referentes a 2014. Coisa semelhante
não sucedia havia 78 anos. O último presidente a ter as contas rejeitadas fora
Getúlio Vargas, em 1937. Orçado pelos auditores em R$ 106 bilhões, o desprezo
de Dilma pelo rigor orçamentário fez renascer a Lei de Responsabilidade Fiscal.
Na véspera, a inviabilidade de Dilma já havia prestado outro
inestimável serviço à democracia brasileira ao arrancar da letargia o Tribunal
Superior Eleitoral. Pela primeira vez na história, o TSE abriu um processo que
tem como objetivo a cassação de uma chapa presidencial —a titular e o vice.
Antes, os comitês fingiam prestar contas e a Justiça Eleitoral fazia de conta
que auditava.
Com o auxílio luxuoso da dicotomia de Dilma, produziram-se em volume
jamais visto as pistas que podem asfixiá-la. A roubalheira político-empresarial
jamais será a mesma. No seu esforço secreto para ser descoberta, Dilma
percorreu distraída os dois lados do balcão. Na presidência do conselho da
Petrobras, conviveu com as más companhias. No comitê eleitoral, beneficiou-se
da verba suja.
Na economia, Dilma já havia se rendido ao programa do adversário.
Joaquim Levy percorre Brasília como uma espécie de denúncia ambulante do
desmantelo fiscal e monetário que madame legou a si mesma.
Na política, a recente conversão de Leonardo Picciani em herói da
resistência escancara o desejo de Dilma de se autoflagelar, expondo sob a luz
do sol transações que exigiriam luzes apagadas. Personagem complexa, Dilma luta
para barrar o impeachment ao mesmo tempo que empurra seu governo para o
beco-sem-saída. O grande acerto de Dilma é a revelação dos seus erros.”
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