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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

O lulodilmopetismo chegou ao fim?




Pau de galinheiro


Por Zezinho de Caetés

Ontem, foi, sem dúvida, um dia histórico para nosso amado país. As instituições mostraram que ainda funcionam. O Congresso peitou a gerenta incompetenta ex-presidenta, o TSE a jogou no fogo, para assar junto com o Temer e o TCU a pegou batendo a carteira da nação, para se reeleger.

Todavia, se tudo isto não bastasse para a historicidade do dia, eu vi o julgamento do TCU aqui na AGD, nos mínimos detalhes. O dia 07 de outubro vai ser lembrado pelos nossos estudantes, e quem sabe, ganhe até desfiles cívicos pelos feitos da data, nos nossos livros escolares, que este país terá, sem ideologias espúrias do lulodilmopetismo.

Depois de ontem não poderá se falar só em lulopetismo, o palavrão tem que ser maior: Lulodilmopetismo. Foi neste dia que a Dilma mostrou que está definitivamente na história do Brasil, como mostra o texto do Josias de Souza, em seu blog, detalhando a participação e influência de Dilma em nossa história.

Nem a chamada dos líderes dos partidos mercenários pelo Ricardo Berzoini, para acertar as contas das promessas feitas pela presidenta, e não cumpridas, tirou o brilho do dia. O Delfin Neto, o czar das finanças dos governos militares, disse recentemente que a Dilma é uma trapalhona, talvez querendo xingar o Renato Aragão. E ele talvez tenha acertado, pois a trapalhada está, a cada dia, virando a marca registrada da presidência.

Eu poderia me alongar aqui, contando os detalhes da reunião do TCU, e também, contando como os deputados da base aliada se escondiam debaixo das mesas para não registrarem presença na sessão que julgaria os vetos de Dilma. Mas, não o farei in totum.

Apenas lembro da cena patética do advogado da AGU, o Luis Inácio Adams, no final do julgamento das contas, quase dizendo: “Agora o impeachment é certo!”. E é mesmo. A gerenta chegou ao fundo do poço, e, se de lá conseguir sair, vai está mais suja do que pau de galinheiro. Eu ia dizer, mais suja do que o Eduardo Cunha, mas, me contive, pois o que é dele está guardado, para ser dito depois que ele conseguir colocar o processo de impeachment para andar.

Agora fiquem com o Josias de Souza, que eu vou pagar uma promessa antecipada (pois no Brasil de hoje nem os santos confiam mais em promessa para pagar depois), que fiz para que o outro Luis Inácio, não volte nunca mais. Chega de lulodilmopetismo.

“Dilma Rousseff envelheceu os métodos clássicos de fazer política. Criou um modelo próprio, baseado num tipo revolucionário de irresponsabilidade. Sua prioridade é a autodesconstrução. A estratégia é revelar as armadilhas que montou no primeiro mandato caindo em todas elas nesta segunda gestão.

Dilma deixa os governistas indignados e os oposicionistas perplexos. Por um lado, tornou-se uma caricatura que fugiu do controle do Lula. Por outro, faz questão de produzir as crises que podem asfixiá-la, dispensando seus antagonistas do trabalho. A história fará justiça a Dilma. Ela se tornou um fator de progresso. Revitaliza as instituições nacionais.

Na noite desta quarta-feira, Dilma refundou o Tribunal de Contas da União. FHC dera suas pedaladas. Lula também acionara os pedais. Mas foi Dilma quem desvendou o crime cometendo-o em proporções amazônicas. Preparou o terreno para que os auditores a flagrassem. Graças ao desejo inconsciente de Dilma de ser desmascarada, o TCU, antes um tribunal de faz de conta, teve sua noite de glória.

Em sessão apinhada, transmitida ao vivo, os ministros do TCU reprovaram por unanimidade as contas do governo Dilma referentes a 2014. Coisa semelhante não sucedia havia 78 anos. O último presidente a ter as contas rejeitadas fora Getúlio Vargas, em 1937. Orçado pelos auditores em R$ 106 bilhões, o desprezo de Dilma pelo rigor orçamentário fez renascer a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Na véspera, a inviabilidade de Dilma já havia prestado outro inestimável serviço à democracia brasileira ao arrancar da letargia o Tribunal Superior Eleitoral. Pela primeira vez na história, o TSE abriu um processo que tem como objetivo a cassação de uma chapa presidencial —a titular e o vice. Antes, os comitês fingiam prestar contas e a Justiça Eleitoral fazia de conta que auditava.

Com o auxílio luxuoso da dicotomia de Dilma, produziram-se em volume jamais visto as pistas que podem asfixiá-la. A roubalheira político-empresarial jamais será a mesma. No seu esforço secreto para ser descoberta, Dilma percorreu distraída os dois lados do balcão. Na presidência do conselho da Petrobras, conviveu com as más companhias. No comitê eleitoral, beneficiou-se da verba suja.

Na economia, Dilma já havia se rendido ao programa do adversário. Joaquim Levy percorre Brasília como uma espécie de denúncia ambulante do desmantelo fiscal e monetário que madame legou a si mesma.

Na política, a recente conversão de Leonardo Picciani em herói da resistência escancara o desejo de Dilma de se autoflagelar, expondo sob a luz do sol transações que exigiriam luzes apagadas. Personagem complexa, Dilma luta para barrar o impeachment ao mesmo tempo que empurra seu governo para o beco-sem-saída. O grande acerto de Dilma é a revelação dos seus erros.”

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