Por Zezinho de Caetés
Ontem foi o aniversário do meu conterrâneo Lula. Eu só vim
saber deste dia muito tempo depois de zanzarmos pelo nosso interior do meu
decepcionado Caetés, e até, nossa ex-pátria, Garanhuns. Decepcionados, não
porque se esperava mais dele, e sim, pelo tanto que ele fez de bobagens.
Naquela época, nem mesmo as nossas mães sabiam, com certeza,
nossas datas de aniversário. Até calendários eram difíceis de aparecer, e,
certas vezes, não sabíamos nem o dia da semana em que roubávamos mangas dos
vizinhos. Hoje não! Tanto eu quanto o Lula sabemos o dia em que nascemos, com
uma margem de erro de um mês ou dois, dependendo de que igreja fomos batizados,
e da acuidade do sacristão, ao escrever nosso batistério.
Com o passar do tempo, até nossos filhos começam a acreditar
que nascemos no dia em que nossas mães dizem que nascemos, e, como é o caso do
Lula, ficamos famosos, e é quase obrigatório ter uma data para comemorar o dia
em que viemos ao mundo.
Como o Lula, poderia receber os parabéns, se não soubesse a
data? Então registre-se: 27 de outubro. Pelo que ele se considerou um dia, esta
data deveria ser mais importante do que o Natal. Se a Lava Jato não tivesse
surgido, poderíamos ter até grandes festividades anuais, neste dia, mesmo até
maiores do que o dia de sua morte, porque os mitos não morrem.
Todavia, o que temos neste ano para o Lula? Ameaça de cadeia, como diz o Josias de Souza,
cuja texto de ontem, transcrevo abaixo, para aqueles que gostam de detalhes das
aflições do ex-mito. E Lula, que não sabe viver sem ser um mito, cancelou sua
festa de aniversário, e ficou deblaterando contra tudo e contra todos,
perguntando, talvez: “O que fiz eu para
ter uma presidenta incompetenta, no meu pé?” Tudo! Respondem todos.
E agora, com a Polícia Federal no encalço dos filhos e das
noras, ele está caindo na real. E seus filhos que pensavam que “filho de mito, mitinho eram” agora,
talvez, nem liguem para dar os parabéns a ele. É um triste fim para o Policarpo
Quaresma, às avessas, de nossa querida Caetés.
Agora, penso eu, sua única solução seria ser um delator
premiado dele mesmo. Ajoelhar-se humildemente aos pés dos brasileiros e dizer:
Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa! Se mesmo assim, não receber o perdão,
aqui vai o “Eu pecador”, completo tanto em latim como em português.
“Confiteor Deo
omnipotenti, beatae Mariae semper Virgini, beato Michaeli Archangelo, beato
Joanni Baptistae, sanctis Apostolis Petro et Paulo, omnibus Sanctis, et tibi
pater: quia peccavi nimis cogitatione verbo, et opere: mea culpa, mea culpa,
mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, beatum Michaelem
Archangelum, beatum Joannem Baptistam, sanctos Apostolos Petrum et Paulum,
omnes Sanctos, et te Pater, orare pro me ad Dominum Deum Nostrum.”
“Confesso a Deus
Onipotente,à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado são Miguel
Arcanjo, ao bem-aventurado são João Batista, aos santos apóstolos Pedro e
Paulo, a todos os Santos e a vós, Padre, porque pequei muitas vezes, por
pensamentos, palavras e obras, (bate-se por três vezes no peito) por minha
culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Portanto, rogo à bem-aventurada Virgem
Maria, ao bem-aventurado são Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado são João
Batista, aos santos apóstolos Pedro e Paulo, a todos os Santos e ,a ti Padre,
que rogueis por mim a Deus Nosso Senhor.”
E pensar que, um dia, eu sabia isto do cor. Mas, depois dos
70, precisamos mesmo é do Google. De qualquer forma, parabéns Lula! Você
conseguiu.
Fiquem agora com o Josias, que eu vou verificar meu
batistério para saber a data correta do meu aniversário.
“Ao passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff, em 1º de janeiro
de 2011, Lula teve o vislumbre das dádivas que o mundo proporciona a alguém que
enfia o dedo num favo de mel, lambendo-o em seguida. Nesta terça-feira, 27 de
outubro de 2015, Lula completa 70 anos fugindo das abelhas.
Transtornado, o ex-soberano cancelou uma festa que os amigos lhe
proporcionariam em São Bernardo. Depois de passar o final de semana praguejando
os delatores da Lava Jato e denunciando uma conspiração da mídia e do mundo
para “criminalizar” o PT e os petistas, Lula revoltou-se com a batida que
agentes federais fizeram na empresa do seu filho Luiz Cláudio Lula da Silva.
Nas últimas semanas, a família Lula da Silva ganhou lugar cativo nas
manchetes policiais. Sob suspeita de traficar influência em benefício da
Odebrechet, Lula viu-se constrangido a prestar depoimento à Procuradoria da
República. O STF deu carta branca a um delegado federal para interrogar Lula na
Lava Jato. Um delator disse ter repassado verba suja à nora de Lula. Outro
declarou ter quitado com verbas roubadas da Petrobras uma dívida milionária da
campanha Lula-2006.
Na véspera do seu aniversário, Lula desconfiava da própria sombra. E de
Dilma Rousseff, que muitos acreditam ser a mesma coisa. Em privado, o criador
deu asas à suspeita de que a criatura estivesse por trás da varredura da Polícia
Federal na firma do seu caçula. Foi preciso que o ministro Jaques Wagner (Casa
Civil) entrasse em cena para evitar uma crise maior entre Lula e Dilma.
A desconfiança de Lula é pueril. O pedido de busca e apreensão na firma
Luiz Cláudio Lula da Silva foi feito pelo Ministério Público Federal. A ordem
foi expedida por uma juíza federal que, em seu despacho, endossou a avaliação
segundo a qual é “muito suspeito” que a firma do filho de Lula tenha recebido
R$ 1,5 milhão de um escritório de lobby suspeito de comprar medida provisória
feita sob medida para uma montadora de automóveis.
À noite, como que convencido de que a pacificação entre Lula e Dilma é
ruim para o país, o grão-tucano Fernando Henrique Cardoso instilou numa
entrevista de tevê intriga capaz de afastá-los de vez. Dilma é “pessoalmente
honrada'', disse FHC no Roda Viva. E quanto a Lula? Bem, aí “tem que esperar
para ver”. Para Lula, pior que o ferrão das abelhas, só mesmo o bico irônico de
um tucano.
Nunca antes na sua história pessoal Lula passara um aniversário tão
amargurado. Paga o preço do poder desmedido. Entre inúmeras desvantagens, a
reeleição proporciona a vantagem de, em tese, satisfazer todos os apetites de
seus beneficiários. Mas Lula não se contenta com tudo. Convive com o sentimento
de que faltou completar algo. E se joga em maquinações e pequenezas numa idade
em que deveria pautar-se pela serenidade e grandeza.
A irritação não é boa conselheira para Lula. Se as investigações
avançam na sua direção e de seus familiares é porque os investigadores
encontraram matéria-prima. Num cenário assim, os ataques a Dilma e a encomenda
do escalpo do ministro José Eduardo Cardoso (Justiça) adiantam pouco. Melhor
caprichar na defesa. Quanto mais Lula fica fora de si, mais expõe o que tem por
dentro.”
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