Por Zezinho de Caetés
Ontem foi um dia histórico e hoje só será maior do que ontem
se a Dilma renunciasse. Como não vejo esta possibilidade tenho que escrever
sobre outra coisa, embora isto possa acontecer até à noite.
Agora, já descobrimos que o lulodilmopetismo, do qual
tratamos ontem aqui, também se revela pelo seu zelo em relação à Educação.
Vocês se lembram muito bem que, o Lula criou mais universidades em seus
governos do que surgiram indústrias. O fato das faculdades de medicina não
terem equipamentos e nem mesmo cadáveres para estudo, não importa tanto, quando
vemos o seu esforço individual para se educar. Hoje deve ter mais 600 títulos
de doutor. O fato de ser honoris causa,
também não importa tanto, desde que seu objetivo foi atingido, venceu o FHC em
números.
Já a Dilma, seguindo seu criador, no seu segundo mandato,
criou o slogan A Pátria Educadora, e
o fato de ter esquecido a Educação, também não importa tanto, pois hoje temos o
Mercadante de volta à pasta, como diz o Hubert Alquéres (texto abaixo
transcrito e publicado no Blog do Noblat em 07/10/2015 – “Portal do Inferno”), selando enfim, os destinos da Educação em
nosso país.
Todos sabem que a volta de Mercadante para o Ministério da
Educação foi somente a única forma dele ter foro privilegiado e não ir
diretamente para Curitiba para as mãos do Sérgio Moro, o que foi feito pela
imposição de Lula, meu conterrâneo, de dar a Casa Civil ao Jaques Wagner. Ou
seja no lulodilmopetismo a Educação virou educação, quando o país precisa de
EDUCAÇÃO, para não continuar na rabeira do processo civilizatório.
A situação é para parafrasear o Cícero, no latim das
Catilinárias: “Quo usque tandem abutere,
Dilma, patientia nostra?” (Até quando, Dilma, abusarás de nossa paciência?).
Ela, em um dos discursos feitos para mostrar que ainda está viva, disse: “Devemos pensar, no Brasil, e não em nós
mesmos!”. Nada mais justo, se ela começasse a fazer isto, renunciando. Isto
sim seria pensar no Brasil.
Agora fiquem com o Hubert, que melhor detalha a situação de
nossa Pátria Educadora, enquanto eu vou curtir o meu final de semana, rodando a
cidade, nos supermercados lutando contra a inflação, que parece, veio para
ficar, e minha aposentadoria só aguenta até 2016.
“Quem circula pelo mundo da educação sabe da tremenda ressaca que se
disseminou entre educadores brasileiros com a recentíssima troca de comando no
Ministério da área. Foi a terceira em dez meses.
Com a demissão vexaminosa, foi pelo ralo a última réstia de esperança
de surgir algo minimamente substantivo sob a batuta de Renato Janine Ribeiro.
Esqueçam. No governo da presidente Dilma Rousseff nada acontecerá no
setor educacional, a não ser andar para trás. Ou para os lados, como
caranguejo.
O agora ex-ministro foi recebido, quando de sua nomeação, com extrema
boa vontade por educadores de diversos matizes, muito embora sua experiência
como gestor público fosse escassa.
O acadêmico não disse a que veio, é verdade.
Impotente para fazer frente ao gigantesco corte do orçamento da
Educação (o setor foi um dos mais afetados pelo ajuste fiscal de Joaquim Levy)
o então titular da pasta assistiu, passivamente, o apagão das universidades
federais, a drástica redução das vagas do Pronatec, o fim do Ciência sem
Fronteiras, o aumento dos juros do Fies ou o brutal corte de verbas para a
compra de livros paradidáticos e de ficção para os alunos do ensino básico das
escolas públicas brasileiras.
Sem força política e carente de poder de aglutinação, Renato Janine
travou sua batalha de Itararé com o também ex-ministro Mangabeira Unger, da
finada Secretária para Assuntos Estratégicos - a Sealopra. Estabeleceu-se,
assim, uma política educacional bicéfala, com Janine sendo responsável pelo
Plano Nacional da Educação - uma miragem semelhante à Ferrovia Transoceânica e
ao Trem-Bala - e Mangabeira por um “plano de concepção” com base em outra peça
de ficção, o factoide Pátria Educadora.
Quem estabeleceu essa dualidade? A própria Dilma.
Na sua gestão, o acadêmico pagou outro mico. Anunciados os resultados
catastróficos da Avaliação Nacional de Alfabetização de 2014, o Ministério da
Educação simplesmente suspendeu o ANA de 2015, numa imitação daquela piada do
marido traído e do sofá da sala.
Mas Renato Janine Ribeiro não caiu por qualquer um desses fatos.
O professor de ética e filosofia foi defenestrado precocemente porque a
presidente precisava dar um prêmio de consolação a Aloizio Mercadante. E
protegê-lo com o foro privilegiado.
O episódio é por si mesmo revelador da improvisação e da pouquíssima
importância da educação no governo Dilma.
A descontinuidade e a alta rotatividade no MEC são a marca registrada
desses tempos do lulopetismo. Dilma começou com Fernando Haddad que saiu para
ser candidato a prefeito de SP. Foi substituído por Aloisio Mercadante que
deixou o cargo em menos de dois anos. Veio então, por quase um ano, José
Henrique Paim, um tecnocrata com carreira pública construída nas entranhas de
governos petistas, que ficou no Ministério da Educação distribuindo vagas -sem
transparência, controle ou critério- em cursos técnicos de escolas muitas vezes
desconhecidas, e esquentando a cadeira enquanto Mercadante fazia a campanha
eleitoral de Dilma Rousseff.
Quem o substituiu em 1º de janeiro de 2015? Cid Gomes, aquele meteorito
cuja passagem pelo MEC foi mais célere do que um raio.
Entende-se, portanto, o desalento dos educadores com a dança das
cadeiras promovidas pelo governo do PT.
Em uma conjuntura de recursos escassos, de dicotomia entre a demanda da
sociedade por uma educação de qualidade e a incompetência governamental para atendê-la,
mais do que nunca se exige do Ministro da Educação capacidade de formulação
além de habilidade para empolgar corações e mentes; pré-requisitos para
comandar um grande pacto nacional, cuja agenda está dada desde o final do
século passado e que começa com investimento em políticas públicas para a
formação e capacitação permanente de professores.
Aloizio Mercadante é esse homem? Tem esse perfil?
De jeito nenhum. É o que se
chama de liderança negativa, aquela que, tal qual Átila, onde pisa não nasce
grama.
Como gestor, seu grande traço é a enorme capacidade de desagregar, para
não falar de sua inapetência para ouvir, na sua soberba e arrogância. Ou não
foram essas características que o levaram a se meter em tantas trapalhadas
alopradas e a levar Lula a exigir a cabeça dele?
Nesse governo a educação chegou ao Portal do Inferno.
Nele, não tem mais jeito.
É como dizia Dante: Deixai toda esperança, ó vos que entrais.
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