Por Zé Carlos
Se esta
coluna semanal não fosse voltada para o humor, eu poderia começar dizendo que
chegamos pertinho do fim do mundo. E justificava dizendo que, nela, o Brasil
foi rebaixado de novo por outra agência de risco, sim, aquelas que dizem se
quem toma dinheiro emprestado é confiável ou não, o que diz ser o Brasil quase
caloteiro, quando já foi considerado por outra agência como xexeiro contumaz.
Diria também que, agora, os supermercados estão vazios, porque ninguém aguenta
mais a inflação que afeta a renda de todos. E ainda observaria que enquanto o
Levy, o triste, vai ao Congresso dizer que a CPMF, sim, aquele imposto que o
cara, segundo ele, paga sem sentir, tem que voltar, a Dilma continuava
pedalando lá pelo Planalto Central. E ainda arrematava dizendo que os poderes
da república entraram em litígio, o que até ameaça a integridade institucional,
como toda briga de cachorro grande.
No entanto,
graças aos políticos, o humor volta e só nos resta descrevê-lo com o nosso
objetivo maior que é matar os nossos 12 leitores (estamos crescendo em
audiência) de rir, no menor espaço de tempo.
E já começo
com um carta recebida do Lula, nosso colaborador, dizendo-me que está deixando a coluna, pelo
menos, em tempo integral, porque assumiu de vez a Presidência da República.
Mas, ressalta ele, está envidando todos os esforços para que a Dilma possa dar
sua contribuição à coluna por um maior tempo, pois agora ela só tem mesmo é que
fazer shows humorísticos pelo país. E já cita exemplos, como aquele do
Congresso da CUT, onde ela diz ser a mais honrada, a mais íntegra, a mais ilibada
mulher de que se tem notícia. Em suas palavras textuais:
“Nós jamais negociamos ou negociaremos
com os malfeitos. Eu me insurjo contra o golpismo e suas ações conspiratórias.”
“Quem tem força moral, reputação
ilibada e biografia limpa suficientes para atacar a minha honra? Quem?”
“Nós sabemos que existem dificuldades
econômicas. E fazemos tudo para que o país volte a crescer. ..Nós precisamos de
estabilidade política…”
E foi além,
talvez olhando para Lula:
“A sociedade brasileira conhece os chamados
moralistas sem moral. E os conhece, em parte, porque o meu governo e o governo
do presidente Lula propiciou e estimulou [sic] o mais enérgico combate à
corrupção da nossa história.”
Leram bem? É
uma pena. Porque se o fizeram já não estão lendo mais este parágrafo, mortos
por embolia humorística, que é uma doença epidêmica propagada pela nossa musa
do humor, a Dilma. Talvez, algum leitor renitente ainda continue vivo para
dizer aos outros que tudo isto não passa do inesgotável senso de humor que ela
apresenta, em todo lugar.
Sem querer me
estender em análises humorísticas acadêmicas, basta verificar sua sutileza com
as palavras. Dizem que, quando ela usou as palavras “moralista sem moral”, o presidente da CUT deve ter perguntado: “O que diabo é isto? Eu nunca fui moralista
porque não sei o que é moral.” E caiu na gargalhada, junto com todos os
presentes que depois da pergunta constante da Dilma: “O que é o impeachment?”, gritavam extasiados: “É golpe, é golpe....”.
Todavia, devo
dizer que quem mais contribuiu, pelo menos indiretamente, com esta coluna foi
um delator premiado, o Fernando Baiano. Já há até um movimento na Bahia para
mudar o seu nome para Fernando Pernambucano, e eu não sei porque querem
congerir a honraria que a eles pertence. E seu maior feito foi encalacrar ainda
mais o Cunha, nosso Cunhão, sendo talvez o 100º delator premiado a dizer que
ele recebeu propina. Isto já está ficando monótono. Ele também acusou outros
políticos de estarem com a boca na botija, mas, foi a acusação ao Cunha, que
gerou o maior show de humor, talvez, da historia do Brasil, pois o Cunha continua negando tudo. Então se
temos de um lado a Dilma e Lula dizendo: “Eu
não sabia!” Agora temos o Cunha dizendo “eu nego!”. E depois que as autoridades da Suíça mandaram fotos, assinaturas
e recibos mostrando que as contas eram dele, ele, sabendo que agora não
adiantava mais negar, para se manter no palco, começou a brigar com a Dilma.
E, vejam lá
embaixo no filme do UOL (que na semana, em homenagem às crianças não foi
produzido), o resultado deste grande affair,
que promete adentrar pela próxima semana, com inusitada capacidade de riso
é must do humor nacional. Inclusive o
Cunha pode dar um show qualquer dia no Conselho de Ética da Câmara, porque tem
alguns dizendo que ele quebrou o decoro parlamentar, pois a história de dizer
que não tinha contas no exterior, não passava de lorota. E imaginem o potencial
para o riso quando ele lá declarar que os 5 milhões de dólares que estão lá na
Suíça, foram lá plantados para incriminá-lo! Na certa, surgirão deputados gritando:
“Quem quer me incriminar, mesmo que seja
com só 1 milhão?” Então agora, a grande batalha de Cunha é descobrir quem o
incriminou. Ele tenta acusar a Dilma, desta proeza, por isso joga com a ameaça
de impeachment para ver se ela retira a acusação. E todos sabemos que a Dilma é
inocente no caso. Não porque não quisesse ver a caveira do Cunha, mas, porque
pediu o dinheiro ao Levy, e ele disse que não tinha, pelo rombo orçamentário.
Então ficamos
assim. O maior suspense para saber quem sai primeiro do palco. E já aviso aos
nossos leitores que nossa coluna espera
que saiam os dois, para serem contratados em tempo integral. Já mandei até
preparar a papelada no setor de recursos humanos.
No entanto,
nesta semana, o show de humor maior foi dado pela nossa oposição, que foi
pegada de calças curtas pelo Cunha. Eles resolveram ficar com o Cunha para ele
pedir o impeachment da Dilma. Depois que descobriram que Cunha não é flor que
se cheire, subiram em cima do muro, e agora não sabem como descer. A não ser
que o Cunha resolva vir para esta coluna de vez, aceitando o pedido de
impeachment da nossa musa, renunciando e deixando a sujeira rolar solta no
Congresso. Todos sabemos que o Hélio Bicudo (que é bicudo mas não é tucano) deu
entrada noutro pedido de impeachment da Dilma (parece que o 956º), que mostra a
Dilma pedalando por Brasília já este ano. Com este adendo, talvez o Cunha tome
coragem e aceite o pedido, porque ele, em um dos seus “stand-ups” disse que “pedaladas
do passado não valiam!”. Por tudo
isto, a próxima semana promete.
E o Lula
mesmo atarefado pelas suas funções presidenciais, ainda deu um show “voluntário” na Procuradoria Geral da
República (PGR), para rebater as acusações de que ele poderia ter se
beneficiado do assalto à Petrobrás, investigado pela Operação Lava Jato. Quanta
injustiça, meu Deus. Todos sabem que o Lula e os filhos ficaram ricos jogando
no bicho. Mas sentiremos sua falta nesta coluna e, para fazer justiça com ele
que também é um gênio do humor, ao chegar na PGR, suas únicas palavras, durante
todo o interrogatório foram: “Eu não
sabia!”. Bastou isto para até agora, os que estavam presentes estejam de
licença por passarem mal devido ao excesso de riso.
E imaginem
que o Fernando Baiano afirmou ter repassado a Bumlai R$ 2 milhões. Fez isso por
meio de contratos frios de aluguel de equipamentos de uma empresa do amigo de
Lula. Como todos sabem o Bumlai (que não se perca pelo nome) é um grande amigo
de Lula, que tinha trânsito livre para o gabinete de quando Lula foi presidente
na primeira e na segunda vez. As más línguas dizem que ele tinha trânsito livre
para entregar a bufunfa, mas, isto pode ser intriga da oposição, o que duvido
muito, porque aqui a oposição não serve nem para fazer intriga. Quem duvidava
que o Instituto Lula, que é o maior formador de humoristas da nação, nos
últimos dias iria repetir a piada mais antiga do Chefe, caiu do cavalo. Se
segurem, foi: “Eu não sabia!”
O que sei é
que esta semana passada foi curta, mas, intensa, do ponto de vista político.
Também não é para menos, o único chefe de poder que, ainda, não está ameaçado de
cair, é o Lewandowsky. O dos outros dois poderes podem ser defenestrados a
qualquer momento. Como eles são os nossos maiores colaboradores, o Cunha e a
Dilma, a coluna espera que saiam os dois. E acha que se isto acontecer só pode
ser um golpe de humor.
Agora, vejam
o roteiro do filme da semana, feito pelos produtores do UOL, e o vejam logo em seguida
o filme com a briga entre a Dilma e o Cunha,
que mais parece aquelas gravuras do famoso Folheto de Cordel: A
Briga do Cachorro com a Onça. É uma verdadeira novela. E até a próxima
semana onde pretendemos reportar o resultado desta briga.
“Nem "A Regra do Jogo", da
TV Globo, nem "Os Dez Mandamentos", da Record. A novela que tem feito
sucesso mesmo é "Dilma X Cunha". Nesta semana, a presidente Dilma
Rousseff (PT) elevou o tom contra a oposição, que trabalha pelo seu
impeachment. Já o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
disparou um "vão ter que me aturar um pouquinho mais" diante de novas
denúncias contra ele.”
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