Por Zezinho de Caetés
Hoje, cansado de procurar na imprensa se o Lula vai ser
preso ou não, se a Dilma vai ser impichada ou não, se o Bumlai vai voltar de
Miami ou não, eu parti para apresentar um texto com assunto internacional.
O Sandro Vaia escreve hoje (Blog do Noblat), um artigo
intitulado “As botas de maduro”, em
que fala da Venezuela, o que seria a mesma coisa de escrever sobre o Brasil, se
o poder Judiciário em momentos de glória não tivesse levado à frente o mensalão
e o petrolão.
Se hoje, já temos muitas coisas da Venezuela, como verão ao
ler o texto do Vaia, não chegamos ainda ao ponto de ficar sob as “botas do Lula”, como foi sempre o
objetivo do PT, seguindo os ditames do Forum de São Paulo.
No entanto, ainda corremos sérios riscos de chegarmos às “botas do Maduro”, se não lutarmos para
que o maior roubo da história do mundo, fique impune. E parece, pela reação
popular, que chegaremos lá. Quando vi um
vídeo, com o povo chamando Lula de ladrão, minhas esperanças se renovaram.
Agora fiquem com o Vaia, leiam com atenção e não deixem o
Brasil cair de maduro.
“A Venezuela tem a poção mágica das “democracias" bolivarianas. A
principal delas é ganhar eleições mesmo com menos votos do que os adversários.
Na última eleição parlamentar, em 2010, o PSUV, partido
chavista-madurista-petroleiro-bolivariano, teve 48,13% dos votos e com eles fez
uma bancada de 96 deputados. As oposições, com 51,7% dos votos conseguiram
eleger 71 deputados.
Conhecemos esses milagres autocráticos desde os tempos da ditadura
militar brasileira. Naqueles tempos, os truques do governo para garantir
maiorias com menos votos eram metaforicamente chamados de “casuísmos”. Não dava
pra eleger? Eles nomeavam.
Os bolivarianos, mais criativos, inventaram uma espécie de média
harmônica para dar mais peso aos votos a favor do governo do que aos votos
contra. Assim, com menos votos conseguem-se mais deputados. Manteve-se assim a
farsa sob a aparência de “democracia”.
O repertório de truques para as eleições parlamentares deste ano,
marcadas para o mês de dezembro, perdeu bastante da sutileza e do glacê
democrático com que os chavistas cobriam o seu bolo autoritário.
O governo da Venezuela arrancou os véus diáfanos de sua fantasia e
começou por colocar na cadeia alguns de seus principais adversários, líderes
oposicionistas notáveis, e proibiu a participação de outros nas eleições. Todos
“conspiradores”, evidentemente, como é capaz de atestar sem nenhum
constrangimento a Justiça venezuelana, aparelhada e controlada pelo governo até
a raiz dos cabelos.
Quem lembra da “democracia relativa” do general Geisel sabe muito bem o
que pode significar a “ditadura relativa” de Nicolás Maduro.
O único país da América Latina que cresce menos do que o Brasil, e que
enfrenta uma brutal crise de desabastecimento, além de uma inflação de 150% ao
ano que o governo tenta esconder, a Venezuela sofre ainda os efeitos provocados
pela queda do preço do petróleo-sua única fonte de renda.
Quanto mais a miséria material avança sobre o povo venezuelano, mais o
governo de Maduro chafurda na miséria moral de uma ditadura sem disfarces.
A última grande desfaçatez do governo venezuelano foi a de decidir
quais são os “observadores independentes” que o chavismo vai tolerar para fazer
um acompanhamento da lisura das eleições de dezembro.
Primeira condição é a de que os “observadores independentes” não tenham
independência nenhuma. Só serão aceitos se forem da Unasul-Uniao de Nações
Sul-americanas- e se a fiscalização for feita em zonas eleitorais escolhidas
pelo governo.
Ainda assim há restrições: o Tribunal Superior Eleitoral indicou o
ex-ministro Nelson Jobim como chefe da missão de observação da Unasul. O nome
foi aprovado pela Presidência da República e pelo Itamaraty. Mas o governo de
Maduro vetou o nome.
Em razão do veto, o TSE decidiu não participar da missão de observação
da Unasul, o Brasil recolheu seus zagueiros e nem Dilma Rousseff nem o
chanceler Mauro Vieira deram um pio de protesto.
Mais uma vez a diplomacia brasileira se curva às taras dos populistas
bolivarianos do subcontinente, abre mão de sua independência e de sua dignidade
e silencia diante de mais esse passo de Maduro em direção à ditadura sem
disfarces.”
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