Por Carlos Sena (*)
Num debate na Radio Jornal Um
pastor protestante se disse horrorizado com duas meninas que ele presenciou
trocando carinho dentro de um metrô do Recife. Alegava, dentre outras coisas,
que além de falta de respeito elas tinham que escolher um lugar apropriado para
"aquilo" (grifo meu). Foi
quando entrou um debatedor e arrematou: "mas isso os héteros fazem em
qualquer lugar e o senhor não reclama! Só porque são de sexos diferentes?"
O pastor tergiversou, foi lá, veio cá mas nada convenceu acerca do seu
preconceito. Eu, no meu canto escutando só pude mesmo ficar matutando acerca
dessa postura revertérica do pastor em pleno século XXI. E não pude me ocultar
acerca do que deita e rola nas sacristias das igrejas e nos púlpitos
evangélicos, tudo por debaixo do pano, igual a canção "O QUE VOCÊ FAZ É
POR DEBAIXO DOS PANOS, PRA NINGUÉM SABER..." Sepulcros caiados, ora
direis"! E eu vos asseguro que sim, se não no grosso, mas no varejo. Mas
temos que ponderar, pois afinal eles (padrecos e pastorecos) embora não pareçam
mas são pecadores; embora não pareçam mas estão salvos (principalmente os
evangélicos). Pelo gongo, mas salvos. Só não se sabe "salvos de quê".
Porque uma coisa que dá panos pras mangas é falar do fiofó dos outros. Ou dos
zoto como gosto de sincopar. Tudo bem que existem bons pastores e bons padres.
Mas, essas são categorias que menos deveriam ter gente escrota ocupando posição
tão importante para formação de gente temente a Deus, mas felizes. Igual esse
pastor que mencionei há um montão deles vivendo a semear o pecado para depois se
meter a perdoá-los. A parte mais frágil que eles atacam é a sexualidade por
motivos óbvios. Não só a sexualidade homo, mas todas, posto serem elas
geradoras do medo e do terror - pratos cheios para alimentar a falsa moral
dessa corriola que vive furunfando e fornicando
por debaixo dos panos.
O debate na emissora citada
seguiu a bom termo, mas o pastor, agarrado à bíblia se perdia em argumentos
pífios e frágeis mais parecendo um Hitler tupiniquim.
A gente sabe que as igrejas não
faturam em cima de um deus libertador. O deus que faz as igrejas faturarem alto
é aquele que castiga, que manda pro inferno. Um deus que serve para fazer medo
às crianças. Diferente do Deus de Dom Helder e tantos outros que é pura
libertação, amor e perdão. Afinal somos todos pecadores pelo simples ato de
termos nascido (pecado original). O que querem esses padrecos e pastorecos? Que
sejamos infelizes na terra para que eles nos vendam o céu?
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 24/04/2014
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