Por Carlos Sena (*)
Nordestino adora duas coisas,
prioritariamente: farinha e cuscuz. No viés do futebol quem come cuscuz é o
torcedor Náutico, fanáutico, santamante, sportamante. Porque futebol é esporte
aglutinador do bem e não combina com ufanismos baratos que leva pessoas
(pessoas?) a transformar futebol em fútilbol. Um exemplo do fútilbol é a
virulência da violência que os vândalos proporcionam. Em nome de uma
"cor" por motivos de um título perdido invadem as sedes, quebram,
incendeiam o patrimônio. Um pouco da lógica do "zoio e da ramela"-
uns gostam dos zoio e outros da ramela, como costumamos dizer na intimidade
brejeira. Esses vândalos funcionam um pouco no ritmo de quem come cuscuz e de
quem com os cus come. São um bando de kukagadodebosta que não sabem nem por que
torcem, mas sabem por que cospem no prato que comem fingindo ser torcedor. O
pior disto é que os estádios estão se esvaziando e os verdadeiros torcedores
deixam de vociferar suas paixões decentes e sem violência. Os culpados, certamente
são muitos, principalmente os pais e a fragilidade da nossa educação que não
forma, mal informa garotos que vão pro mundo viver sem razão e fazem do futebol
sua razão. Fazer do futebol razão pra viver só nos entristece - esse é o
diagnóstico mais precoce para compreender os vândalos que jamais serão
sândalos, ao que se prenuncia.
Sem delongas, sem mais panos para
mangas azedas, melhor é deixar de ir aos estádios. Comprar uma TVzona e ficar
em casa: livre de vândalos, livre de engarrafamentos, longe de outros
aborrecimentos. Porque quem nasceu pra tostão nunca chega a dez minréis; quem
nasceu pra comer cuscus (com os cus) nunca irá saborear um bom cuscuz; quem
nasceu pros zoio nunca enxergará sem a turva percepção das
"ramelas"...
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 25/04/2014
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