Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
No carnaval deste ano de 2014 resolvi
curtir em casa. O barulho do carnaval cheio de axé, sem o carnaval de clubes já
não me atraem. O carnaval dos nossos dias é somente uma “manada” de gente
acompanhando ao alguns loucos em cima de um caminhão gritando e cobrando rios
de dinheiro por apresentação “mixuruca” O barulho ensurdecedor leva a loucura a
um bocado de loucos. O que mais se vê? Nada! O que se vê nos atuais carnavais
de Olinda é a violência. Roubos, assaltos, prostituição, drogas, que levam as
famílias se distanciarem do foco da folia. Aqueles que se ariscam correm o
risco de sofrer alguma agressão. Vale a pena a ir para algum lugar? “Boa
romaria faz que em sua casa esta em paz” dizia o meu velho pai quando eu saia
para brincar o carnaval em tempo atrás. Mas nem tudo esta perdido. Alguns
foliões ainda ousam manter alguma tradição de um carnaval sadio, com o frevo na
rua, como o Bloco da Saudade entre outros, por abnegação dos foliões que
curtiram um carnaval de ouro em tempos passados. As bandas e as orquestras se
aposentaram pela imposição dos diretores de clubes do Recife e do interior. As
manhãs de sol em clubes não existem mais. O sábado que era tradicionalmente de
ZÉ PEREIRA passou a ser do GALO DA MADRUGADA, que não tem mais nada de
MADRUGADA, passou a ser o “FRANGO DA MANHÔ, pois este bloco somente sai por
volta da onze horas manhã, deixando a sua característica de antigamente, quando
o Galo passava por volta das seis horas da manhã e nós já estávamos aposto na
calçada do Bar Savoy na Avenida Guararapes, saboreando a orquestra que entoava
vários frevos alegrando os foliões. Os passistas com suas fantasias de pierrô,
colombina, marinheiros eram protegidos por uma corda em volta por homens de
bonés de marinheiros. Paravam em frente ao prédio do Diário de Pernambuco na Pracinha,
ponto central e parada obrigatória do Galo. Era um carnaval que brincávamos o
tempo todo dentro de uma paz e alegria. Havia sim alguma discursão e brigas na população,
mas não a violência que impera no tempo atual. Em Olinda passou ser o carnaval
dos arrastões e agressões. As ladeiras entupidas por marginais que vão roubar e
desacatar as pessoas. E a policia? Fazem muita coisa, no entanto, não pode
estar em todo lugar para coibir estes desatinos. E assim o carnaval nos deixa em casa, pois se sairmos não sabemos
se voltamos ilesos. A molecada faz de tudo pelas ruas , urinam, defecam, praticam
atos obscenos. Sinto saudades dos
carnavais de outrora, com fantasias simples, pierrô, colombina, marinheiro,
pirata, acompanhado do frevo, jogando serpentinas e confetes coloridos,
colorindo os cabelos das pessoas que assistiam os desfiles. À noite, sempre o
baile nos clubes da cidade com orquestra de frevos animando as pessoas, com os foliões
arrodeando o salão com lança perfume e toalhas no pescoço para enxugar o suor
seu e de sua acompanhante, namorada, noiva ou esposa. Como brinquei em vários
lugares, lembro primeiramente dos primeiros passos em minha querida cidade de Bom
Conselho, no desfile do BLOCO AMIGO DA
ONÇA, a criançada saia pelas ruas acompanhadas pelos pais e o estandarte na
frente à figura do “Amigo da Onça” tão presente na pagina da revista O Cruzeiro; em Garanhuns, pela manhã saímos no
mela-mela, visitando as residências doa amigos tomando licores, batidas e
cervejas, à noite nos salões da AGA, SETE DE SETEMBRO, UNIÃO E NO SPORT, a
escolher; No Recife, o ponto de concentração era o bar Savoy, na calçada vendo
os blocos passarem, pela manhã, à tarde os matine e a noite nos clubes
Atlético, América, Banorte, Internacional, Português e nos salões do meu
querido clube SPORT CLUBE DO RECIFE. AS musicas eram sonoramente cantadas pelos
foliões - Olhem a cabeleira do Zezé...,
Você pensa que cachaça é agua...., Os teus cabelos não negam....., Vem cá seu
guarda bote este moço pra fora, que está com pó de mico no bolso...., Oh
jardineira porque estas tão tristes...., Mamãe eu quero, Mamãe eu quero, mamãe
eu quero mamar...Quem sabe, sabe, conhece bem como é gosto gostar de alguém...A
lua é dos namorados.... Índio quer apito índio, me dá um dinheiro aí... Daqui
não saio daqui ninguém me tira... Menina vai, com jeito vai...o teu cabelo não
nega, mulata... E assim passeio o carnaval curtindo esta musicas de outrora.
Vale a pena você recordar e cantar quando estiver tomando banho...
Nenhum comentário:
Postar um comentário