Nick, o CACHORRO DE BOTAS em seu passeio matinal |
Por Zé Carlos
Esta semana encontrei o Nick, o Cachorro de Botas, firme e
altaneiro como convém a um cachorro que aqueles que conhecem sabem que o seu
caráter não lhe permite um pouco de humildade com os seus semelhantes, a não
ser com o objetivo de manter seu controle sobre os outros. Logo que me avistou
fez um sinal característico com sua pata direita, não muito compreensivo para
nós humanos mas que eu deduzi ser um sinal de chamada para aproximação. Já
havia terminado meu passeio/caminhada e resolvi aceitar o convite sentando-me
num banco perto dele. E suas primeiras palavras deram o tom da conversa:
- Zé Carlos, eu soube
que você andou conversando sobre política com o vira-lata do Doby, não é
verdade?
- Bom dia, para você
também, Nick! É verdade. O que você quer dizer com vira-lata é bom ou é ruim?
Nick se apoiou em suas patas traseiras e, com um ar de
deboche pergunta:
- Para qual tipo de
gente você quer que eu defina um vira-lata? Pois como você sabe, da mesma forma
que vocês humanos sabem, as palavras sempre dependem do contexto onde estamos.
Por exemplo, veja o comportamento do dono do Pau-de-Arara, o Lula, quando ele
diz que alguém é pobre, do qual ele diz ser um grande defensor. Peça a ele para
dizer o que é pobre e você verá o que estou tentando dizer.
Lembrei então da Escolinha do Professor Raimundo do saudoso
Chico Anísio, e de um dos seus diletos alunos, o Rolando-Lero, e tendo vontade
de imitá-lo, não hesitei:
- Não copiei, Divino
Mestre!!!
E o Nick continuou, agora com o ar de riso. Pelo menos me
pareceu, mesmo que dizem que cachorros não riem. Quanta injustiça com os
animais:
- O Pau-de-Arara me
contou que certa vez o Lula estava num comício e alguém o perguntou de lá de
baixo: “Lula, o que é um pobre?”. Ele, não se fez de rogado. E começou sua
explicação:
“Um pobre é alguém que
vota em mim. E por isso sempre o defendo contra os ricos que votam no PSDB e
noutros partidos das elites. Por exemplo, hoje o Sarney é tão pobre quanto eu,
porque vota em mim. Mas, aquilo já foi um riquinho mimado e eu falava cobras e
lagartos dele, porque meu ideal de vida é defender os pobres. Vejam que eu
tentei três vezes me eleger presidente da república, e não conseguia porque
nosso país era composto mais de ricos e como você sabe, rico é aquele que não
vota em mim. Em 2002 descobri que precisava, para ser eleito, conseguir mais
pobres, ou sejam que votassem em mim e lancei uma Carta ao Povo Brasileiro, que
dizia que, se eleito, tudo continuaria como antes e que eu não brigaria mais
com os ricos. Não deu outra, foi uma enxurrado de ricos virando pobre que me
elegi fácil, fácil. E como os pobres cada vez aumentam mais neste país, vai ser
difícil perder as eleições. Elegi até a pobre Dilma, uma das mais pobres do meu
grupo e que nunca me abandonou. Hoje estou aqui pedindo que votarem nela outra vez, para que a pobreza
nunca deixe de aumentar neste país. Portanto, caro pobre perguntador, vote na
Dilma, que ela é pobre. Veja, o Eduardo era pobre e agora ficou rico, e pobre
não vota em rico.”
Achei a definição um pouco estapafúrdia mas Nick foi ao
ponto:
- Espero que tenha
dado para você entender. Quem é pobre e quem é rico depende do contexto. O
Pau-de-Arara, um cachorro sempre fiel ao dono, me disse que nos últimos tempos,
o Lula está querendo deixar de ser pobre e ficar rico.
- Mas, Nick, e o Lula
é pobre?
- Penso que vou ter
que desenhar prá você, Zé Carlos. Você precisa está mais por dentro da política:
Pobre é aquele que vota em Lula e agora na Dilma. O que dizem é que Lula se
arrependeu tanto de ter lançado a Dilma candidata, depois das lambanças que ela
está fazendo, que não votará mais nela, deixando de ser pobre. Quer voltar a
ser candidato e votar nele para não deixar de ser pobre. Pois, como você sabe,
neste país, pobre serve para todos os propósitos, menos para se tornar rico. O
Lula não deixa. Para mim é compreensível. O que seria de Lula sem os pobres?
- É, Nick, é difícil
de te entender mesmo. Vou pensar no assunto, embora, já perceba que, pelo que
entendi eu não sou pobre.
- Você é um burguês,
Zé Carlos, igual àquele cachorro vira-lata, o Doby. Têm horror à justiça social,
principalmente no reino animal.
- Menos, Nick, menos!
Disse eu já me levantando. Lembrei que, ao publicar aquela
Lei do Poder citada por ele em postagem anterior me rendeu vários e-mail
pedindo as outras leis. Então ainda perguntei:
- Nick, e as leis do
poder, não vais continuar?
Ele, mostrando um ar de sabichão poderoso disse:
- Todas não porque são muitas mas, veja a segunda: “NÃO CONFIE DEMAIS NOS AMIGOS, APRENDA A
USAR OS INIMIGOS”. E veja a explicação simples do autor (disse tirando um
livro do bolso da coleira):
“Cautela com os amigos
– eles o trairão mais rapidamente, pois são com mais facilidade levados à
inveja. Eles também se tornam mimados e tirânicos. Mas contrate um ex-inimigo e
ele lhe será mais fiel do que um amigo, porque tem mais a provar. De fato, você
tem mais o que temer por parte dos amigos do que dos inimigos. Se você não tem
inimigos, descubra um jeito de tê-los.”
Com esta eu me levantei e disse até logo ao Nick. Não sei
por que me veio à mente o Lula e o Collor. Antes de ir mesmo olhei para o alto
do escorrego e vi o Doby balançando a cabeça em sinal de reprovação. Mas, não
falou nada...
Nenhum comentário:
Postar um comentário