Por Zezinho de Caetés
Deixem-me confessar que sempre gostei de futebol, e mais
ainda de jogos da Copa do Mundo. Consequência: Meu tempo de escrever ficou
inversamente proporcional à dedicação em ver os jogos. Por isso fico mais do
que atrasado nas minhas leituras, mas, um craque em interpretar cada partida do
Brasil e de outros países. Conclusões intuitivas até agora, depois da primeira
rodada desta fase que elimina os que aqui vieram fazer turismo: Alemanha e
Holanda estão na frente outra vez. Ora, julgar-me-ão um impatriota ao dizer
isto. Da mesma forma se tornou impatriota para o PT qualquer verdade que seja
dita sobre a economia brasileira e a queda da Dilma.
Falei em Dilma? Então falei em futebol. Hoje é muito difícil
esquecer a gerenta presidenta quando se fala de Copa. Depois dos xingamentos
que ela recebeu (transformados pelo Zé Carlos em: “Oi Dilma, vá comer chuchu!”, com muita propriedade vejam aqui)
no Itaquerão, ela jamais será esquecida. Mesmo depois de muitos anos, talvez
quando o Brasil voltar a sediar uma Copa, em 2074, esta partida será lembrada
como aquela em que ela realmente “comeu
chuchu”, por ter se escondido do povo, e teve uma indigestão tão grande que
desistiu de ir ao jogo com sua colega, Angela Merkel, ver a Alemanha dar um
baile maior do que o da Ilha Fiscal em Portugal. Foi também medo da alemã
tentar fazer qualquer comparação com o Brasil. Sua indigestão seria ainda muito
maior.
Imaginem se ela tivesse ido a Fortaleza ver o bisonho Brasil
empatar com o México. Certamente, a torcida a levaria à loucura mandando ela
comer gerimum com leite. Isto se não passassem à tentativa de homicídio
mandando-a comer manga com leite, que,
segundo minha mãe, espanhola de boa cepa, dizia que esta combinação “falta um grau prá veneno”.
Eu só fico imaginando hoje, a partir deste jogo, o que será
de nossa gerenta presidenta comparecendo à final da Copa, com o Brasil fora
dela. Não, ela não seria louca a este ponto. O povo a mandaria comer chuchu com
algo que amarga e fede “qui nem jiló”.
Deus a livre e nos livre também deste cardápio.
Abaixo, para não perder o hábito, eu transcrevo um texto que
foi intitulado “Pornografia e Política”,
do Ruy Fabiano (Blog do Noblat – 14/06/2014). Ele comenta o episódio do jogo de
estreia da Copa e sua relação com a gerenta presidenta, de uma forma muito
apropriada. E vai a um ponto que, para quem conhece Lula, desde criancinha,
sabe muito bem, que ele sempre foi o maior boquirroto do Brasil, e quando fala
a pornografia abunda. Também, como contar a história da sua iniciação sexual lá
por Caetés, numa entrevista, sem apelar para pornografia? Agora, se perguntarem
quem foi o culpado ele dirá que foi a cabra, ou que não sabia que não se
deveria fazer isto com um ruminante. Neste caso, “casa de ferreiro, espeto de pau”, como dizíamos lá em nossa querida
Caetés.
As reações lulopetistas aos xingamentos dirigidos à gerenta
presidenta são de um hipocrisia ululante, lembrando o nosso Nelson Rodrigues
hoje revivido em algumas crônicas nesta AGD. E como dizia este nobre escritor,
o campo de futebol é o templo da xingação, é o lugar onde se vaia até minuto de
silêncio. Embora, seja verdade também que há aplausos para aqueles que os merecem.
E a pergunta que fica é a seguinte: “Nossa
gerenta presidenta está merecendo aplausos ou uma boa sopa de chuchu?”.
Fiquem com o texto do Ruy Fabiano que eu vou ver outro jogo
da Copa. Para ser justo com Neymar, que “quase”
jogou bem no 0 x 0 contra o México, o Messi não aguentará, também, levar a
Argentina nas costas.
“A novidade da vaia dada no Itaquerão à presidente Dilma foi o seu teor
ofensivo, de baixíssimo calão. Sempre se vaiou tudo num estádio de futebol, mas
apenas ao juiz estavam reservados os palavrões mais cabeludos. Dilma foi
brindada com a novidade, que Lula, com toda razão, classificou de “falta de
educação”.
O estranho, no entanto, é que tal puxão de orelha tenha partido de
alguém que, no cargo de presidente da República, quebrou todos os protocolos
verbais, chamando seus adversários de “babacas”, proferindo com a maior
naturalidade e frequência as expressões mais chulas – como “merda”, “tira a
bunda da cadeira” - e reclamando do falso moralismo de quem o criticava.
O presidente da República, seja ele quem for, tem, por força do cargo,
papel de referência perante o público. Se ele pode dizer palavrões do alto dos
palanques, todos se sentem com o mesmo direito. É ele quem, mais que qualquer
outro, estabelece os limites verbais e comportamentais que o público há de
seguir.
Deve-se ao PT, aliás, a quebra de todos os limites protocolares na
política. Pornografia verbal é sua manifestação menos ofensiva. Quando deriva
para atos – e atos com dinheiro público -, eis sua forma mais abjeta e
deplorável.
A privatização dos bens públicos, por exemplo. Quando Lula mudou a lei
da telefonia e permitiu que seu filho intermediasse a bilionária fusão da
Telemar (Oi) com a Brasil Telecom, praticou um ato moral? Antes, a Telemar, da
qual o BNDES era sócia, já havia injetado R$ 5 milhões numa empresa de fundo de
quintal de Lulinha, a Gamecorp. Isso, sim, é pornografia.
E a Petrobras, que a Polícia Federal diz estar infiltrada por uma
“organização criminosa”? E o Mensalão? Lula chamou repetidas vezes José Dirceu
de “capitão do time”. Trancafiado na Papuda, seu capitão deixou de ser alguém
de sua confiança, como disse em recente entrevista em Portugal. Só faltou dizer
quem nem o conhecia. Pode haver algo mais pornográfico?
Na campanha eleitoral passada, no cargo de presidente da República,
burlava a lei e debochava das multas do TSE, perguntando à multidão quem lhe
ajudaria a pagá-las.
No Mensalão, uma pornografia institucional, produziu algumas
amoralidades. Disse que fora traído, sem mencionar por quê ou por quem. Disse
que o PT errara e tinha que pedir desculpas ao povo brasileiro. Depois – e
desde então -, disse que o Mensalão jamais existiu, que havia sido uma
tentativa de golpe contra ele e o PT.
Tentou induzir o ministro Gilmar Mendes a adiar o julgamento, ameaçando
denunciar supostas – e devidamente desmentidas - mordomias que teria recebido
por parte do bicheiro Cachoeira.
Reclamou da “infidelidade” de Joaquim Barbosa, dizendo que o nomeara
por ser negro e não um jurista competente. Racismo pornográfico, jamais
reclamado pelo movimento negro. Sigamos.
Ao receber a faixa presidencial de FHC, disse, com emoção: “Fernando,
aqui você tem um amigo”. No dia seguinte, passou a atribuir ao “amigo” todas as
mazelas do país, debitando-lhe uma suposta “herança maldita”. Quando se viu
ameaçado de impeachment, ao tempo do Mensalão, correu ao “amigo” para pedir
auxílio, que estranhamente recebeu.
E a Rosemary Noronha? Tratava-se de “uma amiga íntima”, sem
qualificações técnicas. Mesmo assim, ganhou cargo de primeira na República.
Lula, além de levá-la clandestinamente nas viagens internacionais a que a
primeira dama Marisa não comparecia, criou um escritório da Presidência da
República em São Paulo - que não existia antes e deixou de existir depois de
exposto o escândalo - e a brindou com a chefia.
De lá, como se sabe, ela passou a influir na nomeação de figuras
carimbadas para os mais altos postos da República – figuras que hoje estão aos
cuidados da Polícia Federal.
Rosemary perdeu status e regalias, mas tem a defendê-la um dos mais
caros escritórios de advocacia de São Paulo (remunerado não se sabe como). Mais
pornográfico é saber que o caso está envolto em um manto de silêncio.
Mil vezes menos escandaloso é o grito ofensivo da multidão no estádio,
cuja construção se deve a Lula, que, por cautela, ausentou-se de sua
inauguração. Bertolt Brecht perguntava, com sarcasmo: “O que é um assalto a
banco diante do próprio banco?”
A pergunta cabe perfeitamente no caso presente. Não aprovo a conduta da
multidão do Itaquerão, mas quem sou eu para lhe dar lições de moral? Transfiro
a tarefa a Lula, o grande pedagogo das multidões, que as acostumou ao convívio
constante com palavrões e atos políticos pornográficos.”
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