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segunda-feira, 22 de abril de 2013

UFA, temos Papa.





Por Carlos Sena (*)

UFA, temos papa. De maisena, de massa puba, de mandioca, de milho, de. Papa é bom porque desce redondo em nossa goela, embora o Papa represente muita coisa que não engolimos. Num olhar de soslaio lembramos um balaio de gatos em que a igreja se meteu durante séculos: em nome de Deus matou e condenou. Em nome de satanás bolinou crianças a mercê, bolinou Erê, bolinou. Em várias paróquias, uma anarquia: sacristia repleta de heresia, de falsa moral, de... Reticências, ah as reticências! Se não fossem elas o meu texto seria “textículo”, o meu verso “versículo” e o meu terço um rosário de lágrimas choradas e por chorar. Ufa, temos Papa.

Não sei se procede, mas ouvi dizer que PAPA é uma sigla: Pedro Apóstolo Príncipe do Apostolado. Atolado mais que príncipe? Há quem diga que sim,  mas é preciso rever esses conceitos protocolares. Afinal, a grande retórica da própria igreja está na afirmação meio idiota de que se condena o pecado, mas não o pecador. Isso aconteceu com a questão dos homossexuais em que foi dito isso. Nesse gancho vocabular, acho que a gente tem mesmo que encarar o Papa como encaramos a papa. Papa fina: a gente pode não gostar, mas desce. Papa quente, a gente assopra e ela desce. Papa aguada a gente põe uma gotinha de adoçante e ela desce. Papa de qualquer coisa, a gente bota qualquer outra coisa nela e “pimba”, ela desce. Mas a papa desce para o nosso organismo e o Papa? Ele desce ou ele sobe? Ele aparece ou ele some? Assim, o vaticano fica mais pra cano do que para água. Se mais pra água ele, o Papa, poderá ser santo até debaixo dela? E se for só humano ele vira boneco de pano?

Tudo pode acontecer, inclusive nada. Mas, no reino das acontecências a realidade é nua e crua, mais nua do que crua porque quem se atreveria a cozinhar os pecados da santa madre igreja? É assim a peleja dela conosco. Tudo porque preferiu ignorar que o mundo mudou e que se fosse para padres ser celibatário padre deveria ser eunuco. Assim, quem arrisca não petisca, mas os papas ariscaram e petiscaram no reino da riqueza dos mais ricos em opressão a ignorância dos mais pobres. Soube que Dom Helder teria mando o Papa Paulo VI vender o vaticano e dar o dinheiro aos pobres! Só não me lembro do que o papa respondeu, mas isso foi certamente, uma provocação inteligente do nosso Dom.

Ufa. Temos papa! Argentino, mas Papa. Fico pensando que antes da fumaça branca sair, eles dançaram uns com os outros um tango Argentino. Imaginei logo La Cumparcita que eu adoro. Agora imaginemos aquele salão belíssimo da Sistina com aqueles senhores paramentados com aquelas saias esvoaçantes dançando feito libélulas no ar! Acho digno se isso tivesse acontecido. E as sandalinhas deles em formato Anabela? E aquelas cores berrantes misto de roxo com lilás e rosa? E se fosse mesmo? Ninguém teria nada a ver com isso. Afinal o papa não é franco, mas é Francisco. Não é babado nem é bico. É simplesmente o Papa Francisco – da ramagem franciscana, uma das mais sérias e comprometidas irmandades do mundo católico e cristão. Só por isso, salve ele, salve o Francisco.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 13/03/2013

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