Por Zezinho de Caetés
Eu já disse, certa feita, que, ser considerado de direita
hoje no Brasil, é quase um privilégio. E este privilégio é maior se as
esquerdas definem o que é a direita. Para os esquerdistas ser de direita, é
defender a Constituição e as leis. É defender que ladrão do dinheiro público,
mesmo que seja dirigente partidário vá para cadeia porque cometeu este delito.
É defender a iniciativa privada na economia sem a interferência maléfica do
Estado produtor, com sua ineficiência paquidérmica. É dizer que se o PT
continuar governando este país ele não sobreviverá nem para ver a múmia do
Chávez apodrecer.
Ou seja, é não acreditar em passarinhos onde reencarnam
caudilhos. Sendo isto, eu me considero de direita. Mas, agora, com o episódio
da ascensão do Feliciano à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos
Deputados, ser de direita também é concordar com o Feliciano, na crença (ele
diz que não) de que ele é homofóbico e racista. Meu direitismo não leva a
tanto, mas, não posso concordar com os métodos que estão tentando se utilizar
alguns para que o Feliciano renuncie. Ele não feriu nenhum artigo da Constituição
nem itens regimentares de sua instituição para que ele seja forçado a
renunciar. Este é um problema político da própria Câmara e como tal tem que ser
resolvido. O crime de opinião foi abolido em nosso país, por não acreditarmos
que passarinhos reencarnem.
Se o Feliciano quiser fazer como o Renan fez e renunciar, na
carreira, para não ser atingido pelos seu pares que o faça. Se não quiser que
fique no cargo e se vire como pode.
O texto que abaixo transcrevo é do jornalista Sandra Vaia, e
foi publicado no Blog do Noblat em 05/04/2013, tendo como título o que me
chamou atenção: “A estupidez a galope”.
O fato citado por ele e que chama atenção, relacionado com o posicionamento de
esquerda ou direita, é o anúncio feito por uma cantora famosa (eu confesso que
não gosto muito, e se for chamado de direita por isso, eu o sou), a Daniela
Mercury de seu casamento com uma pessoa do mesmo sexo. Criou-se então o dilema.
Se você é contra a união gay, então, segundo dizem, você é a favor do
Feliciano. Se você é contra o pastor Feliciano então você é a favor da união
gay.
Falsos dilemas, da mesma forma da distinção estanque entre
direita e esquerda. As posições políticas são um contínuo que podem ir da
extrema direita (hoje eu não sei mais nem colocar nesta situação, pois o
ditador norte coreano é de esquerda e tem tudo a ver com o Hitler) até a
extrema esquerda (nova dúvida de classificação pois hoje não sei mais onde está
o Fidel ou os dirigentes chineses). Mas, as milícias não usam a lógica, elas
usam o poder de persuasão, para atingir seus fins.
No caso do Feliciano, eu penso que as esquerdas (será que
posso colocar Dilma e Lula aqui? E o bandido rico Zé Dirceu?), representados
por artistas cuja missão é aparecer na mídia estão dando um tiro no pé com sua
adesão em massa contra o Feliciano e suas ideias. E haja beijos na boca entre
pessoas do mesmo gênero (ainda não vi nenhum de homem, que, mesmo sendo contra
o preconceito, acho estranho) para mostrar que gay é gente como a gente como se
isto precisasse de prova. Estão chegando a um nível de intolerância tal que
afetará negativamente os próprios grupos que eles dizem defender. Quem viver, e
andar beijando na boca de qualquer um, verá. Eu só acompanho, pois já estou
velho para protestar ou não protestar desta forma. Fiquem com texto do Vaia e
meditem.
“Olhe bem por onde você anda ou o que você ouve. As milícias estão
vigiando você nas redes sociais e podem te transformar num dejeto em um abrir e
fechar de olhos.
Elas acompanham teus passos e se você não gosta de Daniela Mercury,
cuide-se: você pode ser um homofóbico sem caráter pronto para ser dizimado.
Mas o que você quer é apenas evitar que alguém te obrigue a ouvir
Daniela Mercury e está se lixando pra vida particular dela? Pouco te importa se
ela casou com um homem ou com uma mulher, ou mesmo se ela apenas se casou?
Prefere simplesmente ouvir Elis Regina, Ella Fitzgerald, Maria Callas ou Renata
Tebaldi?
Cuidado, as milícias estão de olho em você.
Se Daniela Mercury avisou ao mundo que casou com uma mulher - a esposa
dela- e está feliz, e você estiver simplesmente se lixando pra isso, pode ser
sinal de que você apoia o pastor Feliciano. E isso é pior do que jogar pedra na
cruz. Mas receber o espírito de Hugo Chavez em forma de “pajarito chiquitito”
passa a ser conversa de estadista.
O futuro presidente Maduro, da Venezuela, não é um "bocó" ,
mas apenas um sensitivo. Se ele insinua que o adversário pode ser homossexual,
isso não é homofobia, é pensamento dialético de esquerda.
A estupidez, que antes trotava, agora galopa.
Se você diz que o deputado Feliciano - que a maioria prefere chamar de
“pastor” em vez de deputado, como se isso fosse uma ofensa - é uma belíssima
besta quadrada, mas tem todo direito constitucional de dizer o que bem
entender, dado que não existe delito de opinião no País, você passa a ser um
felicianista, e consequentemente racista e homofóbico, que hoje em dia é crime
mais grave do que o genocídio.
Ou você sai por aí a beijar um semelhante do mesmo sexo, ou você está
condenado ao fogo do inferno. Absolva-se beijando o vizinho. Ou um artista de
certo renome - de preferência que já tenha passado pela Globo. Você tem que
garantir um mínimo de mídia, ou morre anônimo. Ninguém notará a sua existência.
A marcha da estupidez é implacável.
Esta semana apareceu nas redes sociais uma gravíssima acusação contra o
eventual-quem-sabe-futuro-candidato-do-PSDB-à-presidência, o mineiro Aécio
Neves: ele chamou o golpe de 64 de revolução. Um escândalo. A milícia sequer se
deu ao trabalho de recorrer a qualquer Houaiss da vida para conhecer o
significado da palavra “revolução”.
Simplesmente saiu condenando o quase-futuro-candidato por adesão
precoce ao golpe de 64. Na época ele tinha 4 anos e é difícil que tenha
participado da Marcha da Família com Deus pela Liberdade. Mesmo porque o vovô
não deixaria.
E assim seguimos. Pra onde?”
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