Por José Antonio Taveira Belo /
Zetinho
Sentado nas areias da belíssima
praia da Peroba, no Município de Maragogi/AL com os seus altos coqueiros, em
uma tarde de segunda feira, com poucas pessoas passeando, sentia-me quase
sozinho naquele paraíso. A maré enchendo e o seu barulho contagiante nos trazia
uma serenidade, tempo vivido neste período de descanso. Resolvi tomar banho nas águas mornas, daquela
tarde. O vento soprava brandamente, o sol se pondo indo trabalhar em alguma
parte da terra, contemplando os seus habitantes com a sua claridade. A lua
substituiria o astro rei na noite. Ao longo uma jangada se balança ao balanço
das ondas. O jangadeiro equilibrado vinha ao encontro da praia, trazendo a sua
pescaria resultada de um dia de trabalho. Ao olhar de lado vejo um casal se aproximando
de mãos dadas. O cabelo longo da moça esvoaçava sobre o seu rosto, com o seu corpo
escultural dentro de um biquíni vermelho, enquanto o rapaz alto ajeitava o
cabelo louro que lhe cobria o rosto. Conversavam com muitos gestos. Pararam e,
olhando para o mar, apontando para uma jangada que estava chegando à praia. De
repente a moça dá uma tapa no rosto do seu namorado, ele por sua vez revide com
um soco no estomago da moça, com muita força fazendo que a caísse na
areia. Lhe pega pelo cabelo e arrasta
alguns metros. Senti-me sem força para acudir aquela criatura jazida na terra,
cobrindo com as mãos o seu rosto, chorando. Ela se levantou e voltou
cambaleando com a mão no estomago enquanto ele seguiu em direção contraria, se
encontrando comigo saindo da água morna. Olhou para mim – disse – Ela quer me
enfrentar, apanha! Quer dar uma de gostosa, apanha! Comigo é assim! Viemos para
aqui descansar e não para brigar, mas ela quer me dominar, dizer o que faço e o
que não faço, eu não aceito e, começa a briga, me chamando de frouxo, de corno,
de safado, e outros nomes. O senhor já pensou? Nada disso. Fiquei calado
revivendo aquela cena triste em um final de tarde. Mas o que fazer? Lembro-me
que o meu pai Antonio Zuza, dizia e eu escutava – Em briga de marido e mulher
ninguém mete a colher e, acrescentava você vai apartar ou aconselhar e você
pode se machucar e, depois eles fazem a paz e você fica mal visto. Sentei
novamente na areia molhado e ali fiquei a meditar sobre estes problemas que
afligem as pessoas. Hoje ninguém se compreende. A violência explode em qualquer
lugar em circunstância fútil. A falta de respeito é a tônica do momento. Por qualquer coisa brigam e ate se matam.
Depois vem o arrependimento – como dizia o meu querido pai que um doido em Bom
Conselho percorria as ruas gritando para as pessoas – o arrependimento é o derradeiro
que chega – e assim fiquei naquela meditação com o tempo
escurecendo. Ao longe lá
vinha o rapaz voltando. Do outro lado à moca vinha
regressando ao local da agressão. Fiquei apreensivo. Será que vai haver novas
agressões? Ali sentado comecei a ficar com medo do que podia acontecer naquele
encontro. O rapaz passou por mim – Boa noite – A noite promete. A lua esta
surgindo. Como é bela! Eu ali paralisado a sua frente. A moca esta chegando e
ele vai ao seu e encontro. Ao se aproximar ela faz um carinho no rosto do
rapaz, enquanto ele alisa os seus cabelos, se abraçam e se beijam e sai de mãos
dadas como nada tivesse acontecido, chutando a água que lhe cobriam os pés.
Sentei novamente e fiquei pensando - o que quer isso? Caminhando sumiram na
direção do ninho que lhe aguardavam, depois de uma cena desagradável.
Levantei-me e fui para o chalé, tomar meu banho de água doce e enquanto
caminhava, lembrei novamente do ensinamento do meu pai – em briga marido e mulher ninguém
mete a colher – não é uma verdade?
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