Miguel e Davi - Os Bárbaros da Páscoa |
Por Zé Carlos
No último fim de semana voltei a ser Vovô Zé. Até que enfim.
Foi uma farra geral.
Já faz um mês, mais ou menos, que minha filha me prometera
trazê-los a minha casa num fim de semana. Desde aqueles dias eu pensei em
escrever mais um episódio desta série que só será lida pelo Davi e pelo Miguel
daqui a algum tempo. É para eles que escrevo, e para mais ninguém, e “ponto final”, como o Davi aprendeu a
dizer, quando escolhe uma roupa para sair.
Quando eles vem aqui em casa, nós, eu e a Vovó Marli, a
preparamos para sua chegada. Além dos bolos e quitutes tradicionais que ela faz,
há alguns procedimentos comuns aos seus dias de permanência. Um deles é a “retirada dos elefantes”. Explico, a Vovó
Marli coleciona estatuetas de elefantes. Aonde vamos lá está ela a comprar uma
para a coleção. É de se esperar que estes entes inanimados já sejam para ela
quase entes vivos, embora ainda não demos nomes a eles.
Mas, por experiência com outros bibelôs com que Davi e Miguel
brincam, os elefantes que se cuidassem, se pudessem. Com não podem, são
retirados de seus lugares e vão para um abrigo em uma gaveta. Verdadeira
operação de guerra de guerrilha. Eu normalmente sou o “elefanteiro” e cuido para que eles fiquem sãos e salvos. Neste
último dia, ao manejar a “elefantada”
para seu abrigo, pensei no título que dei a este texto: “A invasão dos bárbaros”.
Em princípio não fiquei tranquilo em comparar meus netos ao
Gengis Kan ou ao Átila, mas depois vi que seria um bom apelido diante de certas
atitudes infantis. Eu apenas fui pai e sou agora um simples avô, sem nenhuma
formação específica no campo da psicologia ou pedagogia infantil, mas, penso
que certas atitudes delas (das crianças) têm algo de bárbaro, no bom sentido.
Qual seja, ser bárbaro como desconhecer uma cultura que lhes é estranha e tentar
impor seus modos. Eu nunca soube se um bárbaro se acha bárbaro. Penso que meus
netos não se acham e nem eu os acho. Isto é uma tarefa para os pais.
O Vovô Zé trata os “bárbaros”
de igual para igual, e querendo zelar pela vida dos elefantes, tenho que
protegê-los e não esperar que meus netos entendam que devam fazer isto. Para
eles o significado de um elefante de louça é o mesmo dado a qualquer brinquedo,
por mais que eles difiram disto para a Vovó Marli. E portanto é nossa obrigação
defender os elefantes.
E, a grande decepção, depois de todos os elefantes bem
cuidados dentro do abrigo, foi a notícia de que não haveria invasão dos
bárbaros naquele dia. Sei, sempre haverá outros dias para que se ataquem os
elefantes. Porém, o motivo da não vinda deles me entristeceu. Ambos estavam
doentes.
Uma virose os atacou, como o fez com quase todas as crianças
da escola. Nem perguntei o tipo de virose para começar a meditar sobre as
escolas e sobre sua saúde. Hoje, meus netos, um com 4 anos outro com menos de
2, já vão para a escola puxando sua sacola enfeitada com seus super-heróis
favoritos. E todos os alunos levam suas sacolas e suas viroses. Então a escola
é também uma troca de doenças, o que é uma parte natural da sociabilidade.
Graças a Deus, além dos vírus circulantes, eles lá adquirem
muitos conhecimentos que nos fazem alegres. O mais velho já começou a juntar
algumas sílabas, na escrita, e está quase conseguindo ler Vovô e Vovô. Já
assina o seu nome, o que já lhe dar mais do que o direito de votar e ser
votado. O mais novo ainda não maneja as letras mas controla um tablet como ninguém. Com seu dedinho
certeiro ele já procura suas diversões preferidas. Brevemente, eles já estarão
ajudando o Vovô Zé na edição deste Blog. Quem sabe escrevendo uma postagem cujo
título seria: “O Vovô Zé e suas bobagens”.
Não posso esperar para que chegue este dia. O que prometo a
eles é que farei o possível, para quando ele chegar, eu ainda possa ler o que
eles tenham para dizer dos meus escritos. Assim morrerei feliz com minhas
bobagens.
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