“As três leis da Era Digital
Por Silvio Meira
Há 77 anos, Isaac Asimov publicava a primeira versão do que
se conhece como as Três Leis da Robótica. A Primeira diz que “um robô não pode
ferir um ser humano ou, por inação, permitir que um ser humano sofra algum
mal”; A segunda reza que “um robô deve obedecer as ordens que lhe sejam dadas
por seres humanos exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a
Primeira Lei” e a Terceira estabelece que “um robô deve proteger sua própria
existência desde que tal proteção não entre em conflito com a Primeira ou
Segunda Leis”.
Parece que ainda não chegamos perto do ponto onde há robôs
capazes o suficiente para que as Leis sejam necessárias, apesar de haver sinais
de que os primeiros robôs que podem, deliberadamente, ferir humanos estão sendo
oferecidos no mercado.
Autor de obras como Eu, Robô, Isaac Asimov deu base às Leis
da Robótica. Talvez seja hora de seguir seus preceitos
Autor de obras como Eu, Robô, Isaac Asimov deu base às Leis
da Robótica. Talvez seja hora de seguir seus preceitos
Mas há um contexto digital ao nosso redor e talvez já seja
preciso estabelecer um conjunto básico de Leis para a infosfera. Quase tudo o
que fazemos já depende de dados, algoritmos e seu uso na prática, para decidir
até o que podemos fazer ou não.
Muitas nações estão a escrever e aprovar leis, uma enxurrada
de instrumentos que deveria governar o que algoritmos fazem ou deixam fazer. Os
resultados até agora são duvidosos, por falta de princípios fundamentais para
guiar ações legislativas que deveriam tratar do passado e do futuro. As
tecnologias digitais, suporte da informaticidade global, são “de transição”, como
foi a eletricidade.
Uma vez passando a depender de uma plataforma de transição,
passamos a ter suas vantagens e problemas que sua chegada e permanência criam.
Mas há uma diferença entre informaticidade e eletricidade: a primeira é
programável por milhões de pessoas e muda o tempo todo. Ainda: as funções que
executa dependem de muitos dados, de muita gente, ao mesmo tempo e por muito
tempo.
Talvez precisemos de um pequeno conjunto de princípios
básicos – como as Leis de Asimov para a robótica – para tratar a Era Digital a
nosso favor. E tais princípios deveriam ser tão simples quanto fosse possível,
mesmo que haja, e haverá, imenso debate sobre porque os princípios são esses.
Uma proposta para as Três Leis da Era Digital é a seguinte.
Primeira Lei: “Deve-se proteger os dados das pessoas”.
Segunda Lei: “Deve-se proteger as pessoas dos algoritmos”.
Terceira Lei: “Deve-se garantir que a Primeira e a Segunda
Leis sejam bases para o Futuro e não caminhos para o Passado”.
Sem um conjunto pequeno e até simples de se entender, fora
do discurso jurídico, será muito difícil escrever as próprias normas jurídicas
desse futuro, que já não é mais opcional, mas certo. Ou incerto, no que tange a
suas leis e regras...”
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