Hoje é, para nós, o último dia do ano, porque amanhã é
sábado e jamais parafrasearia o Vinícius aqui dizendo que “amanhã é sábado e os
bares estarão cheios de homens vazios, porque será um sábado”, o último dia de
2016.
Alguns dizem que este ano não terminará nunca pelas mazelas
que ele trouxe, por obra e graça do PT e alguns dos seus maus brasileiros.
Diríamos que não foi 2016 somente o culpado, e sim o conjunto da obra petista
que se arrasta desde 2003, ano em que meu conterrâneo Lula começou a construir a
história do maior suborno do mundo.
E, se pensarmos otimisticamente, como eu sempre faço,
veremos que pelo menos uma coisa deu certo neste ano: A Operação Lava Jato.
Triste do país em que a única coisa que dá certo é uma operação policial. E o
Brasil foi este país em 2016, e talvez continue sendo por alguns anos mais.
Afinal de contas, o chefe ainda está solto.
No entanto, seguindo o ritmo natural das coisas, resolvemos
terminar o ano, transcrevendo um texto de adeus temporário do imortal Merval
Pereira que saiu hoje no O Globo com o título de “A mãe de todas as delações”.
Leiam e vejam como mentem os bandidos ricos e, pelo
preconceito, dizemos que é impossível eles mentirem. O caso do Marcelo
Odebrecht é exemplar, e é citado abaixo. Aquele pimpolho sarado, quando foi
preso, parecia um anjo de candura, e quem o assistiu numa destas CPIs da vida,
até poderia chorar e jurar pela sua inocência. Ledo engano. O cara quase
destruiu a república subornando e roubando descaradamente do setor público.
E seu pai, o Emílio, quem me faz lembrar o livro onde
aprendi a ler, as Lições do Tio Emílio,
passou o tempo todo dizendo que o filho era um bom menino, que tomava o engrossante todinho, e dormia muito bem
com uma chupetinha de ouro.
E agora tenho que parar porque já estou ficando sensível
quando lembro que o Lula também diz que é um anjo de candura. Me engana que eu
gosto.
Repito as palavras finais do Merval, sem nenhuma pretensão
de que estes narizes de cera formam uma coluna:
“A coluna volta a ser
publicada na terça-feira dia 3 de janeiro.
Feliz 2017 a todos,
apesar dos pesares.”
“Emílio admitiu o que já se
supunha, mas não estava provado: as decisões do cartel eram tomadas diretamente pelos controladores das
empreiteiras, e os executivos que estão presos ou denunciados eram apenas a
parte mais visível da operação.
Devido aos detalhes que ele revelou aos procuradores de Curitiba,
vários, se não todos os controladores das empreiteiras que até agora estavam
fora das investigações oficiais da Operação Lava Jato, apresentaram-se espontaneamente em
Curitiba para depor, cientes de que já não era mais possível esconder suas
participações diretas no esquema de corrupção.
O cartel, formado pelas
empreiteiras Odebrecht, UTC, Camargo Correa, Andrade Guttierrez Mendes Júnior,
OAS, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix, e Galvão Engenharia, teve todos seus
principais executivos presos ou já
condenados, mas nenhum dos controladores, à exceção de Emílio Odebrecht e seu
filho Marcelo, aparecera até agora entre os investigados, o que não significa que não o estivessem
sendo.
Mas, depois que correu no meio jurídico e empresarial a informação de
que Emílio havia aberto a atuação dos controladores das empresas nas decisões
cruciais, eles passaram a procurar Curitiba para evitar uma prisão ou no mínimo
uma condução coercitiva.
Um empresário de peso à época do
esquema de corrupção que tomara essa decisão foi Eike Batista, que se apresentou
espontaneamente aos procuradores de
Curitiba para contar sua versão dos fatos
de sua relação com a Petrobras e com outras estatais.
Não houvesse já provas cabais de que o instrumento da
colaboração premiada fora
excepcionalmente eficiente no desvendar do esquema de corrupção, no caso
específico da família Odebrecht ela foi
decisiva.
No início, mesmo depois de preso, Marcelo Odebrecht
dizia que não tinha nada a delatar,
criticando quem o fizera, classificando-os de "dedo duro".
Ficou famoso seu depoimento
à CPI da Petrobras quando ele disse que, em sua casa, era capaz de punir mais gravemente
um filho que dedurasse o outro por um malfeito, revelando sua visão distorcida
de mundo a respeito do que era a delação premiada.
Numa contradição em termos, ele, e
também seu pai Emílio, viviam apontando que seus "valores
morais" os impediam de fazer delações. Ao verificar que não havia saída, e
que provavelmente perderia a empresa, se insistisse nessa falsa posição de
inocência, o próprio Emílio Odebrecht ofereceu-se para fazer uma delação
premiada, a fim de levar seu filho a acompanhá-lo.
Seguiram todos os rituais
previstos nos acordos, inclusive a
publicação de um anúncio nos principais jornais do país pedindo desculpas por
"práticas impróprias", como já
fizera a Andrade Gutierrez, do empresário Sérgio Andrade, que admitiu
"erros graves".
Hoje, depois que os 77 executivos da Odebrecht fizeram suas delações,
Emílio usará tornozeleira eletrônica e seu filho Marcelo ficará na cadeia por
mais algum tempo até poder ir para casa em prisão domiciliar. Os demais
controladores das empreiteiras começarão agora a pagar suas dívidas com a
Justiça.
A coluna volta a ser publicada na terça-feira dia 3 de janeiro.
Feliz 2017 a todos, apesar dos pesares.”
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