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sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

Tenham todos um Feliz Ano Novo. Será isto possível?




Hoje é, para nós, o último dia do ano, porque amanhã é sábado e jamais parafrasearia o Vinícius aqui dizendo que “amanhã é sábado e os bares estarão cheios de homens vazios, porque será um sábado”, o último dia de 2016.

Alguns dizem que este ano não terminará nunca pelas mazelas que ele trouxe, por obra e graça do PT e alguns dos seus maus brasileiros. Diríamos que não foi 2016 somente o culpado, e sim o conjunto da obra petista que se arrasta desde 2003, ano em que meu conterrâneo Lula começou a construir a história do maior suborno do mundo.

E, se pensarmos otimisticamente, como eu sempre faço, veremos que pelo menos uma coisa deu certo neste ano: A Operação Lava Jato. Triste do país em que a única coisa que dá certo é uma operação policial. E o Brasil foi este país em 2016, e talvez continue sendo por alguns anos mais. Afinal de contas, o chefe ainda está solto.

No entanto, seguindo o ritmo natural das coisas, resolvemos terminar o ano, transcrevendo um texto de adeus temporário do imortal Merval Pereira que saiu hoje no O Globo com o título de “A mãe de todas as delações”.

Leiam e vejam como mentem os bandidos ricos e, pelo preconceito, dizemos que é impossível eles mentirem. O caso do Marcelo Odebrecht é exemplar, e é citado abaixo. Aquele pimpolho sarado, quando foi preso, parecia um anjo de candura, e quem o assistiu numa destas CPIs da vida, até poderia chorar e jurar pela sua inocência. Ledo engano. O cara quase destruiu a república subornando e roubando descaradamente do setor público.

E seu pai, o Emílio, quem me faz lembrar o livro onde aprendi a ler, as Lições do Tio Emílio, passou o tempo todo dizendo que o filho era um bom menino, que tomava o engrossante todinho, e dormia muito bem com uma chupetinha de ouro.

E agora tenho que parar porque já estou ficando sensível quando lembro que o Lula também diz que é um anjo de candura. Me engana que eu gosto.

Repito as palavras finais do Merval, sem nenhuma pretensão de que estes narizes de cera formam uma coluna:

“A coluna volta a ser publicada na terça-feira dia 3 de janeiro.
Feliz 2017 a todos, apesar dos pesares.”

“Emílio admitiu o que  já  se  supunha, mas não estava provado: as decisões do cartel eram  tomadas diretamente pelos controladores das empreiteiras, e os executivos que estão presos ou denunciados eram apenas a parte mais visível da operação.

Devido aos detalhes que ele revelou aos procuradores de Curitiba, vários, se não todos os controladores das empreiteiras que até agora estavam fora das investigações oficiais da Operação Lava  Jato, apresentaram-se espontaneamente em Curitiba para depor, cientes de que já não era mais possível esconder suas participações diretas no esquema de corrupção.

O cartel,  formado pelas empreiteiras Odebrecht, UTC, Camargo Correa, Andrade Guttierrez Mendes Júnior, OAS, Queiroz Galvão, Iesa, Engevix, e Galvão Engenharia, teve todos seus principais executivos presos ou  já condenados, mas nenhum dos controladores, à exceção de Emílio Odebrecht e  seu  filho Marcelo, aparecera até agora entre os  investigados, o que não significa que não o estivessem sendo.

Mas, depois que correu no meio jurídico e empresarial a informação de que Emílio havia aberto a atuação dos controladores das empresas nas decisões cruciais, eles passaram a procurar Curitiba para evitar uma prisão ou no mínimo uma condução coercitiva.

Um empresário de peso  à  época do  esquema de corrupção que tomara essa decisão  foi Eike Batista, que se apresentou espontaneamente  aos procuradores de Curitiba para contar sua versão  dos  fatos  de sua relação com a Petrobras e com outras estatais.

Não  houvesse  já provas cabais de que o instrumento da colaboração premiada fora  excepcionalmente  eficiente  no desvendar do esquema de corrupção, no caso específico da família Odebrecht  ela foi decisiva.

No  início,  mesmo depois de preso, Marcelo Odebrecht dizia que não tinha nada a delatar,  criticando quem o fizera, classificando-os de "dedo duro". Ficou  famoso seu  depoimento  à CPI  da  Petrobras quando ele disse que, em  sua casa, era capaz de punir mais gravemente um filho que dedurasse o outro por um malfeito, revelando sua visão distorcida de mundo a respeito do que era a delação premiada.

Numa contradição em termos, ele, e  também seu pai Emílio, viviam apontando que seus "valores morais" os impediam de fazer delações. Ao verificar que não havia saída, e que provavelmente perderia a empresa, se insistisse nessa falsa posição de inocência, o próprio Emílio Odebrecht ofereceu-se para fazer uma delação premiada, a fim de levar seu filho a acompanhá-lo.

Seguiram  todos os rituais previstos nos acordos,  inclusive a publicação de um anúncio nos principais jornais do país pedindo desculpas por "práticas  impróprias", como  já  fizera a Andrade Gutierrez, do empresário Sérgio Andrade, que admitiu "erros graves".

Hoje, depois que os 77 executivos da Odebrecht fizeram suas delações, Emílio usará tornozeleira eletrônica e seu filho Marcelo ficará na cadeia por mais algum tempo até poder ir para casa em prisão domiciliar. Os demais controladores das empreiteiras começarão agora a pagar suas dívidas com a Justiça.

A coluna volta a ser publicada na terça-feira dia 3 de janeiro.


Feliz 2017 a todos, apesar dos pesares.”

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