Por Zezinho de Caetés
Estou em semi recesso, seguindo
parcialmente as principais instituições brasileiras. E vou me valer dos outros
e sem muitos comentários, para não manter meu lugar vazio. Quem sabe algum
aventureiro ocupa.
Tentarei transcrever textos que
sejam tão evidentes quanto a sensação de que o Lula, meu conterrâneo, era
realmente o chefe de nossa “máfia moderna”.
E encontrei um, do José Casado, no O Globo, que ele chama de “Cosa Nostra”, que vem a calhar para este
meu propósito.
Lembrei muito do livro do Eduardo
Galeano que foi sucesso maior da esquerda latina americana, no tempo em que se
amarrava cachorro com linguiça. Sua “obra”,
a que ele próprio renegou, se chama “As
veias abertas da América Latina”, para o qual havia um senhor da terra de
Zé Carlos, lá de Bom Conselho que o tinha como livro de cabeceira.
Hoje, as veias da América Latina
estão abertas pela corrupção desenfreada e parece que o ilustre bom-conselhense
ainda mantém o livro do Galeano, na cabeceira, mostrando quão fiel pode ser um
cão a seu dono, a tirar por comentários feitos neste Blog, dias atrás.
Fiquem com o Casado que eu já
estou me empolgando na escrita, mas, infelizmente, estou em semi recesso.
“Na terça-feira 17 de janeiro
começa o julgamento do ex-presidente de El Salvador Mauricio Funes. Acusado de
corrupção, ele foi intimado na véspera do Natal na Nicarágua, onde vive em
autoexílio. O processo inclui sua ex-mulher, Vanda, e um de seus filhos, Diego.
Funes chegou ao poder em 2009
pela Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional, nascida da fusão de cinco
organizações guerrilheiras que protagonizaram a guerra civil de El Salvador, no
final do século passado.
Vanda Pignato, ex-primeira-dama,
é brasileira, antiga militante do PT. Ela garantiu o apoio do governo Lula ao
marido desde a campanha eleitoral, paga pelo grupo Odebrecht, cujos contratos
somaram US$ 50 milhões no mandato de Funes.
Desde a semana passada, ele e
outros 14 líderes políticos nas Américas e na África estão no centro das
investigações em seus países sobre propinas pagas pela empreiteira brasileira.
É o caso do ex-presidente do
Panamá Ricardo Martinelli, que embolsou um dólar para cada três que a Odebrecht
lucrou durante seu governo. Guardou US$ 59 milhões.
Na vizinha República Dominicana
quem está em apuros é o presidente Danilo Medina, reeleito em maio. No primeiro
mandato, Medina fez contratos que proporcionaram à empreiteira lucros de US$
163 milhões. Ela retribuiu com generosos US$ 92 milhões em subornos, o
equivalente a 56% dos ganhos acumulados desde 2012. A taxa paga ao lado, na
Guatemala, foi um pouco menor: 52%, isto é, US$ 18 milhões para US$ 34 milhões
em contratos.
Em Quito, no Equador, a polícia
apreendeu na sexta-feira arquivos eletrônicos na sede local da Odebrecht.
Rafael Correa, no poder há nove anos, demonstra temor com a revelação de que a
Odebrecht pagou US$ 35 milhões em subornos, 28% dos seus lucros equatorianos.
Em 2008, Correa expulsou a empreiteira, acusando-a de corrupção. Acertaram-se,
sob as bençãos de Lula em 2010.
Em Bogotá, Colômbia, investiga-se
a rota da propina de US$ 11 milhões, pagos entre 2009 e 2014, no governo Álvaro
Uribe. Rápido no gatilho, ele ontem se lembrou de uma reunião “suspeita” entre
o atual presidente Juan Manuel dos Santos e diretores da Odebrecht no Panamá.
No Peru a confusão é grande:
acusam-se os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006), Alan García
(2006-2011), Ollanta Humala e a ex-primeira dama Nadine (2011-2016). Eles
apontam para o atual presidente Pedro Pablo Kuczynski, primeiro-ministro na
época em que a Odebrecht começou a distribuir US$ 29 milhões — 20% dos lucros
no país em 11 anos.
Nada disso, porém, se compara aos
lucros e ao propinoduto em Angola e Venezuela. As relações com os governos do
angolano José Eduardo Santos e do venezuelano Hugo Chávez (sucedido por Nicolás
Maduro) chegaram a proporcionar US$ 1 bilhão em lucros anuais. Sustentaram o
caixa no exterior, estimado em US$ 500 milhões, voltado para pagamentos a
políticos, principalmente brasileiros.
Capturados pelos bolsos, líderes
que se apresentavam como revolucionários nos anos 80 começam a ser expostos
como sócios de uma rede internacional de corrupção, operada a partir do Brasil
pela Odebrecht. Fizeram da coisa pública uma cosa nostra.”
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