Por José Antônio Taveira Belo /
Zetinho
Há muito tempo que não leio os
artigos do nosso conterrâneo José Tenório de Medeiros que deliciava e encantava
os leitores da GAZETA com os comentários sérios e engraçados, abordando causos
que ocorreram, às vezes, em nosso município e às vezes causos ocorridos onde reside
em Maricá, Rio de Janeiro. A memória viva daqueles tempos que Zé vivenciou em
nossa querida terra natal, o levou a escrever os acontecimentos da época vivida
na cidade, nas décadas de 40 e 50. São muitas e muitas as recordações que nos
leva a recordar, meditar e memorizar para que alguns conterrâneos ainda vivos
possam também recordar e rir das façanhas que acontecia a cada dia, sem a mídia
da comunicação agora existente. A nossa Bom Conselho, foi palco e são ainda recordados
pela comunidade. O título dos seus
escritos “Dois dedos de prosa” é apropriado para o interior matuto da nossa
região nordestina e que ele muito bem fazia externar através de um tempo que
empolgava quem ouvia. Muitos acontecimentos na política na religiosidade e
ainda mais na comunidade eram contados nas calçadas e nas esquinas da nossa
pequena cidade interiorana. Era o tempo onde os moradores podiam conversar
animadamente sobre os fatos acontecidos nas ruas e nos distritos longínquos que
as notícias vinham com dias passados, através de informantes muitas das vezes
acrescidas da sagacidade do maturo que sabiam no seu linguajar dar tom
engraçados e muito mais ainda de tristeza. Sabia contar os trágicos momentos de
assassinatos cruéis, roubos de gado, bode e carneiro, intrigas, mulher botando
“ponta” no marido, muitas das vezes com vizinhos. Se este fulano era um
“grandão” do distrito empolgava o informante, quando vinha à cidade e se
escorava num balcão de alguma bodega tomando um trago para amenizar a poeira
que trazia na garganta. Dali o boato se estendia e se espalhava por toda a
cidade que era comentada pelas ruas, praças, e pela vizinhança em nossas
calçadas, sentados nas cadeiras, tamboretes e alguns ainda se aventuravam a
deitar em espreguiçadeiras, enquanto as crianças corriam rua acima rua abaixo
em redor da Matriz, descendo às escadarias as carreiras ou mesmo sentada
observando o bangalô do Coronel Zé Abílio ali deitada em uma rede, de óculos
escuros e terno branco conversando à tardinha com os homens da cidade. As
crianças tinham medo dele. Outros olhavam lá no alto o relógio na torre da
Matriz, marcando as horas que muitos não decifravam. . Sempre que tenho um
pouco de tempo para folhear as páginas do nosso querido meio de comunicação – A
GAZETA – veem-me a mente os escritos que aconteceram ou mesmo criado em relatos
pelo nosso bom-conselhense. Tudo isto e mais alguma coisa o Zé Tenório revelava
para os nossos leitores. Saiu de cena, O nosso jornal ficou carente. Não sei o
que aconteceu, mas deixou muito como eu sentido a falta daqueles comentários. É
José a gente hoje folheia a nossa querida GAZETA, já não vislumbra o seu artigo
como era de costume. Sumiu deixando saudades. Não sei se terminou o tempo dos
seus escritos. Não sei se deu uma pausa para refletir e quando retornar novos
causos será contado. Muitos “não sei” se apresenta neste momento em minha
cabeça, mas tenha certeza que aguardamos o seu retorno as páginas da nossa
querida GAZETA, brevemente.
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