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sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

DOIS DEDOS DE PROSA




Por José Antônio Taveira Belo / Zetinho


Há muito tempo que não leio os artigos do nosso conterrâneo José Tenório de Medeiros que deliciava e encantava os leitores da GAZETA com os comentários sérios e engraçados, abordando causos que ocorreram, às vezes, em nosso município e às vezes causos ocorridos onde reside em Maricá, Rio de Janeiro. A memória viva daqueles tempos que Zé vivenciou em nossa querida terra natal, o levou a escrever os acontecimentos da época vivida na cidade, nas décadas de 40 e 50. São muitas e muitas as recordações que nos leva a recordar, meditar e memorizar para que alguns conterrâneos ainda vivos possam também recordar e rir das façanhas que acontecia a cada dia, sem a mídia da comunicação agora existente. A nossa Bom Conselho, foi palco e são ainda recordados pela comunidade.   O título dos seus escritos “Dois dedos de prosa” é apropriado para o interior matuto da nossa região nordestina e que ele muito bem fazia externar através de um tempo que empolgava quem ouvia. Muitos acontecimentos na política na religiosidade e ainda mais na comunidade eram contados nas calçadas e nas esquinas da nossa pequena cidade interiorana. Era o tempo onde os moradores podiam conversar animadamente sobre os fatos acontecidos nas ruas e nos distritos longínquos que as notícias vinham com dias passados, através de informantes muitas das vezes acrescidas da sagacidade do maturo que sabiam no seu linguajar dar tom engraçados e muito mais ainda de tristeza. Sabia contar os trágicos momentos de assassinatos cruéis, roubos de gado, bode e carneiro, intrigas, mulher botando “ponta” no marido, muitas das vezes com vizinhos. Se este fulano era um “grandão” do distrito empolgava o informante, quando vinha à cidade e se escorava num balcão de alguma bodega tomando um trago para amenizar a poeira que trazia na garganta. Dali o boato se estendia e se espalhava por toda a cidade que era comentada pelas ruas, praças, e pela vizinhança em nossas calçadas, sentados nas cadeiras, tamboretes e alguns ainda se aventuravam a deitar em espreguiçadeiras, enquanto as crianças corriam rua acima rua abaixo em redor da Matriz, descendo às escadarias as carreiras ou mesmo sentada observando o bangalô do Coronel Zé Abílio ali deitada em uma rede, de óculos escuros e terno branco conversando à tardinha com os homens da cidade. As crianças tinham medo dele. Outros olhavam lá no alto o relógio na torre da Matriz, marcando as horas que muitos não decifravam. . Sempre que tenho um pouco de tempo para folhear as páginas do nosso querido meio de comunicação – A GAZETA – veem-me a mente os escritos que aconteceram ou mesmo criado em relatos pelo nosso bom-conselhense. Tudo isto e mais alguma coisa o Zé Tenório revelava para os nossos leitores. Saiu de cena, O nosso jornal ficou carente. Não sei o que aconteceu, mas deixou muito como eu sentido a falta daqueles comentários. É José a gente hoje folheia a nossa querida GAZETA, já não vislumbra o seu artigo como era de costume. Sumiu deixando saudades. Não sei se terminou o tempo dos seus escritos. Não sei se deu uma pausa para refletir e quando retornar novos causos será contado. Muitos “não sei” se apresenta neste momento em minha cabeça, mas tenha certeza que aguardamos o seu retorno as páginas da nossa querida GAZETA, brevemente.

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