Por Zezinho de Caetés
Se encontrarem aí por Caetés um
rabo de fila de gente engravatada, não tenham medo, conterrâneos, pode ser de
executivos da Odebrecht para fazer delação premiada. São 77 sem contar os donos
da empresa que já assinaram lá por Curitiba e Brasília. Dizem que o número de
políticos que a empresa entregou para ser premiada, chega às centenas.
Não seria para menos o alvoroço
que se viu em Brasília esta semana, para que o tal de projeto de lei que trata
de abuso de autoridade fosse
aprovado. Parece que ele não permite o uso de algemas. Pensando bem, com o
número de políticos que a elas tem direito, se deixarem a Lava Jato solta, uma
grande parte não será algemada, por falta de algema.
Em relação a isto, eu ontem
apreciei, no meu ócio remunerado, um grande momento. Não foi o luta do Dragão
da Maldade contra o Santo Guerreiro, mas, foi quase. Juntaram numa mesma mesa o
Renan Calheiros e o Sérgio Moro, numa “sessão
temática” do Senado, para discutir o “abuso
de autoridade”.
Talvez, o Renan devesse abrir o
debate pedindo perdão pela sua tentativa de abuso de autoridade no dia
anterior, quando, numa manobra pérfida quis aprovar a urgência do projeto
monstro, ou como disse o Moro, o projeto da meia noite, somente para diminuir o
trabalho do senador Requião em enquadrar o Judiciário.
Não. Ele abriu o encontro
querendo dourar a pílula e, pasmem, tecendo loas à Lava Jato. O Ministro Gilmar
Mendes que estava também presente, talvez, para segurar as pistolas dos
principais contendores, em sua fala, deu a entender que era amigo do Moro, mas,
jamais daria a ele uma pistola descarregada no duelo.
E o debate se travou mesmo entre
Sérgio Moro e aqueles que, como o Lindberg Farias, pensam que ainda podem
salvar o Lula através de discursos inflamados. Louve-se, como sempre a coragem
do senador em não ter vergonha de ser ridículo. Acusou o Moro de abuso de
autoridade no caso da condução coercitiva do Lula, que foi debaixo de vara
depor, como sabemos.
O que espero é que o senador
ponha a viola no saco com a sagacidade e inteligência e seriedade do Moro,
usando este argumento para justificar sua presença no debate, que foi, segundo
ele apenas para mostrar a inadequação daquele momento para se pensar em abuso
de autoridade, e que com a fala do membro efetivo do “quinteto abilolado” (en passant, não via a Gleisi nem a Vanessa
Graidiotin por lá), ele concluía que o projeto de lei nada mais é do que uma
tentativa de parar a operação Lava Jato.
E o pronunciamento do Moro foi
acachapante para enquadrar os espertos. Ele propôs uma coisa muito simples, que
transcrito do juridiquês, que não
entendo para o português que domino, diz apenas que: “Se eu mandar prender o Lula e alguém mandar soltar, não me punam por
isto porque é uma questão de interpretação legal”. Só faltou acrescentar que,
se ele prender o Lula, todo o Brasil o aplaudirá como foi ontem aplaudido no
Senado, quase não podendo sair do recinto com o som das palmas, porque, sob
qualquer interpretação o Lula é culpado. Enfim, dizimou o “lindinho”.
Faço um parêntese. Ainda não
havia tocado neste assunto porque não gosto de envolver os mortos em meus
escritos, a não ser os mortos políticos, como a Dilma. Mas, tenho que dizer da
minha tristeza com o desastre ocorrido com um time de futebol brasileiro lá na
Colômbia. Foi realmente uma coisa muito triste e eu, como torcedor do Náutico,
triste há muitos anos, só posso me associar aos familiares em sua dor.
Mas, voltemos ao mundo dos mortos
políticos, onde vejo nos jornais hoje um texto da Odebrecht, no qual a empresa,
no intuito de mostrar arrependimento pelas propinas distribuídas, que tem como
título: “Desculpe, a Odebrecht errou”.
Eu fico pensando que isto poderia influenciar o PT a publicar algo com o mesmo
título, um pouco mais longo: “Desculpe, o
PT errou. Tchau, queridos!”, e deixar o Brasil seguir seu rumo.
Bem, gostaria de comentar mais o
longo dia de ontem, no qual, mesmo que o Renan tivesse ganho a luta na sessão
temática, foi destroçado pelo trator do STF, ao considera-lo réu. Como dizem lá
em minha terra: “Em cima de queda, coice!”,
no entanto, deixo vocês com um texto da Maria Helena Rubinato (Blog do Noblat –
“Deus se lembrou que é brasileiro”)
que aborda muito bem o assunto, e vou arrumar minhas bandeiras, não para com um
“Fora Temer”, mas com um “Viva a Lava
Jato”, para domingo, dia 4, voltar ás ruas. Já era tempo de ver outra vez
bandeiras verde e amarelas.
Fiquem com o texto da Maria
Helena.
“Depois de uma tragédia estúpida
e cruel como a de anteontem quando perdemos 71 pessoas por falta de
combustível, por descuido e imprudência! Depois de tanto chorar ao ler sobre os
meninos do Chape e de acompanhar com o coração apertado as lindas homenagens ao
querido time de Santa Catarina, Deus favoreceu o Brasil nos enviando esta
quinta que se não apaga nossa tristeza, ao menos alivia nossa dor.
E nos devolve a fé no Brasil e na
Justiça.
Repararam como este 1º de
dezembro foi um lindo dia, um céu com aquele tom de azul que só o Brasil tem?
Sentiram, como eu senti, vontade de caminhar ao ar livre e de agradecer a Deus?
Ficaram emocionados, como eu fiquei? Respiraram o ar mais puro e o viço das
flores e frutos deste generoso e querido solo brasileiro?
Vibraram ao ouvir o senhor Renan
Calheiros falar em alto e bom som para o plenário da casa que ainda preside que
a operação Lava-Jato é sagrada?
Não foi maravilhoso?
E teve mais, teve a tão aguardada
decisão do Supremo Tribunal Federal de receber a denúncia contra Renan
Calheiros (PMDB-AL) por peculato. Sabem lá o que é isso? Por peculato. Lembrou-se do que é peculato? Não? No meio de
tantos ilícitos é natural que a gente confunda as coisas. Não se afobe. Copio
aqui o que é peculato: é crime específico do servidor público e trata-se de um
abuso de confiança pública. A palavra deriva do termo latino peculatus, que no
direito romano se caracterizava como o desvio de bem público para proveito
particular.
Não fique abalado com essa
decisão do STF. Segundo palavras do
político alagoano, ele, o próprio, não se abalou. Não sei, não sabemos, se ele
também achou o dia de ontem lindo, mas eu continuo a achar a primeira
quinta-feira deste dezembro um esplendor!
Até porque essa não foi a única
notícia estupenda de ontem. Finalmente a delação do grupo Odebrecht foi
homologada: “O empresário Emílio Odebrecht e seu filho, Marcelo Odebrecht,
assinaram acordo de delação premiada e o acordo de leniência da empresa. (...)
Maior empreiteira do país, a empresa se comprometeu a pagar US$ 2,5 bilhões -
R$ 6,8 bilhões na cotação do dólar de hoje - a título de indenização por ter se
envolvido em atos de corrupção. No fim da tarde desta quinta-feira, o grupo
divulgou nota na qual admite o erro, pede desculpas e diz que está comprometido
a "virar a página". O Globo on line, em 1/12/2016, às 22:23hs.
Parece que estão planejando
manifestações para o próximo domingo. Se forem manifestações a favor do Brasil
e contra a corrupção e por uma boa reforma política, ótimo. Mas se sob o
disfarce de manifestantes, forem para a rua os mesmos vândalos e baderneiros
que de 29 a 30 de novembro depredaram, queimaram, picharam, assustaram,
destruíram e pior, esfaquearam e apedrejaram policiais, então peço a Deus que
dê forças ao presidente Temer para que ele, menos temeroso, ponha na rua a
Força Nacional com ordem de não deixar que façam de nossas cidades campos de
batalha.
Como diz o presidente FHC, vamos
baixar a fervura. Sugiro que aproveitemos melhor esses lindos dias de início de
verão curtindo nossas famílias e pedindo a Deus que nunca mais se esqueça que é
brasileiro.”
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