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sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

No duelo entre Renan e Moro, Moro brilha e Renan vira réu




Por Zezinho de Caetés

Se encontrarem aí por Caetés um rabo de fila de gente engravatada, não tenham medo, conterrâneos, pode ser de executivos da Odebrecht para fazer delação premiada. São 77 sem contar os donos da empresa que já assinaram lá por Curitiba e Brasília. Dizem que o número de políticos que a empresa entregou para ser premiada, chega às centenas.

Não seria para menos o alvoroço que se viu em Brasília esta semana, para que o tal de projeto de lei que trata de abuso de autoridade fosse aprovado. Parece que ele não permite o uso de algemas. Pensando bem, com o número de políticos que a elas tem direito, se deixarem a Lava Jato solta, uma grande parte não será algemada, por falta de algema.

Em relação a isto, eu ontem apreciei, no meu ócio remunerado, um grande momento. Não foi o luta do Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro, mas, foi quase. Juntaram numa mesma mesa o Renan Calheiros e o Sérgio Moro, numa “sessão temática” do Senado, para discutir o “abuso de autoridade”.

Talvez, o Renan devesse abrir o debate pedindo perdão pela sua tentativa de abuso de autoridade no dia anterior, quando, numa manobra pérfida quis aprovar a urgência do projeto monstro, ou como disse o Moro, o projeto da meia noite, somente para diminuir o trabalho do senador Requião em enquadrar o Judiciário.

Não. Ele abriu o encontro querendo dourar a pílula e, pasmem, tecendo loas à Lava Jato. O Ministro Gilmar Mendes que estava também presente, talvez, para segurar as pistolas dos principais contendores, em sua fala, deu a entender que era amigo do Moro, mas, jamais daria a ele uma pistola descarregada no duelo.

E o debate se travou mesmo entre Sérgio Moro e aqueles que, como o Lindberg Farias, pensam que ainda podem salvar o Lula através de discursos inflamados. Louve-se, como sempre a coragem do senador em não ter vergonha de ser ridículo. Acusou o Moro de abuso de autoridade no caso da condução coercitiva do Lula, que foi debaixo de vara depor, como sabemos.

O que espero é que o senador ponha a viola no saco com a sagacidade e inteligência e seriedade do Moro, usando este argumento para justificar sua presença no debate, que foi, segundo ele apenas para mostrar a inadequação daquele momento para se pensar em abuso de autoridade, e que com a fala do membro efetivo do “quinteto abilolado” (en passant, não via a Gleisi nem a Vanessa Graidiotin por lá), ele concluía que o projeto de lei nada mais é do que uma tentativa de parar a operação Lava Jato.

E o pronunciamento do Moro foi acachapante para enquadrar os espertos. Ele propôs uma coisa muito simples, que transcrito do juridiquês, que não entendo para o português que domino, diz apenas que: “Se eu mandar prender o Lula e alguém mandar soltar, não me punam por isto porque é uma questão de interpretação legal”. Só faltou acrescentar que, se ele prender o Lula, todo o Brasil o aplaudirá como foi ontem aplaudido no Senado, quase não podendo sair do recinto com o som das palmas, porque, sob qualquer interpretação o Lula é culpado. Enfim, dizimou o “lindinho”.

Faço um parêntese. Ainda não havia tocado neste assunto porque não gosto de envolver os mortos em meus escritos, a não ser os mortos políticos, como a Dilma. Mas, tenho que dizer da minha tristeza com o desastre ocorrido com um time de futebol brasileiro lá na Colômbia. Foi realmente uma coisa muito triste e eu, como torcedor do Náutico, triste há muitos anos, só posso me associar aos familiares em sua dor.

Mas, voltemos ao mundo dos mortos políticos, onde vejo nos jornais hoje um texto da Odebrecht, no qual a empresa, no intuito de mostrar arrependimento pelas propinas distribuídas, que tem como título: “Desculpe, a Odebrecht errou”. Eu fico pensando que isto poderia influenciar o PT a publicar algo com o mesmo título, um pouco mais longo: “Desculpe, o PT errou. Tchau, queridos!”, e deixar o Brasil seguir seu rumo.

Bem, gostaria de comentar mais o longo dia de ontem, no qual, mesmo que o Renan tivesse ganho a luta na sessão temática, foi destroçado pelo trator do STF, ao considera-lo réu. Como dizem lá em minha terra: “Em cima de queda, coice!”, no entanto, deixo vocês com um texto da Maria Helena Rubinato (Blog do Noblat – “Deus se lembrou que é brasileiro”) que aborda muito bem o assunto, e vou arrumar minhas bandeiras, não para com um “Fora Temer”, mas com um “Viva a Lava Jato”, para domingo, dia 4, voltar ás ruas. Já era tempo de ver outra vez bandeiras verde e amarelas.

Fiquem com o texto da Maria Helena.

“Depois de uma tragédia estúpida e cruel como a de anteontem quando perdemos 71 pessoas por falta de combustível, por descuido e imprudência! Depois de tanto chorar ao ler sobre os meninos do Chape e de acompanhar com o coração apertado as lindas homenagens ao querido time de Santa Catarina, Deus favoreceu o Brasil nos enviando esta quinta que se não apaga nossa tristeza, ao menos alivia nossa dor.

E nos devolve a fé no Brasil e na Justiça.

Repararam como este 1º de dezembro foi um lindo dia, um céu com aquele tom de azul que só o Brasil tem? Sentiram, como eu senti, vontade de caminhar ao ar livre e de agradecer a Deus? Ficaram emocionados, como eu fiquei? Respiraram o ar mais puro e o viço das flores e frutos deste generoso e querido solo brasileiro?

Vibraram ao ouvir o senhor Renan Calheiros falar em alto e bom som para o plenário da casa que ainda preside que a operação Lava-Jato é sagrada?

Não foi maravilhoso?

E teve mais, teve a tão aguardada decisão do Supremo Tribunal Federal de receber a denúncia contra Renan Calheiros (PMDB-AL) por peculato. Sabem lá o que é isso? Por peculato.  Lembrou-se do que é peculato? Não? No meio de tantos ilícitos é natural que a gente confunda as coisas. Não se afobe. Copio aqui o que é peculato: é crime específico do servidor público e trata-se de um abuso de confiança pública. A palavra deriva do termo latino peculatus, que no direito romano se caracterizava como o desvio de bem público para proveito particular.

Não fique abalado com essa decisão do STF. Segundo  palavras do político alagoano, ele, o próprio, não se abalou. Não sei, não sabemos, se ele também achou o dia de ontem lindo, mas eu continuo a achar a primeira quinta-feira deste dezembro um esplendor!

Até porque essa não foi a única notícia estupenda de ontem. Finalmente a delação do grupo Odebrecht foi homologada: “O empresário Emílio Odebrecht e seu filho, Marcelo Odebrecht, assinaram acordo de delação premiada e o acordo de leniência da empresa. (...) Maior empreiteira do país, a empresa se comprometeu a pagar US$ 2,5 bilhões - R$ 6,8 bilhões na cotação do dólar de hoje - a título de indenização por ter se envolvido em atos de corrupção. No fim da tarde desta quinta-feira, o grupo divulgou nota na qual admite o erro, pede desculpas e diz que está comprometido a "virar a página". O Globo on line, em 1/12/2016, às 22:23hs.

Parece que estão planejando manifestações para o próximo domingo. Se forem manifestações a favor do Brasil e contra a corrupção e por uma boa reforma política, ótimo. Mas se sob o disfarce de manifestantes, forem para a rua os mesmos vândalos e baderneiros que de 29 a 30 de novembro depredaram, queimaram, picharam, assustaram, destruíram e pior, esfaquearam e apedrejaram policiais, então peço a Deus que dê forças ao presidente Temer para que ele, menos temeroso, ponha na rua a Força Nacional com ordem de não deixar que façam de nossas cidades campos de batalha.


Como diz o presidente FHC, vamos baixar a fervura. Sugiro que aproveitemos melhor esses lindos dias de início de verão curtindo nossas famílias e pedindo a Deus que nunca mais se esqueça que é brasileiro.”

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