Por Zezinho de Caetés
Hoje é o primeiro de junho. Já já começam as fogueiras em
homenagem a São João, mas, antes do forró começar ainda vai rolar muito
quiproquó na política brasileira. E espero que o Temer aja bem direitinho para
não se engasgar com a espiga de milho, nem se queimar na fogueira.
E, como se diz no meu interior, “o mar não está prá peixe”. Tanto que hoje, transcrevo um artigo do
Hubert Alquéres que ele intitula “Um
olho no peixe, outro no gato”, onde ele coloca as dificuldades para este
novo governo, que vive sob o risco de que o fantasma da ex-presidenta retorne para
pegar em seu pé.
Pelo que vi ontem na TV, onde agora passo a maior parte do
tempo, mostra que os adeptos da fantasmagoria da Dilma estão tramando pelo “quanto pior melhor”. O Senador Lindberg
Farias, em plena reunião da Comissão de Assuntos Econômicos, fez um
requerimento para que fosse suspensa a sabatina do indicado pelo Temer para a
presidência do Banco Central, alegando que algo estava fora do prazo. Parecia
coisa de menino mimado diante do quadro terrível por que passa a economia
brasileira. Depois de horas de discussão, o menininho desistiu do requerimento,
com o protesto da outra menininha do PC do B, a Vanessa Graidiotin.
Se não bastasse isto, li que o mesmo Senador, ao ver as
estatísticas de desemprego no Brasil que saíram ontem do IBGE, publicou em seu
site, todo eufórico uma crítica ao novo governo por já começar aumentar o
desemprego. E, imaginem o Temer não está nem com um mês no poder. Ri muito,
quando o Lindberg voador descobriu que as estatísticas ainda eram do governo da
ex-presidente. Parece até brincadeira de criança!
E é com esta tropa que o Temer tem que lidar, e, além disso
aguentar a ex-presidenta vagando pelo Palácio do Alvorada a gritar: “Foi golpe, foi golpe e foi golpe!”. O
Temer precisa agir rápido para exorcizar este fantasma não camarada, da vida
política do país. Precisa, pelo menos, começar a mostrar que estará ali até
2018, e não ficar titubeando nas decisões, pensando que o fantasma voltará. Eu
tenho certeza que não voltará. Por que? Porque o Brasil não suportaria sua
volta e os senadores sabem disto muito bem, apesar do Cristovam Buarque.
Ontem vi um senador dizer que em Portugal, o ditador Salazar, quase no final do governo,
levou uma queda e bateu com a cabeça. Ficou meio tan-tan. E os seus áulicos,
vendo que ele não poderia mais voltar a governar quiseram fazer uma caridade, e
mesmo depois de outro assumir o poder, diziam a ele que estava tudo bem,
fazendo com que ele morresse pensando que estava ainda no governo. E arrematou,
o senador, que as conversas sobre a volta de Dilma estão parecendo com aquelas
ditas ao Salazar. Ou seja, estão dizendo a Dilma que vai voltar por caridade.
Vendo por esse ângulo, eu louvo a atitude dos lulodilmistapetistas
pelo seu gesto de carinho com a ex-presidente, e fico mais alegre ainda porque,
apesar de parecer, a Dilma não bateu com a cabeça, pois, parou até de pedalar.
Fiquem com o Hubert e vejam para quem o Temer deve olhar
mais, se para o peixe ou para o gato. Eu olharia para o Renan.
“Um governo sitiado, assim podemos definir a situação do presidente
interino Michel Temer, três semanas após a sua posse. Não tanto pela ação do
adversário, embora esta venha acontecendo em escala crescente, mas
principalmente pelas contradições inerentes ao modelo que adotou.
A demissão do ministro da Transparência, Fabiano Silveira, demonstra o
quanto se estreitou a margem para Temer costurar, de um lado, amplo apoio no
Congresso e, de outro, não frustrar os sentimentos de uma sociedade que apoiou
e quer o impeachment, mas não lhe deu um cheque em branco.
Michel Temer necessita maioria em um Congresso que chegou ao “fundo do
poço, do qual parte dele é de réus”, para utilizar uma expressão do atual
ministro da Defesa, Raul Jungmann. O grande motor para a aprovação do início do
processo de impeachment foram as manifestações multitudinárias, mas não se pode
ignorar que alguns parlamentares aderiram à onda, na expectativa de que haveria
um arrefecimento na Lava-Jato com a posse do novo governo.
As gravações de Sérgio Machado evidenciam as ramificações dessas forças
no Congresso Nacional. O xis do problema para Temer é como construir uma
maioria parlamentar sem se confundir, ou abrir espaço, para quem conspira
contra a Lava-Jato.
Mais do que nunca, tempo é ouro. Qualquer vacilo, qualquer demora em
separar o joio do trigo, alimenta desconfianças quanto aos compromissos do
presidente interino com a continuidade das investigações e joga água para o
moinho de forças interessadas na desestabilização do governo de transição.
O humor dos brasileiros, que por enquanto é de expectativa cautelosa,
pode entrar em mutação a qualquer momento. A expectativa pode dar lugar ao
descrédito e servir de caldo para saídas aventureiras ou messiânicas, não
previstas em nosso arcabouço constitucional.
A batalha do impeachment não está terminada. A depender de como as ruas
se pronunciem (ou de sua apatia), a correlação de forças pode se modificar no
interior do Senado. Michel Temer tem de ficar com um olho no peixe e outro no
gato. Em Renan Calheiros e na sociedade.
O senador alagoano pode ser o novo condestável da República, mas a
opinião pública costuma falar mais alto em momentos decisivos. É bom observar o
movimento das placas tectônicas no Senado, para não ter surpresas mais à
frente.
A política pode contaminar a economia e complicar a vida da equipe do
ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que tem uma tarefa hercúlea pela
frente: a reconstrução da economia duramente danificada nos anos Dilma.
Se já seria uma missão dificílima de ser realizada em condições normais
de temperatura e pressão – em um governo recém-saído das urnas -, imagine em
uma transição dolorosa como a atual, onde o novo governo ainda tem de se
legitimar perante a opinião pública e o PT utiliza a estratégia de fustigamento
para fazê-lo sangrar.
Evidente que o lulopetismo e seu braço sindical vão tentar incendiar o
Brasil. Sob o pretexto de defender “direitos”, buscarão criar um clima de
ingovernabilidade, de “desobediência civil”, de convulsão social, com vistas ao
seu retorno ao poder. Seja a que preço for, mesmo a preço de levar o país a um
buraco ainda mais profundo.
Aparentemente estamos diante de uma equação simples. Credibilidade e
recuperação da economia andam de mãos dadas.
O desafio do governo Temer é exatamente esse: conquistar a confiança da
sociedade para levar adiante as medidas econômicas necessárias à retomada do
crescimento.
Não basta apenas olhar para o parlamento. É necessário olhar para as
ruas e entender o seu recado.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário