Por Zezinho de Caetés
Hoje, o artigo que transcrevo é de uma jornalista, a Helena
Chagas, como publicado no Blog do Noblat. E não faço isto para entrar na
discussão se as mulheres podem ser boas jornalistas ou não, como não me meti na
discussão se Dilma, por ser mulher, foi a pior presidente (ia escrevendo “presidenta” mas lembrei que agora é
contra as orientações da SECOM) que este país já teve. Apenas, o faço, pela
clarividência da Helena em analisar a situação política atual.
Eu concordo inteiramente com ela quando diz, com outras
palavras, que se não fosse o Eduardo Cunha não haveria impeachment. Isto é
evidente. Apenas não concordo, nem como hipótese, de que ela irá voltar para
retomar seu governo. Mesmo porque ela não governava já há muito tempo. Ela só
mentia ao povo brasileiro.
Embora não concorde com o Hamlet quando diz “...
fragilidade, teu nome é mulher!”, eu concordaria com ele se dissesse “Dilma,
teu nome é incompetência”, o “Dilma, teu nome é mentira”. E com isto eu não
estaria xingando as mulheres, mas, apenas dizendo que elas, infelizmente, não
tiveram sorte da primeira vez, embora haja um grande número de mulheres capazes
de galgar o cargo com muito mais competência. E já deixo claro que não estou
falando da Marina, pois seria mais do mesmo.
A articulista suspeita que alguns senadores mudarão de
opinião e cita Cristovam Buarque e Romário, entre eles. No entanto, ela não
cita alguns que foram contra o impeachment e que hoje podem votar a favor, se o
Lula mandar. E aqui é que vem o ponto. Quem mais influenciará senadores na
votação final vai ser o Lula, isto se ele não estiver preso ainda. Ele é ainda
o mais interessado na defenestração da Dilma.
Então, só posso dizer e clamar aos berros: corra Sérgio
Moro, corra Teoria Zavascki e corra
Rodrigo Janot, pois se o impeachment não sair vocês serão os culpados, e
podem levar o povo brasileiro a desconfiar de uma instituição importante como é
o poder judiciário.
É certo que o Lula pode muito ser ajudado pelo Temer se este
continuar fazendo as lambanças que está fazendo no governo. Eu sei que a
situação é muito difícil, porém, custaria a ele bater com mais força na mesa?
Receber o Zé Rainha no Planalto é um verdadeiro deboche. Dar aumento
generalizado ao funcionalismo público é outro deboche. Eu já vou começar a
protestar para aumentar minha parca aposentadoria para não ficar para trás.
Pode chegar ao ponto em que o povo pode se perguntar se há alguma diferença
entre Dilma voltar ou não. Se isto acontecer, penso que o Romário pode começar
a fazer gols contra o Brasil e o Galvão Bueno gritar: “Acabou, acabou....”, e a
população ainda vai aplaudir. Batamos na madeira.
Fiquem com a Helena Chagas, em seu texto que tem como
título: “Dilma e a Operação Retorno: com
quem, para que e até quando?”, enquanto eu fico aqui esperando pela próxima
delação. Ou seria prisão?
“O pedido de impeachment de Dilma Rousseff nasceu como vingança de
Eduardo Cunha e por um bom tempo não
andou porque Michel Temer não se viabilizava como alternativa. Só pegou
embocadura quando o vice saiu em campo, armou o rompimento do PMDB com o
Planalto, negociou com o Congresso e conquistou as graças do PIB com o
documento “Uma ponte para o futuro”. Da mesma forma, a hipótese de volta de
Dilma ao cargo só deixará de ser muito remota quando houver sinais concretos de
articulação em torno do cenário que virá depois. As forças políticas que
bancarem a operação retorno terão que dizer como, com quem, para quê e até
quando ela governará.
Não serão, portanto, dois votos para lá, dois para cá, que irão
definir, de forma furtiva ou inesperada, os destinos do país na votação final
do impeachment no Senado. Nos últimos dias, os aliados de Dilma se animaram e
os neoplanaltinos se apavoraram com declarações de senadores como Cristovam
Buarque (PPS-DF), Acyr Gurgacz (PDT-RR) e Romário (PSB-RJ), entre outros, de
que, diante dos rumos que vêm tomando o governo Temer, podem mudar de voto para
absolver a presidente no julgamento final, viabilizando sua volta. Afinal, na
primeira rodada Temer obteve 55 votos, apenas um a mais do que o necessário
para tornar efetivo o hoje presidente interino.
Com isso, o Planalto passou a cortejar esses senadores, enquanto os
aliados de Dilma iniciavam ofensiva para virar o jogo no Senado acenando com
futuros acordos. Bom para eles. Só que, no caso em questão, dificilmente as
coisas vão se resolver assim, no varejo de um ou outro voto.
Há uma série de requisitos para que a articulação em torno da volta de
Dilma ao Planalto seja bem sucedida, a começar pelo interesse do PT e do
ex-presidente Lula na causa. Até agora, temos visto a presidente afastada
lutando como guerreira, cavando diariamente espaços na mídia e buscando apoio
na sociedade para denunciar o que considera um golpe. Mas Dilma parece sozinha,
tendo a seu lado uns poucos ex-ministro que a acompanham nas agendas ou gravam
vídeos para Facebook com criticas ao novo governo.
Lula faz uma reunião aqui, outra ali, chama senadores para conversar,
manda dizer que vai percorrer o país denunciando o golpe... Mas tudo ainda a
portas fechadas. Já vimos esse filme, e ele não conseguiu evitar a autorização
para abertura do impeachment nem na Câmara e nem no Senado. Mas todos sabem
que, ainda que o ex-presidente ande acabrunhado com as investidas da Lava Jato
contra ele, temendo mesmo ser preso, a única chance de restaurar o governo da
petista Dilma passa por ele.
Se o criador não sair a campo para salvar a criatura, quem se animará a
fazê-lo? Se Lula não for à luta e mostrar a cara, não vai convencer ninguém de
que quer a volta da sucessora ao Planalto e que isso é politicamente viável. Ao
contrário, alimentará as intrigas de que prefere Dilma fora, o que lhe
permitirá passar a mão na bandeira da oposição e construir a estratégia para
2018.
Da mesma forma, dificilmente o PT de Dilma conseguiria agregar em torno
de sua volta outras forças políticas sem um compromisso para o futuro. Diversos
senadores que admitem mudar de voto a favor da presidente afastada não querem
nem Temer, nem Dilma. São favoráveis à realização de novas eleições
presidenciais.
Assim como boa parte dos brasileiros nas pesquisas, esse senadores não
acreditam que Dilma seria capaz de reunir as condições necessárias para
governar numa hipotética volta, seja pelo desgaste político no Congresso, seja
pela falta de apoio popular. Ainda que divida o PT e aliados, a questão da nova
eleição – autorizada por um plebiscito –
teria que fazer parte do pacote na negociação, com todas as complicações que
poderia acarretar. No mínimo, mais alguns meses de incerteza no país.
Não há solução fácil. O desfecho, em qualquer hipótese, vai depender da
capacidade de articulação de interesses diversos – e, no momento, Michel Temer,
com quilometragem nas negociações políticas e a caneta na mão, tem melhores
condições de jogo.
Só que o peemedebista está tendo mais dificuldades do que se esperava
para governar. Fez escolhas complicadas para o Ministério, constatou que a Lava
Jato continua desembestada como um caminhão descendo a ladeira na banguela e
continua longe de conquistar a simpatia da população. Descuidou-se dos pleitos
e movimentos da sociedade. Sua chance de se
tornar presidente definitivo passa por dois decisivos fatores: 1) a
capacidade de se blindar da Lava Jato, o que não depende só dele; 2) a economia,
ou seja, de convencer o país de que a competente equipe que montou para tocar a
área vai dar um jeito nas coisas antes
que ela dê de fato.
Nos próximos dois meses, tudo isso vai ficar claro. Será mais um agosto
daqueles.”
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