Por Zezinho de Caetés
Outro dia li, se não me engano, no O Globo, alguém dizer que
a situação política no Brasil, quanto ao governo Temer se resume em: “Ruim com, pior sem ele!”. Nada mais
verdadeiro. Primeiro porque é a única opção não golpista que temos, e segundo
porque, se observarmos bem, o governo dele não vai tão mal assim, mesmo sem
comparações, com outros. E, se formos compará-lo como o governo ou desgoverno
da ex-presidente, não tem nem como começar.
Hoje leio e transcrevo abaixo um texto do cientista político
Murillo de Aragão (“A volta da política”),
onde ele tenta mostrar que, nestes 20 e poucos dias de governo, o Temer vai
muito bem, obrigado. E refere-se, além da volta da negociação política, ao que ontem
aqui critiquei “em causa própria”
(porque vou ter um aumento na aposentadoria e me contenho de ficar alegre pelo
volume de desemprego), o aumento do funcionalismo dos 3 poderes da República.
Ninguém, um pouquinho dotado de Economia, pode afastar a
hipótese de que houve uma contradição, com este ato, com a meta de equilíbrio
fiscal, tão alardeada. Ora, parece até com o pai de família que deixa de
comprar comida para aumentar a mesada dos filhos. No entanto, para aqueles um
pouquinho mais dotados, do que eu, em Política, como o articulista, vê que a
medida não é tão contraditória assim se pensarmos na desgraça feita à economia
e à política pela ex-presidente, que ontem estava fazendo comício no Rio.
Na realidade, com o Temer, se volta a negociar, o que virou palavrão
pelo nosso ranço autoritário, criado em grandes períodos de ditaduras e de salvadores
da pátria. O João Figueiredo mandava prender e arrebentar, o Collor saquear as
poupanças e o Lula faria um discurso enganador em cada sindicato. Graças a Deus, tudo isto está ficando no
passado, e espero que lá continue.
Isto não representa um apoio ao governo Temer, in totum, pois, para mim ainda anda meio
titubeante em certas decisões, mas, devemos reconhecer que quem fez o mundo em
7 dias foi o Criador. E aqui tivemos uma criatura destruidora, que não tem condições
de voltar à presidência, porque nunca esteve lá.
E lembrando aquele assessor do Bill Clinton (quase o “primeiro damo” dos Estados Unidos), graças
ao Donald Trump, que dizia: “É a
Economia, estúpido!”, eu diria que, na situação de terra arrasada do Brasil
de hoje: “É a Política, estúpido!”.
Se o Temer conseguir desfazer o imbróglio político em que o lulodilmopetismo
nos meteu, entrará para história pela porta da frente, enquanto Lula, Dilma et
caterva, entrarão pela porta dos fundos, e a Dilma, via Porto Alegre.
Fiquem com o Murillo, que eu vou rever o show de humor (Zé
Carlos grande tema para sua coluna) da Comissão Especial de Impeachment, ontem.
“Michel Temer inda não completou um mês administrando a pior herança
que um governante deparou nos últimos 50 anos. Havia balbúrdia generalizada nas
contas públicas, uma economia destroçada pela recessão e a perspectiva de
chegar ao final do ano com 14 milhões de desempregados, um recorde que apontava
para o caos.
Em três semanas já é possível identificar uma base parlamentar disposta
a votar a agenda necessária parar tirar o país da crise, a solução do desastre
fiscal foi encaminhada e a volta da confiança dos parceiros privados no rumo a
ser percorrido é perceptível. O barulho de quem se recusa a acertar o passo
deslocou-se do setor produtivo para nichos de inconformismo com perdas de
privilégios ou para o terreno dos que permanecem aferrados à fantasia.
Na quarta-feira as críticas atacaram o aumento de salários concedido a
servidores públicos de quadros do Judiciário, carreiras do Executivo e que
prestam serviço no Legislativo e no Ministério Público com impacto estimado no
valor de R$ 58 bilhões em quatro anos. Ninguém afirma que os reajustes foram
imerecidos, e sim que o sinal político foi ruim diante da perspectiva de um
déficit fiscal de R$ 170 bilhões.
Como dizia o economista Milton Friedman, “não existe almoço grátis”,
argumento que socorre Michel Temer em dois aspectos: havia a dívida, era
preciso pagar; se se quer um mínimo arranjo político para seguir em frente, há
um custo a cobrir. O presidente não escondeu a saia justa, pois não é razoável
comemorar uma conta desse tamanho. Mas pôs as coisas em seus lugares.
“Foi algo ajustado no governo anterior (com os setores beneficiados).
Ansiavam todos eles pela aprovação dessas matérias. Pacifica a relação do
governo com várias categorias de servidores. É um aumento discreto, quase não
cobre a inflação. Leva em consideração o cálculo político e o cálculo
econômico”, afirmou.
Em nota oficial, o Ministério do Planejamento esclareceu que os
projetos foram resultado de negociações com oito meses de duração, terminaram
na assinatura de 32 termos de acordo com as lideranças sindicais e que, para
todos eles, já haviam sido assegurados recursos necessários na Lei Orçamentária
Anual de 2016. Não faz muito tempo, a mídia monitorava as reuniões dos técnicos
do governo Dilma com os interessados, sempre concluídas com desacordos
cíclicos, tática do PT para fugir da decisão e rolar a bola em quanto tempo
passava.
Presidente interino, Temer não tinha condições de continuar dando
voltas e resolveu enfrentar o problema. Estava premido por um cenário político
montado pela oposição em forma de armadilha, quando seus líderes tocaram o
terror alardeando supostas ameaças de cortes a serem sofridos nos programas
sociais, como o popularíssimo Bolsa Família. Temer desarmou a bomba desmentindo
a contrainformação em tom determinante.
Veio, então, a tática de jogar os funcionários, de quem toda
administração depende para que a rotina da Executivo funcione, contra o governo
de três semanas. Bastava imitar Dilma Rousseff e desmontar uma vez mais o
pacote de reajustes, coisa que um político com um mínimo de responsabilidade
rejeitaria, para comprar outra briga e atrair o bordão “Temer está muito
frágil, coitadinho, não sabe governar”. Quanta ingenuidade.
A diferença é que, apesar da conta alta, hoje a agenda legislativa
anda, abrindo caminho para a virada na política e na economia – a meta fiscal
expandida foi aprovada, eliminando uma fonte permanente de conflito com o
Congresso; e a DRU (Desvinculação de Receitas da União) passou em votação em
primeiro turno, ambas com apoio confortável, sem margem para especulações, sem
manchetes sobre batidas de cabeça. No passado não havia política, só
pauta-bomba.”
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