Por José Antonio Taveira Belo / Zetinho
Diariamente Viviane ficava nos
semáforas da Avenida Agamenon Magalhães no Derby oferecendo buques de flores
aos motoristas enquanto aguardava o sinal verde para prosseguir viagem. Vendia
bastante com o seu ar alegre e sedutor. Uma
linda moça dos seus trinta anos, olhos verdes, cabelos compridos louros. Usava
sempre roupas coloridas e justa mostrando os seus dotes femininos e com isto
conquistavam os clientes. Muitas das vezes quando os motoristas baixava o vidro
ela se debruçava na janelinha mostrando o seu patrimônio o seios e com isto
ganhava de vez em quando uma cantada, para passar a noite em algum motel. Ela não se incomodava e ate gostava, pois ali
saíram à venda das suas flores. Eram rosa vermelhas, amarelas, brancas e cor-de-rosa.
A noitinha ia visitar os bares da cidade. Corria de mesa em mesa oferecendo
suas flores e mostrando a sua beleza, que encantava os notívagos já muitas das
vezes alcoolizados. Tirava sarro com ela. Gostava de soltar piadas e ela não
ligava. Quando a cantada era em maior volume ela se espiritava, dando as costas
indo embora. Não era o que pensava dela, apenas era bondosa para oferecer a sua
mercadoria, flores. Começava a sua tournée pelo Mustang, depois atravessava a
ponte Duarte Coelho com um balde nas mãos, indo diretamente o Savoy. Ela
aparecia sorridente já com alguns buques nas mãos. Estávamos jogando porrinha. Ela
chega já soltando graça. Qual de vocês vão me dar um presente? Amanha é dia dos
Namorados? E vocês sabem qual o presente, é vocês comprarem um buque de rosas
para sua namorada ou esposas, gargalhava. Vamos quem vai me dar o presente? Estou
esperando? Não tenho tempo a perder outros boêmios me esperam em outros bares.
Ninguém queria comprar nada. Tais doida! Chegar a casa com uma rosas para a
minha a mulher vai dar em mim. Vai
desconfiar que alguma coisa esta acontecendo, tais doida. E assim muitos respondiam.
Valdomiro um moreno forte e trabalhador em uma firma comercial achou de comprar
dois buques. Olha vou te ajudar mais não te acostumas. Quanto é? Cinco reais todos
os buques, respondeu. Tais doida! Estais roubando! Vou chamar a policia para te
levar em cana é o que mereces. Me dê
dois um vermelho e outra amarela. Ela já estava dando a Valdomiro, que tirou
uma nota de dez reais entregou dizendo – não mereço um cheiro? Não! Senão eu te
melo de batom e a bronca é grande guando chegar a casa. Saiu rebolando e dando
adeus para nós. Careca traz mais uma cerveja, a saideira. Não temos esta marca,
temos a Antártica, rindo colocando em cima da mesa. Os buques ficaram em uma
cadeira. Saímos para voltarmos no outro dia, enquanto Val pegava os buques indo
para o carro comprado com grande sacrifício, ainda estava pagando as prestações
dizendo que ia tomar a saideira no Bar do Louro na Estada do Arraial, na
Tamarineira. No dia seguinte nos contou “Pessoal ontem levei um susto danado”.
Sai daqui para o Bar do Louro ia tomar somente uma derradeira para ir para casa
e buscar a mulher Vivi para jantar em um restaurante fino, todos os anos faço
esta extravagancia. Mas, a turma começou a jogar a danada da porrinha e o tempo
vai passando e eu não me ligo no relógio. Cheguei por volta das quatro horas da
manhã com o buque de rosas. A mulher estava dormindo, ou se fazendo, deito-me
devagarinho cheio de cana e durmo de imediato. Diz o que aconteceu quando me
acordei lá pelas oito horas? Vou contar – acordei com a cabeça doendo. Quando
olho a cama esta arrodeado das rosas, um cobertor azul em cima de mim e um
terço na mão, coisa que nunca usei. Um buque de cravo de defunto aos pés. Dei
um grito para a mulher que me observava ao pé da cama de braços cruzado, que
tramoia é esta? Tais morto! O que? Eu morto? Sim! Para mim. Tentei me defender
mais ela não escutou saindo do quarto fula da vida. Já tinha tirado o retrato,
e me entregou. Deitado de bruços para cima, a cama arrodeada de rosas, como já
disse, o terço nas mãos sobre o peito e duas velas de sete dia em cada lado da
cabeceira, acesas. Era um perfeito defunto. Isto é coisa que se faça? Agourando-me?
Peguei as flores joguei no lixo e sai para tomar uns tragos e somente voltar lá
para o fim da tarde. Que se dane o Dia dos Namorados.
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