Por Zezinho de Caetés (*)
Mesmo sem tentar abordá-lo mais sobre quaisquer assuntos,
pessoalmente, eu me dirigi dias atrás ao Marco Zero da cidade do Recife, para
ver, pelo menos de longe, o meu conterrâneo Lula. Tive a companhia sempre
agradável da Eliúde, minha colega de assédios políticos/estéticos por parte de
Lucinha.
Um comício com o Lula não se pode mais chamá-lo assim, como
se ele ainda participasse deste pequenos eventos eleitorais. São verdadeiros
encontros religiosos onde a multidão segue o líder de forma cega e
inconsciente. Não sei se o Antônio Conselheiro conseguia juntar as pessoas e
fazê-las urrar e berrar como o Lula sabe fazer. Para rivalizar com ele, na
forma como conduz uma multidão, ou o seu rebanho, só conheço atualmente o Padre
Marcelo, nas missas e eventos que vejo pela TV. Nem o Papa João Paulo II, a
quem acompanhei no Joana Bezerra, conseguia as proezas que o meu conterrâneo
consegue.
Ele encontrou o tom certo para infantilizar ou imbecilizar
qualquer cidadão que se poste (sem trocadilho) diante do seu palanque. Lembrei
do Chacrinha balançando a pança e comanda a massa. Se ele quer que o público
chore, não há problema, lembra sua infância pobre e sofrida no agreste
pernambucano e sua viagem de 13 dias para São Paulo, de onde partiria para o poder
e glória. Se quer que a multidão ria, também consegue com a maior facilidade,
basta dizer que não quer “pegar a mulher de ninguém” e cita um exemplo com a
mulher que ele pega: a galega. Aí a multidão chora de tanto ri.
Lembrei que a CIT Ltda tem como objetivo provocar risos e
emoções em seus clientes, por que então o Diretor Presidente não convida o Lula
para escrever no Blog da CIT? A desculpa de Lucinha, para discordar da ideia,
de que ele nunca aprendeu a escrever, não é suficiente, pois ele poderia ditar
para alguns dos seus fiéis seguidores. Garanto como não faltariam candidatos
para ajudá-lo. É óbvio que ele não quer correr o mesmo risco de sua candidata
de aprovar coisas somente com rubricas e sem ler, mas penso que este risco será
mínimo se ele escolhesse a pessoa certa, como o Sarney, Renan, Jader, Delúbio,
e tantos outros fiéis escudeiros.
Mas voltemos ao comício, digo, show religioso. Quando o Lula
fala, este ato deverá ser descrito no futuro, por algum evangelista, quando ele
já estiver canonizado, da seguinte forma:
“Vendo Lula as multidões, subiu ao palanque, e como se
assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e Ele passou a ensiná-los,
dizendo:
Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é
o Planalto Central.
Bem-aventurados os que babam, porque serão
contemplados.
Bem-aventurados os mansos, sendo cornos ou não, porque
herdarão os chifres.
Bem-aventurados os que têm fome e sede, porque serão
saciados pelo Bolsa Família.
Bem-aventurados os mentirosos, porque alcançarão poder,
misericórdia!
Bem-aventurados os sadios do coração, porque
aguentarão ouvir a Dilma falar.
Bem-aventurados os mistificadores, porque serão
chamados filhos de Lula.
Bem-aventurados os perseguidos por causa do mensalão,
porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos
insultarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo mal contra vós por
causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque é grande a vossa recompensa no dia
da eleição; pois assim perseguiram aos político como eu que existiram antes de
vós" (Beto 5:1-12).”
Vendo então a multidão boquiaberta, quase catatônica ao
ouvi-lo, Lula continua dando o seu recado, como descrito pelo evangelista do
futuro:
“Não penseis que vim revogar a lei ou os outros
políticos, apesar disto parecer assim: não vim para revogar, vim para cumprir.
Porque em verdade vos digo: Até que o céu e a terra passem, nem um jota ou um
til jamais passará da lei, até que Dilma seja eleita. Aquele, pois, que votar
em outro candidato, posto que mesmo um vez só, e assim ensinar aos homens, será
considerado menor em meus apoios eleitorais, aquele porém, que os votar na
Dilma e ensinar, esse será considerado grande no Planalto e terá eleição
garantida. Porque vos digo que, se o vosso voto não exceder em muito os do PSDB
e DEM, jamais sereis eleito (Beto 5:17-20).”
E por ai vai o nosso evangelista. Por enquanto, no falado
comício do Marco Zero, o meu conterrâneo roubou a festa. E mesmo, ainda com as
duas notas de 50, queimando meus bolsos, sei que as pesquisas estão certas
quando prevêem a eleição da Dilma ainda no primeiro turno. Mesmo brigados,
talvez ele nem saiba disso, a não ser que a galega, ao ler o Blog da CIT tenha
dado com a língua nos dentes, eu devo parabenizá-lo. Ele traçou um objetivo,
segui-o e eficientemente vai alcançá-lo. E não duvido que ele continue
governando por mais 12 anos este país, os próximos quatro com seu avatar e os
próximos oito a partir de 2015.
Diante de tal capacidade gerencial o outro candidato ainda
bate na tecla da experiência político eleitoral, para atacar sua candidata. Só
ele ainda não sabe que o avatar Dilma, encarnou todas as qualidades do seu
senhor. Não há mais Dilma, agora é Lula, e não se fala mais nisso. Oposição?
Para que? A partir de outubro, quem quiser encontrar algum sinal dela, deve ir
a algum Campo Santo ou terreiro de macumba.
Como será o Brasil, sem oposição, só Deus sabe. Pensando
bem, Ele e o seu novo filho Lula, aquele que no princípio era só um verbo, e
agora se fez carne e habitou entre nós, para deitar e rolar neste país não
politizado mas extremamente religioso.
Só para concluir, o nosso Deus, digo Lula, agora também
quer, além de eleger sua candidata a presidente, quer eleger também seus
senadores, o beato Humberto, e o monge trapista Armando. Para isso ele fala
grandes besteiras sobre seus adversários. Eu não sou um fã de Marco Maciel,
mesmo que recebesse quase todo o ano em Caetés aquelas suas cartas mimeografadas,
de saudações natalinas. Entretanto, sempre o admirei em um ponto: nunca soube
que ele tivesse se metido em maracutaias com o dinheiro público. Além disso
sempre trabalhou muito por Pernambuco, mesmo tendo feito parte do governo
militar, etc, etc. Não é justo dizer que ele nunca fez nada, mesmo que todos
saibam que seja uma briga eleitoral. Eu não ia, mas agora vou votar em Marco
Maciel para o Senado. Para os outros cargos, meu voto continua secreto.
Repito o meu conterrâneo nos comícios em portas de fábricas:
Conterrâneo, vamos com “menas” sede ao pote.
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(*) Neste feriadão, até o Zezinho ficou na preguiça e não me
mandou nada recente para publicação. Como ontem publiquei a Lucinha Peixoto,
num texto onde ela cita um do Zezinho, resolvi, publicá-lo. Recordar é viver. (ZC)
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