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sábado, 12 de abril de 2014

O CACHORRO DE BOTAS - O cachorro do deputado engordou




Por Zé Carlos

Na minha caminhada de hoje não houve muitas novidades. O Nick voltou a calçar suas botas e ficar com aquele ar bonachão de quem reina no pedaço. Seus acólitos cachorros, como sempre, chegaram perto e esperaram o mestre falar. Eu já havia andado e parei também, pensando em ouvir os disparates gerados pelo mau-caráter do Nick. E desta vez, ele se dirigiu primeiro a mim com um ar de sabedoria de profeta do apocalipse:

- Zé Carlos, você viu o que está nas notícias?

- Claro, Nick, eu tento me informar sempre que posso e meus netos deixam.

- Então você deve ter lido sobre o deputado André Vargas, aquele lá do Paraná! Como você sabe, ou deveria saber, eu andei por lá certa época e fiz amizade com o cachorro dele, o Youssef. O cachorro do deputado é de minha raça e tem o meu caráter, ou seja, nenhum. E, talvez por isso mantemos até hoje uma grande amizade.

- Que nome estranho deste cachorro Nick?! Youssef??

Disse eu fingindo uma pequena ignorância para incentivar o Nick a expor suas ideias, que ouço sempre com um pé atrás. E o Nick continuou:

- Ah, o Youssef, grande cachorro. Safado que só ele. Seu dono era um doleiro chamado Alberto Youssef, e daí o seu nome, que foi escolhido na dúvida entre Dólar e Youssef, quando seu dono soube que o Dólar já existia e era do Riquinho, aquele dos quadrinhos. Ele achou que, como sua profissão era fazer os políticos ficarem ricos, isto poderia dar muita na vista. Daí o nome do cachorro do Alberto Youssef. Mas, voltemos ao cachorro do deputado que se chama Ilário, e não me pergunte o porquê. Talvez seja devido ao ar de riso de alguns políticos quando recebem, do seu dono uma propina.

- Propina, Nick!?

- Eu também fiquei chocado com as histórias que vi na TV e li nos jornais sobre o dono do Ilário. Dizem que ele quis dar uma cotovelado no Joaquim Barbosa, e só não o fez porque iria pegar muito mal para o seu partido. Levantou só o punho cerrado imitando os mensaleiros que hoje habitam a Papuda. Se você não sabe, a Papuda é a aquele presídio de Brasília que se especializou em político ladrão, e no qual já foram construídos até canis para cachorros sem caráter como eu e o cachorro do Zé Dirceu.

- E a propina, Nick!?

- Espera que eu chego lá. Li que o Vargas, dono do Ilário, está causando o maior rebu em Brasília, porque ele seria o intermediário entre vários políticos e o dono do Youssef, para alimentar o Caixa 2 de alguns partidos e os Caixas 3, 4, 5 e 6, de alguns deputados, e até senadores.

- Nossa, Nick!

- Segundo reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, a Polícia Federal encontrou e-mails de Youssef tratando de doações para políticos com diretores da empreiteira Queiroz Galvão e da empresa Jaraguá Equipamentos. Ambas têm contratos com a Petrobras e atuam na construção da Refinaria Abreu e Lima, que estaria superfaturada por influência de Paulo Roberto Costa, que está preso com o Alberto Youssef, e nem sei se ele tem cachorro para fazer companhia Youssef, amigo do Ilário. Nos e-mails, eles acertam doações no pleito de 2010 e a emissão de recibos pelos beneficiados. O PP declarou ao TSE ter recebido R$ 500 mil da Queiroz Galvão e R$ 2,24 milhões da subsidiária Vital Engenharia. As seções baiana e pernambucana do PP também receberam doações, de R$ 500 mil e R$ 100 mil, respectivamente, e o executivo estaria cobrando os recibos no e-mail para Youssef, certamente por ter sido ele o mediador. Alguns parlamentares do PP, como Roberto Teixeira (PE), Nelson Meurer (PR), Roberto Britto (BA) e Aline Corrêa (SP) — filha de Pedro Corrêa, cujo cachorro, o Correinha, também é meu amigo, condenado no processo do mensalão — teriam recebido doações individuais. Outro condenado na Ação Penal 470, o ex-deputado Pedro Henry (MT), também. A matéria cita ainda a seção do PMDB de Rondônia, chefiada pelo presidente em exercício do partido, senador Valdir Raupp. Se forem confirmadas transferências frequentes e abrangentes de recursos para partidos ou parlamentares, estará configurado um propinoduto ou esquema de financiamento político-eleitoral ilegal, o que sempre dá no mesmo. E é o fio dessa meada que a oposição tentará puxar na CPI, quando for instalada, assim como a CPI dos Correios não se interessou nem um pouco pelo que houve nos Correios sob a influência de Roberto Jefferson, concentrando-se nas relações entre o valerioduto e os aliados do governo. Se o doleiro negocia com empresários doações para políticos, está claro o papel dele de elo num esquema de favorecimentos recíprocos em que os partidos da base usam seus feudos no governo, especialmente na Petrobras, para obter vantagens. Vi ontem o Aécio e seu cachorro, o Popó, indo ao STF, movendo uma ação para deixarem criar um CPI da Petrobrás. Não sei se foi uma boa ele levar o Popó. Dizem que quando ele encontra o cachorro do Lewandowski é briga feia.

- Meu Deus, Nick! E daí?

- Prá você ver como está o clima lá em Brasília. Foi mostrado também que o dono do Ilário, o deputado, era muito amigo e parceiro do dono do Youssef, cachorro do doleiro, e o Ilário está tremendo de medo de ir parar na Papuda, pois ele detesta o cachorro do Genoíno. E o pior de tudo é que estão ligando o Youssef com o que aconteceu na Petrobrás na época do Lula. Dizem que o aparelhamento político da Petrobras teve um momento emblemático em 2005, quando o ex-deputado Severino Cavalcanti reuniu-se com a então ministra Dilma e pediu para seu partido, o PP, “aquela diretoria que fura poço e acha petróleo”. Tudo foi presenciado pela cadela da Dilma, que ouviu a dona dizer ao Severino (dono de um cachorro, grande amigo meu, o Biu) que a Diretoria de Exploração e Produção não poderia sofrer alterações, mas que outro posto na empresa poderia ser estudado para um indicado dele. Severino já presidia a Câmara, não gostou e passou a torpedear o governo, até cair na esteira do escândalo do “mensalinho” do restaurante da Congresso.

- Nick, eu estou pasmo! Como é que tu sabes todas estas coisas? Tu não estás inventando não, não é?

- E eu sou cachorro para andar inventando coisas, Zé Carlos. Eu li num artigo que a cachorra da Teresa Cruvinel, a Cruvinha, me enviou, que sua dona escreveu num jornal de Brasília. A Cruvinha sempre me deu bola, mas eu juro que dos cachorros que ela teve não sou pai de nenhum. Foi ela que me enviou também a foto do Ilário, o cachorro do Vargas, que você poderia usar para ilustrar o que você escrever sobre esta nota conversa. Eu achei um horror. Tanto o Ilário quanto o dono, nos últimos anos pegaram uns quilinhos a mais, não é mesmo? Como dizem que obesidade é coisa de rico, talvez isto seja uma prova de que o Youssef, cumpriu a promessa em diálogo que a imprensa divulgou a partir de escutas da Polícia Federal quando disse: “Você vai ver o quanto isso vai valer. Tua independência financeira. E nossa também eh claro. Kkkkk” . Penso que o Ilário está é com medo de ficar pobre e virar o cachorro magro que era e ir fazer companhia ao Youssef.


O Nick levantou-se, com um ar de cachorro que sabia demais, e eu vim correndo tentar reproduzir suas palavras aqui. Mesmo sabendo que ele pode estar inventando a partir de seu mau-caratismo, eu relevo por que sei que um cachorro, é um cachorro, é um cachorro...

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