Por Carlos Sena (*)
Não se assuste, mas ainda
continua sendo assim com boa parte das mulheres. Mulher Melão. Mulher Melancia.
Mulher Jabuticaba. Mulher... Abacaxi, eis outra mulher. Diferente do fruto doce
e saboroso do abacaxi, mulher com esse nome denigre a mulher que queremos
livre, amando-se e amando, trabalhando, e, como cidadã consciente, escolhendo
pelo voto os governantes da nação. Mulher Abacaxi tem dentro de si a casca
grossa da futilidade, o caule espinhoso da falta de compostura que lhes conduz
a uma moral duvidosa e uma ética fraca que se desonera com a primeira cantada
de um homem. No rol dessas imperfeições de caráter ou talvez desse modo
duvidoso de ser mulher, estabelecem-se as principais características da atual
mulher Abacaxi. Grosso modo, essa pode ser a antítese da mulher que, a duras
penas, enfrentou o mundo machista e rompeu com boa parte dos preconceitos lhe
impostos. A mulher de quem o mundo se orgulha é aquela que descobriu que sua
auto-estima não tem preço; que o mundo não tem mais lugar para discriminação,
independente de ser mulher; que não há mais lugar para as mulheres
"Amélia". Descobriu, acima de tudo, que o trabalho da mulher é tão
digno quanto o do homem e que essa história de bater em mulher acabou.
Descobriu, não obstante, que pode amar e ser amada e, se no amor houver
separação, sabe continuar a vida e refazê-la, se for o caso, com muita
dignidade. Percebe-se, pois, que estamos falando da mulher MULHER. Sem rótulos,
nem ilação com a futilidade das mulheres-fruta tão em moda no seio da sociedade
que passou boa parte do tempo dançando na "boquinha da garrafa" bem
na lógica da mulher de cama e mesa. Mais da cama do que da mesa.
Neste 8 de março há o que
comemorar com as mulheres que sabem se amar. Que não apanham de homens sem os
denunciar a policia. Que tem estabilidade financeira e que, se for o caso viram
"pai e mãe" (pãe) para seus filhos mas, não se submetem a viver com
homens que lhes tratam como escravas. Que dão um duro danado para trabalhar,
criar os filhos, cuidar da vida conjugal, ou, sendo sozinhas, descobrir-se
feliz por nada. Porque a felicidade dos seres humanos não pode ser dependente
de outrem, mas da auto-estima de cada pessoa. Mulher ABACAXI? Prefiro as
mulheres MULHERES!
-----------------
(*) Publicado no Recanto de
Letras em 08/03/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário