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sábado, 5 de abril de 2014

NEM GRANDE NEM PEQUENO, mas buliçoso.




Por Carlos Sena. (*)

Ouvi de uma amiga "gosto muito de ler suas crônicas, mas nunca chego ao final porque são muito grandes". Eu fiquei sem entender se era uma crítica leve um elogio atenuante. Fato é que eu gosto de escrever, somente. Quanto ao tamanho do que escrevo  é questão complexa. Não só pra mim, mas pra qualquer um que, como eu goste de escrever. Penso que tamanho, nesse caso, não é fundamental, mas tem seu valor. Encontrar o limite para o tamanho de um texto, principalmente quando se posta na internet, passa a ser instigante. Vai depender de quem lê. Porque nestes tempos de Facebook, onde a velocidade da informação deixa a gente tonta, há quem goste de ler pouquinho; há quem goste de ler apenas postagens com fotos; há quem goste de nada ler, mas de tudo ver; há quem goste de ler tudo, desde os "Texticulos" aos textos médios e grandes. Para estes, independe o tamanho do texto, porque fazem parte da cepa dos que adoram ler, bastando pra isso que o texto (prosa, poesia, conto, etc.) tenham qualidade literária.

Fato é que independente do tamanho, escrever é uma ponte que une pessoas. Nem sempre reúnem, mas, sob certos ângulos de visão unem. Utilizando o dito popular de que nos "menores frascos estão as melhores essências", depende. Porque podem conter também os piores venenos. Portanto, o tamanho certo de um texto depende muito mais de quem lê do que de quem escreve. Quem, diante de um bom texto, diante de um bom livro, não os lê de um fôlego só? Daí a relatividade do tamanho. Contudo,  reconhecemos que há texto escritos para o vento, qual essas músicas tipo fank, "eguinha" pocotó, mesmo outras da banda Ky (kalypso), e tantas outras. Afinal, vivemos uma sociedade de consumo em que até para ser ser lido, muitos abrem mão da qualidade dos seus escritos.

No nosso caso, sou prático. Não me pauto pelo tamanho do texto para escrever o que penso. Confesso que tenho uma tendência a escrever textos grandes, mas, ao mesmo tempo fico feliz. Porque enquanto nos vestibulares (e concursos) em que se facultam mais ou menos trinta laudas para uma redação, muitos não fazem sequer a metade. Certamente que eu e muitos sentiríamos falta de mais espaço, mas faz parte do processo. No fundo o que qualquer texto não pode deixar de ter é qualidade. Se grande ou pequeno é dilema parecido com o das mulheres que não são ninfomaníacas. Elas, em sua maioria acham que não precisa "ser grande ou pequena" mas tem que ser "buliçosa". Os textos também: no mínimo tem que ser buliçosos.

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(*) Publicado no Recanto de Letras em 16/02/2014

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