Por Carlos Sena. (*)
Ouvi de uma amiga "gosto
muito de ler suas crônicas, mas nunca chego ao final porque são muito
grandes". Eu fiquei sem entender se era uma crítica leve um elogio
atenuante. Fato é que eu gosto de escrever, somente. Quanto ao tamanho do que
escrevo é questão complexa. Não só pra
mim, mas pra qualquer um que, como eu goste de escrever. Penso que tamanho,
nesse caso, não é fundamental, mas tem seu valor. Encontrar o limite para o
tamanho de um texto, principalmente quando se posta na internet, passa a ser
instigante. Vai depender de quem lê. Porque nestes tempos de Facebook, onde a
velocidade da informação deixa a gente tonta, há quem goste de ler pouquinho;
há quem goste de ler apenas postagens com fotos; há quem goste de nada ler, mas
de tudo ver; há quem goste de ler tudo, desde os "Texticulos" aos
textos médios e grandes. Para estes, independe o tamanho do texto, porque fazem
parte da cepa dos que adoram ler, bastando pra isso que o texto (prosa, poesia,
conto, etc.) tenham qualidade literária.
Fato é que independente do
tamanho, escrever é uma ponte que une pessoas. Nem sempre reúnem, mas, sob
certos ângulos de visão unem. Utilizando o dito popular de que nos
"menores frascos estão as melhores essências", depende. Porque podem
conter também os piores venenos. Portanto, o tamanho certo de um texto depende
muito mais de quem lê do que de quem escreve. Quem, diante de um bom texto,
diante de um bom livro, não os lê de um fôlego só? Daí a relatividade do
tamanho. Contudo, reconhecemos que há
texto escritos para o vento, qual essas músicas tipo fank, "eguinha"
pocotó, mesmo outras da banda Ky (kalypso), e tantas outras. Afinal, vivemos
uma sociedade de consumo em que até para ser ser lido, muitos abrem mão da
qualidade dos seus escritos.
No nosso caso, sou prático. Não
me pauto pelo tamanho do texto para escrever o que penso. Confesso que tenho
uma tendência a escrever textos grandes, mas, ao mesmo tempo fico feliz. Porque
enquanto nos vestibulares (e concursos) em que se facultam mais ou menos trinta
laudas para uma redação, muitos não fazem sequer a metade. Certamente que eu e
muitos sentiríamos falta de mais espaço, mas faz parte do processo. No fundo o
que qualquer texto não pode deixar de ter é qualidade. Se grande ou pequeno é
dilema parecido com o das mulheres que não são ninfomaníacas. Elas, em sua
maioria acham que não precisa "ser grande ou pequena" mas tem que ser
"buliçosa". Os textos também: no mínimo tem que ser buliçosos.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 16/02/2014
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