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sábado, 22 de março de 2014

Trair e coçar, é só começar




Por Zezinho de Caetés

Como disse a Dilma ano passado que faria o diabo para ganhar as eleições e seu ministro o Gilberto Carvalho disse neste ano que “o bicho iria pegar”, o demônio parece que se sentiu ofendido e já começou a atuar na política brasileira, que é tão bem resumida abaixo pelo imortal Merval Pereira, em artigo escrito para O Globo (“Clima de Traição” – 20.03.2014).

Nem conviria falar em diabo nesta semana que comemoramos o Dia de São José, que além de me dar o nome, meus pais diziam que a história de que o inverno seria bom se chovesse em seu dia, não me parece bater com as previsões meteorológicas. Tudo indica que o “general inverno” que tanto aporrinhou Napoleão vai aperrear mais a presidenta, e sua união com o capeta para ganhar as eleições. Já existe racionamento de fato embora ela não queira decretá-lo de direito.

Lembrei até de um tempo onde a SUDENE não era só um prédio a ser tombado (parece que já foi pelo IPHAN) e atuava como órgão de desenvolvimento regional, que todos os anos realizava reuniões e mais reuniões para ver se a “seca” seria decretada oficialmente ou não. Numa economia onde o Estado é um tumor imenso, maligno e com metástase, que elimina toda possibilidade de aumento de produtividade, isto é um fato relevante. Tudo gira em torno de decretos e não da realidade tão bem captada pela iniciativa privada, quando é deixada funcionar. Não era a seca que influía na economia e sim as leis e decretos. Muitos ineficientes ficaram ricos assim, mamando nas tetas cheias e tenras do Estado e seus éditos ditos desenvolvimentista. E a seca continua nos assolando.

Agora temos o problema do racionamento de energia. Para não perder as eleições vão nos jogar nas costas (nós, contribuintes) o peso desta decisão desastrada de nossa presidenta, cuja ação mais eficiente foi comprar uma refinaria que valia 42 milhões de dólares por 1 milhão e 300 milhões de dólares, e agora acusa o Conselho da Petrobrás, que ela mesmo presidia, por não lhes apresentar todos os papéis. O que ela poderia dizer? A verdade? Que é a ineficiência em forma de mulher? Como então dizer que há necessidade de racionamento se ela e seu criador, o Lula, se elegeram jurando de pés juntos que não fariam o que o FHC fez, racionando a energia?

Como ainda se mantém esta corja petista no poder? Leiam o texto abaixo e vejam apenas alguns motivos. Nossa vida política gira no “presidencialismo de cooptação” e não num “presidencialismo de coalizão”. Dentro dele o legislativo se torna inexistente como um poder independente, sendo cooptado pelo executivo. A tentativa petista agora é cooptar o judiciário, e já está conseguindo, fazendo da corte suprema um órgão ciclotímico, com o “condena” e “absolve” desenfreado. Acabou o crime de quadrilha no Brasil, quando decidiram que os mensaleiros não faziam parte de uma quadrilha, porque não encontraram um chefe. Restou apenas as quadrilhas de São João que o meu conterrâneo, o Lula, o chefe, gosta tanto, como bom pernambucano, que passou a ser paulista. Espero que não volte a Caetés.

Hoje, o quem dá mais da crise que dizem existir no legislativo, na queda de braço com o executivo, não passa de uma questão de cifras. Não se espantem que se até outubro forem criados mais uns 5 ou 6 ministérios para saciar a sede do “blocão” (que a cada dia se torna mais um “bloquinho”). E o que sobrará para nós, brasileiros? Pagar mais caro por energia elétrica e talvez ter que racioná-la, seja quem for o presidente da república no próximo ano. Eu tenho ainda esperança que não seja do PT, porque, se for, ficaremos muito mais tempo na escuridão.

Agora leiam o imortal Merval e meditem sobre o que poderá nos acontecer se nada for feito para que nosso sistema político possa funcionar. No presente caso da crise, estou adorando a traição, que é termo que se dar a posições políticas nas quais impera apenas o “vil metal” tão apreciado por nossa classe política.

“O que esta crise política está demonstrando, mais uma vez, é que o modelo de “presidencialismo de coalizão” que montamos no Brasil é na verdade distorcido por adaptações que acabam transformando-o em um “presidencialismo de cooptação”, como definiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso recentemente.

O que começou com a compra de votos em dinheiro, denunciado o esquema do mensalão, que recentemente foi a julgamento e saiu condenado moral e criminalmente, passou a se dar através da entrega de ministérios e cargos em órgãos públicos.

A migração de políticos da oposição para siglas da base, que cresceram à custa desses expedientes, enquanto a oposição míngua, é o resultado dessa distorção.

Hoje temos a menor oposição numérica desde a volta da democracia, apenas três partidos assumem esse papel: PSDB, DEM e PPS, e, pela esquerda, o PSOL. Os demais estão na base governista.

A desestruturação cada vez maior dos partidos políticos e a sempre ampliada base governista formam um agrupamento político sem coesão programática que classifico de uma “maioria defensiva” para evitar convocações de CPIs ou comissões de fiscalização. Como vemos agora, uma rebelião permitiu a convocação de uma comissão para analisar o escândalo da refinaria da Petrobras em Pasadena, nos Estados Unidos.

Mas a maioria governista já recomposta domina a comissão, o que garante a proteção aos responsáveis, entre os quais se encontra a própria presidente Dilma Rousseff, que aprovou a compra. A desculpa de que não tinha as informações completas sobre o negócio coloca em xeque a atuação do Conselho da Petrobras, que ela comandava.

O próprio aumento do número de ministérios colaborou para a redução da importância deles, que se transformaram em grande medida em fontes de negociatas. A utilização de parlamentares nos ministérios, prática exacerbada em nosso “presidencialismo de coalizão", é um desvio de finalidade, como se fôssemos um país parlamentarista, onde os programas de governo são defendidos pelos partidos que ganharam a eleição.

Um parlamentar que vai para o Ministério abre mão de exercer seu mandato como membro de um dos poderes da República geralmente para aceitar papel secundário no outro poder, a maioria das vezes com interesses subalternos, como está se revelando rotineiramente no governo Dilma.

Todos os políticos que se digladiam por vaga na Esplanada dos Ministérios deveriam, em teoria, renunciar aos mandatos, como acontece na maioria dos países democráticos.

O que parece uma vitória dos políticos ou recuos do governo central nada mais é do que resultado de negociações por baixo do pano que inflam ou esvaziam “blocões” à medida que os interesses de grupos são satisfeitos ou não.

E o que está sendo negociado hoje vale muito pouco adiante, pois as decisões formais de apoio a este ou aquele candidato à Presidência podem ser contornadas regionalmente de acordo com interesses locais.

A máquina partidária do PMDB do Rio já está trabalhando para a candidatura de Aécio Neves, mas o governador Sérgio Cabral e seu candidato, Pezão, garantem que apoiam Dilma. Também o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, monta uma aliança com PSB e PSDB no Rio Grande do Norte, mas diz que apoia Dilma.

É possível que a presidente Dilma venha a ganhar os minutos de propaganda eleitoral deste ou daquele partido, mas perca a máquina partidária no campo de batalha eleitoral.

Da mesma maneira, os candidatos de oposição podem também começar a campanha com o apoio velado de grupos políticos estaduais, mas, se não demonstrarem capacidade de aglutinar a opinião pública, perderão esse apoio em meio à campanha eleitoral.


Começa a se delinear no horizonte uma traição em massa.”

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