Por Zezinho de Caetés
Como disse a Dilma ano passado que faria o diabo para ganhar
as eleições e seu ministro o Gilberto Carvalho disse neste ano que “o bicho iria pegar”, o demônio parece
que se sentiu ofendido e já começou a atuar na política brasileira, que é tão
bem resumida abaixo pelo imortal Merval Pereira, em artigo escrito para O Globo
(“Clima de Traição” – 20.03.2014).
Nem conviria falar em diabo nesta semana que comemoramos o
Dia de São José, que além de me dar o nome, meus pais diziam que a história de
que o inverno seria bom se chovesse em seu dia, não me parece bater com as
previsões meteorológicas. Tudo indica que o “general inverno” que tanto aporrinhou Napoleão vai aperrear mais a
presidenta, e sua união com o capeta para ganhar as eleições. Já existe
racionamento de fato embora ela não queira decretá-lo de direito.
Lembrei até de um tempo onde a SUDENE não era só um prédio a
ser tombado (parece que já foi pelo IPHAN) e atuava como órgão de
desenvolvimento regional, que todos os anos realizava reuniões e mais reuniões
para ver se a “seca” seria decretada
oficialmente ou não. Numa economia onde o Estado é um tumor imenso, maligno e
com metástase, que elimina toda possibilidade de aumento de produtividade, isto
é um fato relevante. Tudo gira em torno de decretos e não da realidade tão bem
captada pela iniciativa privada, quando é deixada funcionar. Não era a seca que
influía na economia e sim as leis e decretos. Muitos ineficientes ficaram ricos
assim, mamando nas tetas cheias e tenras do Estado e seus éditos ditos
desenvolvimentista. E a seca continua nos assolando.
Agora temos o problema do racionamento de energia. Para não
perder as eleições vão nos jogar nas costas (nós, contribuintes) o peso desta
decisão desastrada de nossa presidenta, cuja ação mais eficiente foi comprar uma refinaria que valia 42 milhões de dólares por 1 milhão e 300 milhões de dólares, e agora
acusa o Conselho da Petrobrás, que ela mesmo presidia, por não lhes apresentar
todos os papéis. O que ela poderia dizer? A verdade? Que é a ineficiência em
forma de mulher? Como então dizer que há necessidade de racionamento se ela e
seu criador, o Lula, se elegeram jurando de pés juntos que não fariam o que o
FHC fez, racionando a energia?
Como ainda se mantém esta corja petista no poder? Leiam o
texto abaixo e vejam apenas alguns motivos. Nossa vida política gira no “presidencialismo de cooptação” e não num
“presidencialismo de coalizão”. Dentro
dele o legislativo se torna inexistente como um poder independente, sendo
cooptado pelo executivo. A tentativa petista agora é cooptar o judiciário, e já
está conseguindo, fazendo da corte suprema um órgão ciclotímico, com o “condena” e “absolve” desenfreado. Acabou o crime de quadrilha no Brasil, quando
decidiram que os mensaleiros não faziam parte de uma quadrilha, porque não
encontraram um chefe. Restou apenas as quadrilhas de São João que o meu conterrâneo,
o Lula, o chefe, gosta tanto, como bom pernambucano, que passou a ser paulista.
Espero que não volte a Caetés.
Hoje, o quem dá mais da crise que dizem existir no
legislativo, na queda de braço com o executivo, não passa de uma questão de
cifras. Não se espantem que se até outubro forem criados mais uns 5 ou 6
ministérios para saciar a sede do “blocão” (que a cada dia se torna mais um “bloquinho”).
E o que sobrará para nós, brasileiros? Pagar mais caro por energia elétrica e
talvez ter que racioná-la, seja quem for o presidente da república no próximo
ano. Eu tenho ainda esperança que não seja do PT, porque, se for, ficaremos
muito mais tempo na escuridão.
Agora leiam o imortal Merval e meditem sobre o que poderá
nos acontecer se nada for feito para que nosso sistema político possa
funcionar. No presente caso da crise, estou adorando a traição, que é termo que
se dar a posições políticas nas quais impera apenas o “vil metal” tão apreciado por nossa classe política.
“O que esta crise política está demonstrando, mais uma vez, é que o
modelo de “presidencialismo de coalizão” que montamos no Brasil é na verdade
distorcido por adaptações que acabam transformando-o em um “presidencialismo de
cooptação”, como definiu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
recentemente.
O que começou com a compra de votos em dinheiro, denunciado o esquema
do mensalão, que recentemente foi a julgamento e saiu condenado moral e criminalmente,
passou a se dar através da entrega de ministérios e cargos em órgãos públicos.
A migração de políticos da oposição para siglas da base, que cresceram
à custa desses expedientes, enquanto a oposição míngua, é o resultado dessa
distorção.
Hoje temos a menor oposição numérica desde a volta da democracia,
apenas três partidos assumem esse papel: PSDB, DEM e PPS, e, pela esquerda, o
PSOL. Os demais estão na base governista.
A desestruturação cada vez maior dos partidos políticos e a sempre
ampliada base governista formam um agrupamento político sem coesão programática
que classifico de uma “maioria defensiva” para evitar convocações de CPIs ou
comissões de fiscalização. Como vemos agora, uma rebelião permitiu a convocação
de uma comissão para analisar o escândalo da refinaria da Petrobras em
Pasadena, nos Estados Unidos.
Mas a maioria governista já recomposta domina a comissão, o que garante
a proteção aos responsáveis, entre os quais se encontra a própria presidente
Dilma Rousseff, que aprovou a compra. A desculpa de que não tinha as
informações completas sobre o negócio coloca em xeque a atuação do Conselho da
Petrobras, que ela comandava.
O próprio aumento do número de ministérios colaborou para a redução da
importância deles, que se transformaram em grande medida em fontes de
negociatas. A utilização de parlamentares nos ministérios, prática exacerbada
em nosso “presidencialismo de coalizão", é um desvio de finalidade, como
se fôssemos um país parlamentarista, onde os programas de governo são defendidos
pelos partidos que ganharam a eleição.
Um parlamentar que vai para o Ministério abre mão de exercer seu
mandato como membro de um dos poderes da República geralmente para aceitar
papel secundário no outro poder, a maioria das vezes com interesses subalternos,
como está se revelando rotineiramente no governo Dilma.
Todos os políticos que se digladiam por vaga na Esplanada dos
Ministérios deveriam, em teoria, renunciar aos mandatos, como acontece na
maioria dos países democráticos.
O que parece uma vitória dos políticos ou recuos do governo central
nada mais é do que resultado de negociações por baixo do pano que inflam ou
esvaziam “blocões” à medida que os interesses de grupos são satisfeitos ou não.
E o que está sendo negociado hoje vale muito pouco adiante, pois as
decisões formais de apoio a este ou aquele candidato à Presidência podem ser
contornadas regionalmente de acordo com interesses locais.
A máquina partidária do PMDB do Rio já está trabalhando para a
candidatura de Aécio Neves, mas o governador Sérgio Cabral e seu candidato,
Pezão, garantem que apoiam Dilma. Também o presidente da Câmara, Henrique
Eduardo Alves, monta uma aliança com PSB e PSDB no Rio Grande do Norte, mas diz
que apoia Dilma.
É possível que a presidente Dilma venha a ganhar os minutos de
propaganda eleitoral deste ou daquele partido, mas perca a máquina partidária
no campo de batalha eleitoral.
Da mesma maneira, os candidatos de oposição podem também começar a
campanha com o apoio velado de grupos políticos estaduais, mas, se não
demonstrarem capacidade de aglutinar a opinião pública, perderão esse apoio em
meio à campanha eleitoral.
Começa a se delinear no horizonte uma traição em massa.”
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