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segunda-feira, 31 de março de 2014

A semana - A crise da Petrobrás e a consulta ao travesseiro




Por Zé Carlos

Hoje é o dia 31 de março. Já desfilei muito, quando estava no exército em homenagem à data comerativa do golpe, revolução, anti-revolução, quartelada, ou outro qualquer apelido que se possa dar a ela. Posso dizer que vivi estes últimos 50 anos sobre a influência da ditadura que se seguiu. Aqui não é a hora para escrever sobre o episódio e só toco nele porque o filme da última semana o cita, com a intenção de riso. Não chega a ser humor negro. Eu diria que é um humor colorido.

Penso até que o que deveria ser tratado não o foi. Terem achado um avião que se encontrava perdido há mais de uma semana. O motivo do riso seria, em plena época dos satélites espiões de tudo, passar-se tanto tempo para descobrir um objeto do tamanho de um Boing 777. Infelizmente, destroçado em tantos pedaços quanto a tão querida Petrobrás. E pelo que li e vi no filme esta semana, vai ser difícil juntar os pedaços de nossa maior empresa.

Como sempre, colocando o humor em primeiro lugar, o filme aborda o episódio do ponto de vista do tiroteio verbal entre situação e oposição, cada um querendo salvar o que resta de cada um, em matéria de ética. O que me lembrei quando vi as conversas de Aécio e de Vicentinho foi daquelas nossas brigas, quando crianças, lá em Bom Conselho, quando alguém acusava alguém de algum malfeito. “Você roubou a fruta do pomar de fulano, vou dizer a sua mãe.” Ao qual o outro respondia: “Se você disser, eu vou dizer também que você roubou duas e eu só uma.” E, como eu sabia, estavam os dois com a barriga cheia. Penso que as mães tem que investigar quantas barrigas houver, embora concorde que agora só dá tempo, até as eleições, de olhar a barriga do PT. Pelo que leio do caso da Petrobrás, há muita lombriga nesta barriga.

O problema todo, obviamente, são as eleições. Tanto a situação quanto a oposição já sabiam de todas as falcatruas. É aquela velha história tão conhecida que todos sabem e que, por algum motivo, ninguém pode falar. É muito difícil acreditar que a nossa presidente não soubesse de nada, como soe acontecer com outros, como eu, que não sabia de nada. De todas as maneiras ela entrou numa fria das piores para um político. Perdeu mais um pouco da credibilidade na área administrativa. Se coincidiu que isto fosse abertamente discutido em ano eleitoral, foi o seu azar. E agora a história de que a CPI tem motivos eleitorais, é risível. Só faltou alguns proporem que não poderia haver investigações em anos de eleição e decretar que neste ano todos são declarados inocentes. Se isto foi decretado para o apagão que ameaça o país por que não em relação à CPI? O governo pode tudo. Como todos sabem, as contas de luz só poderão ser reajustados em 2015. E isto realmente faz medo. Seja quem for o presidente, vai assumir o cargo pagando mais caro pela energia elétrica, se houver.

Enfim há muitos outros casos que nos levam a soluçar de tanto rir e que não foram incluídos no filme do UOL. Eu recomendo o filme para quem quiser ver o Aécio em seu novo visual de cowboy e os dentes novos do Vicentinho. Divirtam-se enquanto não falta luz.

Ia esquecendo de comentar um pouquinho sobre o deputado que renunciou porque comprava votos pagando em “ligação de trompas”. Ele disse que resolveu renunciar depois de consultar seus travesseiros. Sugiro a outros políticos uma consulta a este importante membro da democracia: seus travesseiros. Quem sabe seguiriam os seus gratuitos conselhos, como o fez o deputado? Será que foi com os conselhos dos travesseiros que as pessoas diminuíram suas avaliações da presidenta, o que, dizem deixou o mercado eufórico? Se foi, aguardem que virá em breve um aumento de preços deste útil utensílio doméstico.

“A denúncia de que a compra de uma refinaria em Pasadena, no Texas (EUA), foi um mau negócio para Petrobras provocou um tiroteio verbal no Congresso. A oposição reuniu assinaturas para criar uma CPI, e o governo procura formas de evitar estragos maiores em um ano eleitoral.
Nos 50 anos do golpe, saudosos marcham pela volta da ditadura enquanto um coronel confessa torturas e assassinatos cometidos naquele período.
E o deputado federal Asdrúbal Bentes (PMDB-BA), condenado por oferecer cirurgias de laqueadura em troca de votos, decide renunciar depois de “consultar” seus travesseiros.”


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