Por Zé Carlos
Hoje é o dia 31 de março. Já desfilei muito, quando estava
no exército em homenagem à data comerativa do golpe, revolução, anti-revolução,
quartelada, ou outro qualquer apelido que se possa dar a ela. Posso dizer que
vivi estes últimos 50 anos sobre a influência da ditadura que se seguiu. Aqui
não é a hora para escrever sobre o episódio e só toco nele porque o filme da
última semana o cita, com a intenção de riso. Não chega a ser humor negro. Eu
diria que é um humor colorido.
Penso até que o que deveria ser tratado não o foi. Terem
achado um avião que se encontrava perdido há mais de uma semana. O motivo do
riso seria, em plena época dos satélites espiões de tudo, passar-se tanto tempo
para descobrir um objeto do tamanho de um Boing 777. Infelizmente, destroçado
em tantos pedaços quanto a tão querida Petrobrás. E pelo que li e vi no filme
esta semana, vai ser difícil juntar os pedaços de nossa maior empresa.
Como sempre, colocando o humor em primeiro lugar, o filme
aborda o episódio do ponto de vista do tiroteio verbal entre situação e
oposição, cada um querendo salvar o que resta de cada um, em matéria de ética.
O que me lembrei quando vi as conversas de Aécio e de Vicentinho foi daquelas
nossas brigas, quando crianças, lá em Bom Conselho, quando alguém acusava
alguém de algum malfeito. “Você roubou a
fruta do pomar de fulano, vou dizer a sua mãe.” Ao qual o outro respondia: “Se você disser, eu vou dizer também que você
roubou duas e eu só uma.” E, como eu sabia, estavam os dois com a barriga
cheia. Penso que as mães tem que investigar quantas barrigas houver, embora
concorde que agora só dá tempo, até as eleições, de olhar a barriga do PT. Pelo
que leio do caso da Petrobrás, há muita lombriga nesta barriga.
O problema todo, obviamente, são as eleições. Tanto a
situação quanto a oposição já sabiam de todas as falcatruas. É aquela velha
história tão conhecida que todos sabem e que, por algum motivo, ninguém pode
falar. É muito difícil acreditar que a nossa presidente não soubesse de nada,
como soe acontecer com outros, como eu, que não sabia de nada. De todas as
maneiras ela entrou numa fria das piores para um político. Perdeu mais um pouco
da credibilidade na área administrativa. Se coincidiu que isto fosse
abertamente discutido em ano eleitoral, foi o seu azar. E agora a história de
que a CPI tem motivos eleitorais, é risível. Só faltou alguns proporem que não
poderia haver investigações em anos de eleição e decretar que neste ano todos
são declarados inocentes. Se isto foi decretado para o apagão que ameaça o país
por que não em relação à CPI? O governo pode tudo. Como todos sabem, as contas
de luz só poderão ser reajustados em 2015. E isto realmente faz medo. Seja quem
for o presidente, vai assumir o cargo pagando mais caro pela energia elétrica,
se houver.
Enfim há muitos outros casos que nos levam a soluçar de
tanto rir e que não foram incluídos no filme do UOL. Eu recomendo o filme para
quem quiser ver o Aécio em seu novo visual de cowboy e os dentes novos do
Vicentinho. Divirtam-se enquanto não falta luz.
Ia esquecendo de comentar um pouquinho sobre o deputado que
renunciou porque comprava votos pagando em “ligação
de trompas”. Ele disse que resolveu renunciar depois de consultar seus travesseiros.
Sugiro a outros políticos uma consulta a este importante membro da democracia:
seus travesseiros. Quem sabe seguiriam os seus gratuitos conselhos, como o fez
o deputado? Será que foi com os conselhos dos travesseiros que as pessoas diminuíram suas avaliações da presidenta, o que, dizem deixou o mercado eufórico? Se foi, aguardem que virá em breve um aumento de preços deste útil utensílio doméstico.
“A denúncia de que a
compra de uma refinaria em Pasadena, no Texas (EUA), foi um mau negócio para
Petrobras provocou um tiroteio verbal no Congresso. A oposição reuniu
assinaturas para criar uma CPI, e o governo procura formas de evitar estragos
maiores em um ano eleitoral.
Nos 50 anos do golpe,
saudosos marcham pela volta da ditadura enquanto um coronel confessa torturas e
assassinatos cometidos naquele período.
E o deputado federal
Asdrúbal Bentes (PMDB-BA), condenado por oferecer cirurgias de laqueadura em
troca de votos, decide renunciar depois de “consultar” seus travesseiros.”
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