Por Carlos Sena (*)
Hoje, dia 17 de janeiro de 2014,
a Rádio foi invadida. Invadida por sentimentos de natividade. Invadida de gente
jovem de todas as idades. Invadida pela boa invasão do que não é privacidade.
Invadida pela dignidade de sua gente de dentro e de fora. De dentro por parte
dos que aqui moram, residem e são felizes. De fora por parte dos que estão
noutras regiões do país, mas que nunca ficaram de fora. Sempre estiveram de
dentro. Porque a terra da gente é feito uma bola: tem dois lados. O de dentro e
o de fora. Quem está de fora, só assim se encontra no rótulo, nas atividades
laborais. Porque a rigor, os de fora e os de dentro se tornam um só quando o
quesito é amor à terra que lhes serviu de berço.
O sentimento de hoje na Rádio
Papacaça foi aquele da sedução idílica que só o útero das mães e das terras-mãe
tem condições de proporcionar. Porque a terra da gente é um pouco desse líquido
amniótico que os mantém vivos mesmo fora, depois que já fomos paridos pela vida
afora. Por isso, hoje a gente sentiu e
transmitiu esse sentimento. Com musica, como prosa e com poesia. Com lágrimas,
por que não dizer? Porque de prazer também as lágrimas nos correm nos olhos.
Melhor assim. Porque a vida em sua trajetória é um pouco dura e amarga, mas
nós, humanos, temos essa obrigação de a tudo transformar em doçura como já nos
lembrava Dom Helder: “devemos ser como a
cana – quanto mais moída trucidada, só temos que saber dar doçura” (grifo meu).
Assim somos nós – os de dentro e os de fora um pouco dessa trajetória de luta,
de simplicidade e de amor. Porque o resto vem por osmose. Detalhe: sempre
dentro dos princípios da honestidade, inteligência e merecimento.
Assim é a vida. Diferente no
grosso, mas toda igual no seu varejo. Porque da boca vem o escarro, mas vem
também o beijo; da mão o afago, mas o apedrejo, parodiando o poeta paraibano
Augusto dos Anjos. Porque a vida é ávida. E atrevida. No atrevimento dela, a
gente se atreve modificar o sujeito e se transformar em predicados; modificar a
substancia e deixar os substantivos concretos edificados não em pedra e
cal, mas em sabedoria e moral,
independente dos sujeitos intervenientes. Foi um pouco disso hoje, na Rádio
Papacaça. De graça e com raça.
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(*) Publicado no Recanto de
Letras em 18/01/2014
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