Por Zé Carlos
Dias atrás o meu amigo Zezinho de Caetés publicou aqui na
AGD um texto no qual me incentivava a declarar explicitamente a ideologia
política do Nick, o Cachorro de Botas,
que, segundo ele próprio (o Nick) não tem nenhum caráter. Faz sentido, porque ele
sabe que gosto muito de política, mas, como todos sabem, no sentido
aristotélico do termo, de que o homem é um animal político. E será que os
cachorros além de animais, são também políticos?
Até hoje, não indaguei diretamente a meu companheiro de caminhadas,
o Nick, sobre o assunto, mas prometo ao amigo Zezinho fazê-lo assim que
possível. Desta vez, em mais uma conversa que tive com ele, o assunto girou em
torno de um político, e só indiretamente sobre política. Embora eu tenha
certeza de que se feita esta última pergunta a ele ele diria que, sem dúvida,
sim, e talvez acrescentasse, para não perder a oportunidade de ser mau-caráter,
de que a recíproca também é verdadeira. Ou seja, ele responderia sim à
pergunta: Será que todos os políticos são animais cachorros? Esta pergunta
talvez deixasse até o Aristóteles em dúvida.
Mas, deixa esta questão para lá e adentremos na nossa última
conversa à qual o próprio Nick deu o mote:
- Oi Zé Carlos. Tudo
bom? Mais uma vez nos encontramos neste espaço público e venho atrapalhar um
pouco sua caminhada. Eu não aguento o seu ritmo.
Disse o Nick já sentando sobre as patas traseiras, e dele
acercaram-se os seus discípulos, os seu amigos cachorros da pracinha, e, que,
de não cachorro só tinha eu que disse:
- Você não me
atrapalha em nada, Nick. É sempre um prazer te ouvir, embora nem sempre
concorde com o que ouço. Diga a que veio.
Nick, agora se apoiando sobre os cotovelos, descansando o
corpo na areia, com um ar de noite mal dormida (ele me confidenciou depois que
havia encontrado uma cadela de quem ele gosta, mas, este assunto fica para
depois, pois eu a conheço também) e começou:
- Zé Carlos, o que
tenho de novidade é que recebi um e-mail do cachorro do Aécio, o Popó, de quem
nunca mais tinha tido notícia, porque ele está acompanhando o seu dono na
tarefa de cumprir o que prometeu ao avô de que um dia ele seria presidente da
república para continuar o que ele, o avô, não pôde fazer, quando deixou o
governo para José Sarney?
- Foi mesmo Nick? Sou
todo ouvidos!
- Agora eu lembrei do
cachorro do Sarney, o Sarna, que até agora não largou o osso deixado pelo
cachorro do Tancredo, do qual não me
lembro o nome, e que morreu da mesma doença do dono, pouco tempo depois. Embora
todos saibam que ele morreu de dor de barriga ao comer leitão a pururuca lá
prás bandas de Minas. Também, até hoje não se sabe de que o seu dono morreu,
quanto mais o seu cachorro. Alguns dizem que foi de uma mordida do cachorro do
Figueiredo, que estava com raiva. Ele tinha mesmo era raiva de povo, e mordia
todo mundo. Eita cachorrada danada.
- E o e-mail do
cachorro do Aécio, Nick?
- Ah! Sim. Vou te
fazer um resumo, e depois se você quiser eu lhe passo pelo Facebook, para você
curtir. Se quiser ser meu amigo é só ir lá, e você será o meu primeiro amigo
não canino. Sim, e lá vou eu desviando outra vez do assunto. O Popó, que eu não
sei porque este nome, o cachorro do Aécio, diz no e-mail que está desencantado
com o que estão dizendo sobre seu dono. Dizem que ele é um “baladeiro” de marca
maior e que foi pego pela polícia dirigindo embriagado, e até se recusou a
soprar o bafômetro. E que ele é que pagou o pato, pois teve que soprar por ele.
Coitado do Popó. Logo naquele dia que ele tomou o resto da bebida do dono. Ele
continua se defendendo das acusações, e obviamente, defendendo o seu dono. Afinal,
quem não quer herdar o osso da cadela da Dilma? Até eu! Pena que meu dono não
seja político.
- Nick, sinto muito
mas hoje estou apressado, e não posso ouvir sua história toda. Faz o seguinte
me manda uma cópia deste e-mail e eu lerei com cuidado e atenção.
- Tá bom, Zé Carlos,
eu mandarei. Seu endereço ainda é o mesmo?
- Claro que é Nick,
até mais ver!
No dia seguinte recebi a cópia do e-mail do cachorro do
Aécio, que transcrevo abaixo, apagando os endereços para evitar os spams da
cachorrada:
Para: Nick
De: Popó
Caro Nick, faz um
tempo que não nos comunicamos. Aproveitando esta facilidade nas comunicações,
que levou até aos cachorros ao seu uso, venho dar algumas notícias.
Hoje estou em Minas,
mas, não faz muito tempo, eu estive aí em Recife. O meu dono anda de conchavos
políticos com governador de Pernambuco, que agora também quer se candidatar a
presidente. Eles querem, de qualquer jeito desalojar a Dilma do Palácio do
Planalto. Eu fiquei alegre foi por encontrar com o cachorro do Eduardo, o Dudu,
que fazia tempo que não via. Era mais amigo do cachorro do seu avô, o Chapéu de
Palha, que o Eduardo ainda mantém em sua casa, mas, já está em idade avançada.
Dizem que ele brigava com o cachorro do
avô do Aécio, e eram lutas terríveis.
Contam até que o Tancredo, avô do meu dono, disse que na época que o MDB dele
não era o mesmo do Miguel Arraes, avô do Eduardo. Mas, em política...
Foi uma farra.
Primeiro fomos ao Palácio do Campo das Princesas que foi restaurado em toda sua
beleza. Espero quando tiver um tempo você apareça por lá. Eu sei, que se você
aparecer lá vai fazer o mesmo que eu fiz: fazer xixi no pé de uma cadeira onde
sentou o Maurício de Nassau. Marquei o território que era ainda do cachorro do
Moura Cavalcanti. Escolha outra cadeira por favor.
Ficamos só ouvindo a
conversa, eu e o Dudu, dos nossos danos. O Aécio dizia que estava preocupado
com a Marina e o Eduardo dizia que estava preocupado com a fama de “baladeiro” do meu dono. O Dudu, aquele
cachorro safado, ficou olhando para mim e disse, na cara de pau: “Todo
mundo sabe porque tu te chamas Popó!”. Fiquei danado de raiva, mas,
aguentei firme. Mas depois ele me paga. Deixa meu dono chegar no segundo turno,
que ele vem pedir arrego. Aí eu passo na cara dele que seu primeiro nome era
Preca. Deixa ele.
E a conversa rolou
até me deu vontade de fazer o número 2. Foi uma boa desculpa para o meu dono
sair de fininho e me levar ao jardim onde eu me aliviei. O bom da cachorrada é
que não tem responsabilidade da merda que faz e deixa para lá, para o dono
apanhar. E o Dudu também fez merda, embora longe de mim. Só nos veremos agora
no segundo turno, se todo o conchavo der certo. Tomara que dê, pois o Dudu
disse que seu dono disse que: ninguém aguenta mais 4 anos da Dilma. E quem sou
eu para discordar do dono do Dudu?!
Por hoje é só, caro
amigo. Se repassar este e-mail, por favor apague meu endereço.
Popó
Ainda não tive oportunidade de agradecer a gentileza do Nick
em nos autorizar a publicar o e-mail do Popó, mas, isto fica para nosso próximo
encontro na pracinha ou noutro lugar qualquer.
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