Por Zezinho de Caetés
Hoje reproduzo um pequeno e profundo texto do Sandro Vaia,
publicado no dia 08.03.2013 no Blog do Noblat, e o qual termina, como vocês
podem ver abaixo reclamando do raciocínio absurdo que, para elogiar alguns
avanços sociais na era do caudilho Hugo Chávez na Venezuela, de que para haver
justiça social deve-se sacrificar a democracia. E ele diz citando o que se vê
historicamente: “A prosperidade, a
equidade e as sociedades mais justas, são filhas da democracia e não do
autoritarismo.”
E se observarmos bem, as políticas sociais do Chávez apesar
de tontas como as atuações econômicas da nossa presidente, produziram alguns
efeitos que se pode até quantificar. Enquanto as escolas bolivarianas que
propunham tempo integral se tornoram um programa restrito, talvez porque
pudesse esclarecer o povo, as pensões, que são em sua maioria aposentadoria de
idosos, foram o maior sucesso, como a aposentadoria rural aqui.
Hoje as pessoas choram por Chávez, não pelo absoluto sucesso
dos seus programas sociais mas pelo populismo desvairado que tomava todo o
tempo de rádio e TV venezuelanos, com o caudilho a falar e a vociferar contra
inimigos inexistentes, como o Estados Unidos, por exemplo, com quem a Venezuela
tem um comércio exterior muito maior do que com o Brasil, a terra dos seus
amigos do peito.
E todos os programas sociais agora dependem, assim como a
economia como um todo, de fatores externos, como o preço do petróleo, que deu
condições aos Cháves de usar sua receita para financiá-los. O que não se sabe é
até quando isto continuará, pois se duvida da sustentabilidade do petróleo para
que haja continuidade. E isto vai se refletir também junto aos seus parceiros
no bolivarianismo, que tem como principal representante e mentor o Fidel
Castro, que sempre odiou Bolívar.
Eu concordo, e muitos que mais do que eu conhecem a América
Latina, com as palavras de outra analista do governo chavista que diz:
“O grande mérito de
Chávez foi tentar reduzir o histórico abandono da população pobre da Venezuela,
mas as políticas sociais não têm sustentabilidade fiscal, nem se consolidaram
como uma política de Estado. São ainda o velho assistencialismo paternalista.
O choro coletivo em
Caracas traz a marca de uma região que ou excluiu os pobres ou os atendeu com
políticas apresentadas como bondades de um “pai dos pobres”. Esse pêndulo entre
exclusão é manipulação é o maior erro histórico da América Latina.”
E antes de deixar você com Sandra Vaia eu digo que se não
tivermos cuidado, o novo país, através do discurso petista de erradicação da
miséria seremos os mais novos Perfeitos Idiotas da América Latina. Fiquem com o
Vaia que eu vou visitar a refinaria de Pernambuco a qual o Cháves ainda deve
muito e agora não pode mais pagar.
“Quem conhece os mistérios da alma humana? Quem é capaz de dizer por
qual razão os entes políticos tratam as pessoas comuns como um bando de
rematados idiotas?
A foto de Hugo Chávez todo coradinho ao lado de suas duas filhas lendo
uma edição do Granma, obviamente plantada aí por um photoshop , nao difere em
nada da foto do ditador Artur da Costa e Silva , de perfil, ao lado de sua
mulher Yolanda, vendendo saúde depois de um derrame, ou da foto de Tancredo
Neves como um ectoplasma, cercado por sua equipe médica alguns dias antes de
morrer. [a foto ilustra esta matéria]
Querem nos fazer crer que os políticos são imortais? Uma hora ou outra
eles acabam morrendo, como todo mundo, e quem tentou nos enganar sai de fininho
como se nunca tivesse estado aí.
Pois aí está. Apesar de a multidisciplinar doutora Dilma ter-nos
garantido, do alto de seus conhecimentos médicos, no dia 23 de fevereiro que “o
quadro do presidente Chavez não é preocupante”, ele morreu porque imortal não
era.
Não é decente nem digno festejar , como alguns fizeram nas redes
sociais, a morte de um ser humano, por mais pecados políticos que se possam
atribuir a ele. Também não é digno mentir às pessoas tentando esconder-lhes a
verdade.
Não chega a ser indigno, mas é
apenas patético,senão cômico, tentar atribuir o nascimento, a evolução e o
desfecho da doença a fantasmagóricas intervenções externas de supostos
inimigos, como se o vírus do câncer fosse uma arma química que um agente
secreto pudesse carregar na mochila.
Chavez morreu, novas eleições serão realizadas na Venezuela dentro de
30 dias, e apesar de todas as incertezas o vice-presidente de um voto só,
Nicolás Maduro, que conta com o apoio dos militares, deverá vencer sem muitos
problemas.
Chavez estava no início de seu quarto mandato consecutivo e sua morte
reavivou velhas discussões sem fim sobre se a Venezuela era uma democracia ou
não e sobre se ele fez bem ao seu povo ou não.
Caudilhos são caudilhos exatamente porque são amados por seu povo, e
são amados porque são carismáticos e distribuem benesses.
A democracia, nesses casos, principalmente na América Latina, passa a
ser um enfeite de prateleira, e o desrespeito às formalidades democráticas se
justifica, segundo seus defensores, por eventuais “avanços sociais” que venham
a ser conseguidos.
O raciocínio “ad absurdum” que passa a vigorar é este: quer dizer que
não dá para conseguir “avanços sociais” sem sacrificar a democracia ? Estão aí
as prósperas democracias do Ocidente para mostrar que essa é uma falácia.
A prosperidade, a equidade e as sociedades mais justas, são filhas da
democracia e não do autoritarismo.”
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