Por Zezinho de Caetés
Estamos vivendo a maior pantomima política de nossa história
moderna, e como sempre ela parte do meu conterrâneo Lula. O lançamento da
candidatura do poste, que ele diz que iluminou o Brasil (eu diria, talvez sim,
como a luz negra das boates de minha adolescência), para a eleição de 2014. E o
pior de tudo é que, pelo nanismo de nossa oposição isto pode até dar certo.
E já começaram as mentiras em doses cavalares: "Não herdamos nada, construímos tudo",
disse o poste quando o Lula acendeu seu interruptor.
E o pior de tudo é que, com o modelo populista que vem sendo
implantado no Brasil, todos são levados a acreditar nesta baboseira. A verdade é
escanteiada como uma bola que custa a voltar ao jogo, e enquanto isto o Brasil
começa a perder de goleada.
O texto da Dora Kramer no Estadão (dia 24/02/2013), que ela
chama de “Tudo pelo eleitoral”, e
que abaixo transcrevo, é uma análise lúcida e fria, dos problemas em que
estamos nos metendo, em futuro próximo, principalmente, se o poste ainda
continuar aceso a partir de 2014.
Todos os fundamentos erigidos por governos passados para que
a economia brasileira pudesse figurar como protagonista na economia mundial,
estão sendo dilapidados a olhos vistos, por todos, ou pelo menos para aqueles
que não comungam do projeto de perenização do lulo/petismo no poder.
Enquanto Cuba tenta sair, depois de 60 anos, das amarras do
Estado para dar aos seus cidadãos pelo menos o que comer, o Brasil tenta ir na
contramão da história, fazendo avançar o Estado, com o objetivo de dominá-lo em
prol da “elite” no poder.
Por falar em “elite”,
talvez o Brasil seja o único país do mundo onde alguém com figurinos de grifes,
que se tratam em hospitais caríssimos e tomam os vinhos mais finos, são
chamados de trabalhadores, enquanto os que trabalham e criticam seu “não trabalho”, são chamados de “elite”.
E para coroar a obra petista, ao ver que não haveria mais
como enganar os outros, pois todos os dias vamos ao supermercado e vemos os
preços e os impostos que pagamos, começaram a adulterar dados e até as contas
públicas. Daqui para começarem a tabelar preços e confiscar bois no pasto é um
passo. E voltaremos a viver todos os horrores de uma economia em perfeito
desequilíbrio.
E pensar que fizemos tanto esforço, mesmo contra o PT
anterior, que adorava a ética como meio para chegar ao poder e abandoná-la,
para que tivéssemos um economia estável, onde, pelo menos eu soubesse quanto
ganhava por mês porque nos deram um moeda, o Real. E isto pode ir de água
abaixo.
Depende de nós e ainda é tempo de dar um basta nisto tudo. E
nossa grande arma ainda é a informação. Usemo-la, pois eles já descobriram isto
e são capazes de tirá-la das nossas mãos. Fiquem com a Dora Kramer, que é uma
boa atiradora e acerta o alvo.
“Sob a direção da presidente Dilma Rousseff, efeitos especiais a cargo
do ex-presidente Luiz Inácio da Silva e aplausos da arquibancada, o Brasil está
assistindo à reprise de um filme cujo desfecho é conhecido: o prejuízo vence no
final.
Economistas, empresários e especialistas no tema vêm alertando para os
desacertos na condução da política econômica, para o excesso de
intervencionismo estatal, para os efeitos nefastos da manipulação de dados,
para o abandono, enfim, dos alicerces de uma estabilidade a duras penas
construída desde o início da década dos 90.
O governo não lhes dá ouvidos. Ao contrário: menospreza os alertas,
qualifica a todos como inimigos de um projeto de País "glorioso",
inovador e progressista. Nas palavras da presidente Dilma Rousseff, as críticas
decorrem da "falta de compreensão dos conservadores".
Na verdade, quem não parece compreender a distinção entre o que é bom
para o País e o que é bom para o partido no poder é o governo, com sua clara
opção por proporcionar satisfação imediata aos seus eleitores (reais e potenciais)
em detrimento das bases sobre as quais foi construído o edifício da
estabilidade.
Quais foram elas? Sistema de livre movimentação de preços, controle
fiscal e foco firme e constante no combate à inflação.
Da segunda metade do segundo mandato de Lula para cá houve uma clara
troca de prioridade. Deixou-se de lado o conceito de crescimento com
estabilidade para privilegiar o agrado ao eleitor a qualquer custo, notadamente
à chamada nova classe média que sustenta em alta a popularidade, obviamente rende
votos e assegura a sobrevivência política não só do PT, mas de todo o espectro
partidário de sua área de influência.
O preço congelado dos combustíveis agrada ao consumidor, ainda que
ponha em risco o desempenho da Petrobrás; a redução das tarifas de energia
agrada ao consumidor, ainda que leve a um aumento de consumo e comprometa as
empresas de energia; a interferência no Banco Central para forçar a baixa de
juros, mesmo quando seria necessária uma margem de autonomia para calibrar a
demanda, agrada ao consumidor de bens a prestação, mas põe em risco a meta de
inflação.
Preço baixo é bom e todo mundo gosta, mas tem um custo que não é
visível (ainda) ao público. Uma hora aparece, e da pior maneira possível. Como
para manter essa situação o governo tem que entrar com dinheiro, o resultado é
o aumento do gasto público, o descontrole fiscal. Daí para a volta de um
cenário de inflação alta, o perigo é concreto.
Trata-se de uma lógica populista que seduz o eleitor, rende vitória nas
urnas. Em contrapartida, planta as sementes do desajuste que, mais dia menos
dia, apresenta a conta.
Queira o bom senso que os atuais locatários do poder, a pretexto de
"construir" um Brasil de faz de conta em nome de vitórias eleitorais,
não levem o Brasil de volta aos tempos de desorganização interna, descrédito
internacional e aos malefícios decorrentes das concessões ao imediatismo que
provoca sensação de bem estar agora e adiante pode levar a pique o patrimônio
de todos.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário