Por Carlos Sena (*)
A vida é uma escola complicada. E
simples ao mesmo tempo. Ela se complica quando a gente acha que sabe muita
coisa; quando pensamos que por já não
ser mais tão jovem, tem o controle de muita coisa que nos cerca. Engano! Ela
nos dá rasteiras diversas que a gente, quando tá no chão, vai descobrindo que
talvez tenhamos faltado a várias “aulas” importantes. Mas ela (a vida) é
simples também e isso é fato. Simples quando a gente descobre que não adianta
querer vencer o tempo com as nossas vontades e, diante disso, pacientemente,
aprendemos que tudo tem seu próprio tempo. Mas essa lição de que tudo tem seu
tempo nem sempre nos foi (ou é) dada dentro da “sala de aula da vida”. Talvez a
compreensão dos tempos da existência aconteça nos estágios “extracurriculares”.
Esses, por assim serem, são intersubjetivos e vão requerer de nós vivência e
reflexão. Talvez requeira de nós uma dose maior de desprendimento, de
tolerância e perdão. Saber que tudo passa é uma lição básica que no vestibular
da vida nem sempre a gente acerta esse quesito. Duro é saber que nada sabemos e
que “seguro morreu de velho”... Mas mesmo isso tem o lado bom. O lado de que a
gente tem que viver a vida integralmente, a despeito das adversidades
interpostas e que nem sempre nós as conseguimos dominar ou lhe modificar o
rumo. Viver dá trabalho a despeito do que muitas vezes, filosoficamente,
tentamos dizer o contrário e nos culpar: “a vida é simples, nós é que a
complicamos”. Nem sempre nós a complicamos porque vivemos num mundo pluralizado
em que ninguém é igual a nós e vice-versa. Mas o outro lado desse prelado – o
“pelado” da vida é interessante. É o lado de dentro nosso de cada dia e de cada
noite. Por dentro somos como somos, ou não! Isso vai depender da forma como nós
fotografamos a vida pelo lado de fora, porque a vida em si mesma, pelo lado de
fora, não tá nem aí pra nós, pra nossa vida no lado de dentro.
---------------
(*) Publicado no Recanto de
Letras em 21/02/2013
Ninguém é igual a ninguém. Nem os gêmeos univitelinos. Assim, seria demais pretender que alguém fosse igual a nós. E já que "seguro morreu de velho, desconfiado ainda está vivo". - No início, quis me recusar a ler este texto, face ao seu título. - NÃO consigo digerir a conjunção ENQUANTO do jeito que ela foi posta acima. Mas, infelizmente, isso virou modismo, esnobismo e muitos outros ismos. Tudo começou, creio eu, no meio sindical. Depois, fez escola. - Fernando Henrique, quando foi presidente da República, quis mostrar mais o seu lado esnobe e assim escreveu, bestamente, do alto da sua pretensa sabedoria: "E saúdo nessa mobilização mais um passo do nosso avanço, ENQUANTO sociedade, na direção de formas mais civilizadas e solidárias de convivência." - Essa "pérola" é parte de um artigo de FHC, no Correio Braziliense. - E o destaque é meu. - Até o "Aurélio" atual, nos últimos tópicos, registra o ENQUANTO com essa acepção, citando um exemplo de Sílvio Elia. - Mas, nem só Sílvio Elia o faz. Hoje, esse tipo de construção faz moda e modismo no jornalismo e nos meios "intelectuais". - Ora, ENQUANTO liga orações, com ações que ocorrem ao mesmo tempo. É verbo com verbo e no mesmo tempo verbal. "Enquanto tu dormes, eu estudo." "Enquanto você trabalhava, eu dormia." - 2. Há poucos dias, troquei umas ideias com Tereza Halliday sobre esse uso tortuoso da conjunção ENQUANTO. Não sei se ela gostou ou não. Mas tudo se deu de forma muito civilizada, por óbvio. - E eu fico com: "A VIDA COMO ESCOLA." - Obrigado./.
ResponderExcluir