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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

E o ministro do trabalho, cai ou não cai?




Por Zezinho de Caetés

Hoje vi um texto que me chamou atenção pelo título: “Pagou, levou, dançou”. Ele é de autoria do jornalista Carlos Brickmann, e foi publicado no Blog do Noblat. Ele fala de mais um ministro que cai, e faz uma análise perfeita do que se passa no nosso processo governativo.

Eu ainda não havia tocado no nome do ministro do trabalho até agora, o Carlos Luppi, pois, esta semana ainda não havia escrito, a não ser para o Mural, que cabe muito poucas coisas. E o ministro só começou a cair mesmo no último fim de semana. Já é até previsível, e tão previsível, que quando vou às bancas, filar um pouco da Revista Veja no cordel, pois ela está pela hora da morte e ainda não pude assinar, o jornaleiro, às vezes diz:

- Seu Zezinho, parece que esta semana não vai cair ninguém pela Veja. Compre a Isto É, ou a Época. Quem sabe?

O problema do ministério do trabalho, apesar de todos terem sua importância, é mais importante porque ele passa pela questão sindical, e que é uma das peças chaves de um capitalismo moderno.

O capitalismo que imperou em grande parte de século XIX e parte do século XX, não sobreviveria num mundo onde a classe trabalhadora não tivesse lutado por alguns dos seus direitos,  até mesmo por sua dignidade como seres humanos. E um dos pontos básicos desta luta vem do sindicalismo. Ele faz parte de um capitalismo moderno, como o Estado também é uma peça chave, mesmo para os mesmos empedernidos liberais, entre os quais eu me incluo.

Aqui no Brasil e em outros países, principalmente da Europa, o sindicalismo tomou o caminho da “pelegagem” exarcebada, nos últimos anos, fazendo com que houvesse uma relação mais do que promíscua entre Centrais Sindicais e Governo, que, não se precisa ser um adepto da chamada “luta de classes” para concluir que os trabalhadores que entraram nesta estrutura emperrada, vivendo de impostos e das benesses do setor público, jamais poderão ser uma voz ativa em reformas fundamentais e que lhe afetam, como a da previdência e da CLT, para nossa modernização econômica.

E isto degringola para as manifestações feitas recentemente por centrais sindicais defendendo os atos de um ministro que se deixou corromper pela complacência com os subordinados mais próximo, dando uma de Lula de que não sabia de nada. Quanto a isto vale a penas citar o cientista político Bruno Rocha quando diz:

“O atual governo e o anterior, por terem boas relações com as centrais (regularizando-as por sinal), conseguem a proeza de domesticar o que restara de sindicalismo autêntico, aliando-se com os inimigos históricos, oriundos dos pelegos do sistema federativo. Esta é a face sindical do pacto pela tal da governabilidade, incluindo suas óbvias consequências.”

Hoje temos um imbróglio de proporções assustadoras, porque estamos vendo um governo que quer mostrar serviço dentro de um balde cheio de lama. E chega-se ao ponto, do ministro do trabalho dizer de forma pública e acintosa que não deixa o ministério nem a bala.

Como pode hoje se comportar a presidenta diante de tais desafios e desacatos quando ao mesmo tempo é acuada pelas Centrais Sindicais que vivem mamando nas tetas da república? Será que o ministro do trabalho, cai ou não cai?

Enquanto não sabemos leiam o texto do Carlos Brickmann e meditem o que poderá acontecer. Eu não voltarei, pois já estou indo para as bancas para ver quem será o próximo a cair.

Agora é o ministro do Trabalho, Carlos Luppi - aquele que, se cair e os jornais não noticiarem, ninguém vai notar. E por que ele está lá?

Pelo mesmo motivo que, de repente, o PCdoB virou um celeiro de especialistas em Esporte. Aquele pessoal que lia Mao Tsé-tung, citava o dirigente albanês Enver Hoxha e achava que o esporte era uma perda de tempo agora só pensa em bola rolando. Pelo mesmo motivo, também, que temos um Ministério da Pesca, ocupado por gente que não sabe a diferença entre uma minhoca e um barco.

Na raiz de tudo há uma distorção: boa parte dos políticos desistiu de fazer política. Hoje, seu ramo é a venda de apoio (que pessoas mais objetivas do que este colunista chamariam de chantagem): ou o Governo paga em cargos ou, quando precisar de algo no Congresso, terá de suar sangue e fazer jorrar benesses.

Agora, por exemplo, o Governo precisa renovar a DRU, Desvinculação das Receitas da União, sem a qual o orçamento não fecha. Por isso tem de tratar o PCdoB com toda a delicadeza, por isso tem de cuidar do PDT de Carlos Luppi com carinho, tem de criar ministérios que só servem para dar emprego e recursos a partidos.

Pois há outras ameaças no ar para o equilíbrio orçamentário: a PEC 300, que unifica em todo o país o salário dos policiais (o que é justíssimo, mas que não tem verba prevista); outro Projeto de Emenda Constitucional, a PEC 29, que destina uma porcentagem fixa do orçamento para saúde. O Governo tem de pagar.

Quando a imprensa pega, o alvo dança. Mas, até lá, leva o que lhe é pago.”

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