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terça-feira, 1 de novembro de 2011

Deveria Lula ir para o SUS?




Por Zezinho de Caetés

Quem participa das redes sociais, e eu o faço por dever de ofício, que é me informar, e hoje, o mundo virtual é mais eficiente do que papel para isto, já sabe que há em marcha uma campanha que alguns, os lulo/petistas, dizem que é horrorosa por brincar com a doença do meu conterrâneo, a qual exorta o próprio doente a se tratar no SUS.

Eu não tenho o que dizer, pela minha própria experiência, pois eu não teria nenhuma alternativa se me acontecesse a mesma coisa que está acontecendo com o Lula. Penso até que a D. Lindu não teve esta opção, pois naquela época o que se assemelhava ao SUS, em termos de serviços públicos de saúde, talvez fosse pior do que é hoje, e no caso de câncer realmente se morria em casa, era caso perdido.

O que me fez hoje sentar aqui e escrever sobre a doença do Lula, não é propriamente a doença e sim seu tratamento, e apresentar um texto que me pareceu muito interessante em sua interpretação do fato.

Eu, pessoalmente, não me engajarei nesta campanha, deixando a minha mais abrangente, contra a corrupção, que, se não fosse tanta o Lula nem pensaria em ir para a iniciativa privada tratar seu tumor, pois os serviços de saúde poderiam ser muito melhores. E não me engajo pelos mesmos motivos expostos pela Lucinha Peixoto em seu blog e nos comentário ponderados que faz em outros blogs. Desejar que o Lula se trate no SUS é a mesma coisa que levar o revólver para o Getúlio na noite do suicídio. Seria morte certa do meu conterrâneo e eu não desejo isto.

O meu desejo é que Lula seja julgado não só pela história, mas, pela sua ainda pouca idade, pelos eleitores deste país, quando descobrirem o que ele fez e continua a tentar fazer com ele. Ele morto só perpetuaria o mito que se criou em torno dele, e que a história demora para descobrir. Portanto, quero ele “vivinho da silva”, e até sem barba, se ele preferir não criá-la depois do tratamento.

Hoje encontrei no Blog do Josias de Souza um texto que merece ser lido, pois coloca os pontos chaves para não tentar se culpar aqueles que se engajam na campanha, tendo como base as próprias falas e atitudes políticas tanto do Lula quanto da Dilma, que, fazendo uma eterna campanha eleitoral, mistificam o sistema de saúde brasileiro, igual ao próprio ministro atual, o faz.

Então não se pode nem dizer que o povo que se engaja na campanha “Lula,  vai para o SUS”, pode estar desejando a morte dele, como os mais esclarecidos sabem que vai ocorrer. Há alguns que realmente querem a morte de Lula, e são da mesma laia daqueles que queriam a morte de Mário Covas, ou mesmo do José de  Alencar. Mas, há aqueles que acreditam que indo para o SUS, seria uma grande oportunidade de o Lula mostrar que estava falando a verdade quando falava do sistema de saúde.

Eu não acredito nisto, mas, se ele topasse, indo na onda do atual ministro da saúde, e saísse vivo, eu até votaria nele em 2014. Mas, o Lula não é burro.

Mas fiquem com o texto do Josias de Sousa e reflitam, se irão para o SUS ou,  se puderem, irão para um hospital privado se tiverem a mesma doença. O título do artigo é “Lula serve de inspiração para campanha ‘Lula no SUS’”, e foi publicado hoje, em seu blog.

Além do câncer, Lula enfrenta um ataque que se propaga como uma metástase nos comentários de blogs e nas redes sociais. Alastra-se pela internet uma campanha para que o ex-soberano realize no SUS o tratamento contra o câncer de laringe diagnosticado no sábado.

Principal antagonista político de Lula, Fernando Henrique Cardoso apressou-se em defendê-lo: "Não endosso isso", disse, na noite passada. Para FHC, Lula não deve ser alvo senão de "solidariedade nesse momento de dificuldade".

Declarou que deseja que o rival "se restabeleça prontamente." Realçou que é imperioso "respeitar a saúde."

Em meio à polêmica, o ministro petê Alexandre Padilha (Saúde) veio à boca do palco para enaltecer a "qualidade" da assistência oncológica provida pelo SUS. Jactou-se de ter elevado em 22% o investimento no combate ao câncer. Em 2010, a pasta da Saúde aplicara R$ 1,8 bilhão. Vai fechar 2011 com R$ 2,2 bilhões.

Em texto veiculado no blog do ministério, Padilha disse que cresce o número de procedimentos oncológicos realizados na rede hospitalar pública.  Em 2003, ano inaugural do primeiro reinado de Lula, contabilizaram-se 19,7 milhões de intervenções contra o câncer. Em 2011, estima-se que chegarão a 27,8 milhões.

O número de cirurgias contra o câncer saltou de 67 mil em 2003 para 94 mil em 2011. Curiosamente, Padilha forneceu matéria prima para a campanha ‘Lula no SUS’. Inquirido sobre o tratamento de Lula, a quem serviu como ministro das Relações Institucionais, Padilha falou de “preconceito”.

Referiu-se à reação emocional que o câncer costuma atear nas pessoas. Não falou do 'pé atrás' que levou o ex-chefe a tomar distância dos leitos públicos: “O presidente Lula, que já enfrentou tantos outros preconceitos, da forma como ele está lidando com o tratamento, vai superar mais um preconceito, sobre o cancer. Às vezes, as pessoas têm até medo de falar o nome da doença. O câncer tem cura.”

O ministro voltou a pegar em lanças pelo SUS: “Mais de 2,5 milhões procedimentos para o tratamento de câncer são feitos por mês no Sistema Único de Saúde. São quase 30 milhões de procedimentos por ano. Muitas pessoas estão se tratando de câncer no país e se curando.”

No miolo da notícia que a assessoria de Padilha pendurou no blog da Saúde, anotou-se: “O tratamento ao qual o ex-presidente está sendo submetido também pode ser realizado pela população em geral no SUS.” Será?

O Tribunal de Contas da União realizou inspeção no sistema público de tratamento oncológico. O resultado fulmina o lero-lero do ministro e ajuda a compreender as razões que levam Lula a fugir do SUS.

O TCU reforçou um diagnóstico conhecido: no SUS, o tratamento de câncer chega tarde e é ineficiente. Verificou-se que, em 2010, pelo menos 58 mil pacientes pobres foram privados de sessões de radioterapia na rede pública. Cerca de 80 mil pessoas deixaram de realizar cirurgias oncológicas requeridas pelos médicos.

Nos hospitais públicos, a fila da quimioterapia sujeitou a clientela a uma espera média de 76 dias. Apenas 35% dos pacientes foram atendidos no prazo mínimo estipulado pelo Ministério da Saúde: 30 dias. Na fila da radioterapia, o suplício é maior: espera de 113,4 dias. Registraram-se escassos 16% de atendimentos no primeiro mês pós-diagnóstico.

Conclui o TCU: o SUS "não está suficientemente estruturado para assegurar atenção oncológica adequada para toda a população que dela necessita."

Como se vê, a campanha inaugurada contra Lula na web, além de impiedosa, é injusta. O ex-soberano revela-se um sábio ao socorrer-se no Sírio Libanês. Nenhum brasileiro com a saúde financeira e mental em dia faria diferente.

Ironicamente, deve-se a Lula a inspiração que embala a nefasta cruzada anti-Lula que contagia o cristal líquido dos computadores. Na Presidência, Lula disse que o SUS estava muito próximo da “perfeição”. Ao inaugurar uma unidade de pronto atendimento em Pernambuco, queixou-se de rouquidão. Disse que falaria pouco, para não se tornar o "primeiro paciente" do posto. Na sequência, entregou-se à pilhéria. Declarou que as instalações eram tão convidativas que dava vontade de ficar doente (reveja abaixo).

Já fora do cargo, Lula permitiu-se, de novo, brincar com a mãe de Caetano Veloso, que havia se internado num hospital privado de Salvador para tratar-se de uma crise respiratória. Em visita a dona Canô, Lula disse, entre risos, que ela deveria ter chamado o SAMU, serviço de atendimento emergencial móvel do SUS.

Abalroado pelo câncer, Lula esqueceu a “perfeição” do sistema público. Telefonar para o SAMU? Nem pensar. Melhor correr para o Hospital Sírio Libanês, um dos mais bem aparelhados da América Latina.

Há três meses, Dilma Rousseff, outra paciente ilustre do Sírio, mudou o nome de um hospital público de São Paulo. O Instituto Nacional de Câncer passou a chamar-se José Alencar. Homenagem ao ex-vice-presidente e ex-cliente do mesmo Sírio.

Declarações como as do Lula pré-câncer e gestos como o de Dilma pós-linfoma, combinados à trava que o governo impõe no Congresso ao projeto que regula os investimentos no SUS, movem a turba da internet. A rapaziada sente-se como que autorizada a gritar: “Se é tão bom, se beira a 'perfeição', se serve de pretexto para homenagear o Alencar, queremos o Lula no SUS!”

2 comentários:

  1. EM UM BATE PAPO INFORMAL MOLHADO POR ALGUMAS CERVEJINHAS ESTUPIDAMENTE GELADAS QUE MANTIVE COM O MEU MESTRE E GURU “MISTER CARCAJU”, CHEGAMOS A UM COMUM ACORDO DIANTE DE UMA ESDRÚXULA CONCLUSÃO. NÃO É QUE, PASSOU PELA DELE E PELA MINHA CABEÇA TAMBÉM QUE CONFESSO FIQUEI UM TANTO QUANTO PARANÓICO: PODERIA ALGUÉM ESCONDER A PRÓPRIA DOENÇA POR ALGUM TEMPO, ESPERANDO REVELÁ-LA NO MOMENTO APROPRIADO, PARA CAPITALIZAR ATENÇÕES OU PARA DISTRAIR O FOCO DO NOTICIÁRIO?!?!?! SERIA POSSÍVEL TAMANHO CÁLCULO E FRIEZA?!?!?! COM A PALAVRA OS DEUSES DA CAFAJESTICE...

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