Por Zé Carlos
Não há coisa mais gratificante do que fazer a página “Deu nos Blogs” aqui na AGD. É um bom exercício de leitura, reflexão e escolha. Algumas vezes, com a agitada empreitada de jornalista bissexto, temos que dá uma parada e ler coisas que sabemos que não interessam muito aos outros e simplesmente não devem ser publicada na referida página.
Há muitos e muitos anos atrás eu fui estudar fora do Brasil. Quando decidimos fazer isto as escolhas ficam limitadas pela sobrevivência material, e quando já temos família, as opções se estreitam mais ainda. Entretanto, dentro destes limites fui parar num cidadezinha inglesa que se chama Canterbury (em português traduzem por Cantuária). É como se diz por aqui, uma cidade pequena, porém decente.
Nestas minhas incursões bloguísticas encontrei uma postagem no Blog do Noblat enviada pela Maria Helena Rubinato, intitulada “OBRA-PRIMA DO DIA (SEMANA DAS CATEDRAIS GÓTICAS)”, falando sobre a Catedral de Canterbury. Leiam o texto vejam as fotos e eu os vejo depois.
“A Catedral de Canterbury é História viva e não pode ser descrita em poucas linhas. Seu título oficial é Cathedral and Metropolitical Church of Christ at Canterbury.
Catedral de Canterbury (Foto do artigo) |
Santo Agostinho (não confundir com Agostinho de Hipona), o primeiro Arcebispo de Canterbury, desembarcou na costa do condado de Kent em 597 d.C.
O rei Ethelbert consentiu que ele pregasse numa pequena igreja dedicada a São Martinho. (Essa igreja, local de veneração durante a ocupação da Inglaterra pelos romanos, é a mais antiga igreja inglesa e até hoje está em atividade).
Catetral de Canterbury - Vitral (Foto do Artigo) |
Elevado a arcebispo pelo papa Gregório Magno, Agostinho estabeleceu sua sede dentro das muralhas romanas da cidade e ali ergueu sua catedral. O edifício foi extensivamente ampliado pelos Saxões e quase inteiramente reconstruído pelos Normandos, em 1070, após um grande incêndio.
Nos últimos 900 anos muitos acréscimos foram feitos, mas ainda vemos parte do coro e alguns vitrais que datam do século XII. Da época normanda, partes da parede norte da nave transversal e a escadaria dos peregrinos.
Catedral de Canterbury (Foto do Artigo) |
As catedrais eram edifícios eclesiásticos, mas também local de reunião dos habitantes e peregrinos que ali aportavam. Na verdade, a distinção entre estado e religião é noção da Idade Moderna. Quando a crença era uniforme entre os habitantes de uma cidade, como durante a Idade Media, a ação do estado incluía a religião.
Os bispos e abades eram como barões feudais, tinham jurisdição civil. As catedrais eram o grande ponto de encontro da cidade e de toda a região à sua volta.
A bela igreja sofreu durante a Guerra Civil dos anos 1640, vitrais foram estraçalhados e seu interior serviu como abrigo para cavalos. Foi restaurada no final do século XVII.
No decorrer da II Guerra Mundial, a área em torno da catedral foi seriamente atingida e perdeu-se a biblioteca.
A Catedral de Canterbury é um local de devoção. É a Igreja Mãe da Religião Anglicana e um verdadeiro livro de História. Portanto, não é de espantar que na literatura inglesa duas obras-primas a tenham como tema:
“Os Contos de Canterbury”, de Geoffrey Chaucer (Sec XVI), considerado o formador do idioma inglês contemporâneo, narra a trajetória de 29 peregrinos que se dirigem a Canterbury para rezar no santuário de São Thomas Becket, o arcebispo assassinado dentro da catedral, em 1170, por partidários do rei Henrique II de Inglaterra (abaixo, vitral que retrata o mártir).
E “Assassinato na Catedral”, de T.S.Eliot, cujo tema é o martírio de Thomas. Escrita na época do crescimento do nazismo, a peça lida com a oposição do indivíduo à autoridade e é um libelo contra a subversão que o regime nazista fez dos ideais da Igreja Cristã.”
Eu fico até com vergonha de dizer que a maioria das informações acima eu desconhecia, apesar de ter passado e entrado nesta Catedral centenas de vezes. Mas, é assim mesmo. Ela hoje virou um monumento para turista ver, e, quando isto acontece os próprios habitantes param de frequentar. E eu fui um habitante lá por 4 anos. Esta bela Catedral virou parte de minha paisagem particular e não turística. Talvez tenha acontecido o mesmo com as belezas das Igrejas de Bom Conselho, que enquanto estava lá, eu só via o padre.
Quase 20 anos depois eu voltei à cidade e tive o prazer de me hospedar num hotel vizinho à Catedral de Canterbury. E agora, meus olhos já eram de turista. Vi coisas que durante os 4 anos eu não vira e fiz até filmes que foram aproveitados por colegas meu da CIT Ltda, que hoje só existe na internet.
Catedral de Canterbury (Foto minha) |
Foi uma festa de beleza e magia quando, ao entrar em sua nave parece estarmos contemplando mais de 1000 anos de história. Tudo na cidade gira em torno dela e de seus muros, que antes abrigavam toda a cidade.
No entanto, o melhor desta última viagem foi visitar como turista a casa onde morei por 4 anos e vi minhas filhas aprenderam uma segunda língua, quase ao ponto de não mais nos comunicarmos, pois inglês eu nunca aprendi de verdade. Acredito agora no que me dizia um colega que: “Papagaio velho não aprende a falar”. Eu digo que aprende para pedir comida, depois esquece, e fica só esperando ter fome outra vez.
Portanto, se alguma coisa de bom posso desejar aos que conseguiram me ler até aqui, é que, quando forem a Inglaterra visitem Canterbury. Da Catedral não há como escapar, é o “point”, mas se tiverem um tempo, visitem o local onde ficava o escritório da CIT Ltda, e, por que não? Visitem uma rua típica inglesa e batam no seguinte endereço: 23 Bramshaw Road. Quem sabem o meu espírito os atenda!?
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