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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

OS VENTOS DE AGOSTO





Por José Antonio Taveira Belo

Nas minhas andanças pela malfada Avenida Guararapes, tão maltratada e suja, sem nenhuma providencia por parte da Prefeitura da Cidade do Recife de restabelecer o glamour que era este logradouro público em décadas passadas, hoje, vive no abandono ao “Deus dará”.

Encontrei no meio daquela bagunça, vários livros estendidos no calçadão em cima de uma lona preta e outros presos no gradil da porta do edifício que era o INPS, o uma relíquia que a tempo procuro o pequeno e grande livro “Os Ventos de Agosto – Artigos e Crônicas – 1996 - do imortal acadêmico da Academia Pernambucana de Letras, POTIGUAR FIGEUIREDO MATOS, ocupante da Cadeira nº 21, tendo como patrono o fundador da APL, o acadêmico CARNEIRO VILELA, organizado pela jornalista Leda Riva e do jornalista e escritor garanhuense Romildo Maia Leite.

 Não me fiz de rogado e apanhei e com cinco reais levei-o para casa, olhando para alguns pedintes deitados sob a marquise da fétida do Edifício Trianon e crianças de dois e três anos correndo de um lado para outro brincando com uma bola de meia, que tristeza.

Li de imediato as crônicas e artigos deste grande intelectual pesqueirense do Professor Potiguar Matos, todas elas belíssimas que lembram os grandes fatos acontecidos no seu tempo, e despejados para os apaixonados pelos belos escritos. Muitos artigos ou crônicas me chamaram a atenção, senão todos eles, mais alguns merecem uma melhor apreciação, já que sou fã de carteirinha de outro imortal norte-rio-grandense, pernambucanizado como ele mesmo afirmava, o professor, político, jornalista, escritor o Doutor NILO PEREIRA, in me morim, quando comecei a copiar os textos de suas crônicas publicadas no Jornal do Commércio, intitulado “Cartas Avulsas” e ai fui à procura destes periódicos mais antigos no Arquivo Público de Pernambuco, na Rua do Imperador e lá encontrando esta figura simplista e generosa que me acolhei o nada mais e nada menos deste membro da Academia Pernambucana de Letras, o acadêmico POTIGUAR DE MATOS. A partir daí, começamos a nos falar, quase que diariamente, no seu trabalho, e muitas das vezes fui até o CASARÃO da ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS – APL, na Avenida Rui Barbosa presenciar algumas cerimônias a acontecer nas tardes e nas noites quentes do nosso Recife.

Recebi deste grande acadêmico algumas REVISTAS DA ACADEMIA PERNAMBUCANA DE LETRAS as quais guardo com grande carinho. Muitas das vezes o encontro na companhia de outro acadêmico notável, o VLADMIR MAIA LEITE, garanhuense sempre com o cigarro nos dedos garimpando na Praça do Sebo, onde se encontra a escultura do acadêmico MAURO MOTA incluída no Circuito da Poesia, e que neste dias é comemorado o centenário de nascimento.

Trago para vocês um texto escrito pelo admirável Potiguar de Matos, dirigida ao ilustre acadêmico Nilo Pereira. Aprecie.

NILO PEREIRA – Saudemos mestre Nilo Pereira, que no dia 11 deste dezembro tão trepidante está completando suas verdes oitentas primaveras. É dia de alegria para os seus múltiplols amigos, vê-lo desafiar a idade provecta, forte, em pleno domínio de sua lúcida inteligência, enfrentando um regime de vida que amedrontaria muito jovem, com coluna diária nos jornais, conferências sobre temas os mais provocantes, escrevendo livros (é de agora a sua biografia excelente do jornalista e empresário Pessoa de Queiroz), dirigindo projetos culturais, presença assídua na Academia Pernambucana de Letras, onde sua palavra é sempre um presente régio. A idéia que se tem é de que o tempo, biblicamente, parou sobre o escritor sempre jovem.

Saudemos mestre Nilo Pereira, toda uma vida dedicada à cultura, ao serviço de nossa terra, norte-rio-grandense pernambucanizado, o sangue misturando águas do Ceará - Mirim com o nosso Capibaribe. Suas idéias, bandeiras e fé estão em dezenas de livros, nacionalmente reconhecidos, com prêmios dos mais altos. Sua sabedoria formou gerações nos bancos colegiais e nas salas de aula das Universidades. Quem saberá a extensão desse trabalho? O professor é um semeador de chãos desconhecidos. De chãos incógnitos, só o futuro dirá do destino da semente. Homem de geração de 30, Nilo Pereira, viveu um Brasil em processo de transmutação bruscas e choques desnorteantes. Sustenta-se na imensa confusão de valores agarrado à velha fé cristã de seus antepassados, a fé que veio de raízes, transmitida com a língua e o leite materno, a boa fé, talvez, permitam-me o registro nostálgico, já mais uma resistência de poucos do que a fortaleza de todos.

Saudemos mestre Nilo Pereira, que se ficou no desafio áspero do Nordeste, quando mais fácil lhe teria sido correr atrás das maravilhas do Sul. Pouco importa que tenha pago e continue pagando o preço dos que fazem cultura nas nossas difíceis circunstâncias, ilhados pelos privilégios dos mais ricos, esquecidos pelas agências poderosa de auto-endeusaamento, tão próspera em outros meridianos. Pertence a família admirável de juazeiro, pouco importando a insídia geográfica, sempre verde, fincado em sua terra como um padrão de vitória.

Por que não se fazer uma antologia do seu pensamento, levando-a às gerações mais jovens, para que o discutam e assimilem? Mesmo quando discordamos, Nilo Pereira ainda ensina, pela elegância do debate, o bom gosto posto em cada palavra, o respeito quase religiosos ao gênio da língua. É simultaneamente, um escritor de elite e um escritor do povo. De clareza meridiana, a que não faltam sal e pimenta, a presença de Eça caminhando em entrelinhas famosas, Nilo Pereira, um savant da Universidade, sabe ser, também, o comunicador cativante do dia-a-dia, escrevendo para todos.

Saudemos mestre Nilo Pereira, numa data qu4e na não é só dele e dos seus, pertence a todos nós, de Pernambuco.
09/12/89.

Tantos outros companheiros foram citados neste pequeno e grande livro por Potiguar de Matos, em suas crônicas e em seus artigos, e valorizando o seu torrão natal, escreveu “Tempo de Pesqueira”. 

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